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Jungkook p.o.v.

O despertador tocou as sete da manhã em ponto, como em todos os dias da semana e o preguiçoso deste ser, como sempre, não teve a mínima vontade de se levantar da cama. Como trabalho na empresa do meu pai, tenho de me levantar sempre cedo para trabalhar. É bom sinal ter um emprego garantido e com boas visões para o futuro, mas trabalhar com família não é fácil.

O meu pai herdou a empresa do pai dele e o meu destino é o mesmo. Venho de uma família de aparências em que tudo tem sempre de estar perfeitamente apresentável e organizado o suficiente para causar uma ótima impressão. Sou daquelas pessoas que assim que nasceu tinha a vida toda planeada e infelizmente não foi por si.

O meu pai é um homem de negócios, de grande influência na sociedade e claro que o seu filho teria de seguir os seus passos. Quando era criança isso não me incomodava, estava mais preocupado em crescer e aproveitar cada fase da vida. Menos quando sentia que os meus pais estavam a cortar-me a liberdade. Não podes ir ali com estas pessoas porque o que será que os outros vão pensar?

Não andes com esses teus amigos, não são gente do teu nível. É claro que não podes trazer a tua namorada aqui a casa, esperamos que tenhas um namoro a sério com alguém decente. E por aí fora.
A verdadeira bomba veio quando aos 16 anos eu me apaixonei por um amigo meu que frequentava a minha casa frequentemente por ser filho de uns amigos dos meus pais.

Estávamos a jogar videojogos quando eu tentei dar um beijo no menino e ele me deu um grande soco bem no meio da minha cara. Pois, a vida não foi muito minha amiga não. Eu era um miúdo que estava a tentar perceber que tipo de pessoas eu gostava e morri de vergonha e medo até ter coragem de dar aquele beijo. É claro que a minha mãe veio a correr perguntar o que se passava e quando descobriu foi a chorar contar ao meu pai.

Mais um soco na cara do Jungkook, mas tudo bem. Eu desculpei-me aos meus pais e disse que tinha sido apenas uma brincadeira parva que não se voltaria a repetir e nunca mais voltaria a ver o menino. Friamente obriguei o meu coração a contráriar o que ele queria durante muito tempo. Assim que fiz 18 saí de casa, por muito dificil que tenha sido convencer a minha mãe a deixar-me sair. Comecei a viver sozinho até agora que tenho 22.

Foi um alívio poder viver sozinho, ter o meu espaço e a minha vida. Sem ninguém a impor nada. Quando estou em casa posso ouvir a minha música e gritar o quanto me apetecer. Posso chamar os nomes que eu quiser aqueles filhos da mãe que passam o dia a falar de tudo e todos. Que olham mal para toda a gente a procura de uma pequena falha para poderem julgar. Posso ser eu em casa.

Todos os dias oiço os sermões do meu pai, seja pelo que for. Seja por culpa minha ou dos outros, acho que ele não consegue lidar com a frustração de não poder ter tudo perfeito como ele quer.
E eu não sei por mais quanto tempo aguento viver nesta frustração de sentir a todo o momento que não posso ser eu.
Depois de mais uma crise existencial a pensar em como me sinto uma merda por não ser capaz de me impor e me aceitar, decidi ir sair.

Hoje seria uma noite para esquecer a merda da sociedade, para esquecer os padrões, para esquecer o que tenho de ser e o que tenho de fazer. Hoje seria a noite em que eu ia libertar-me disto tudo, embora eu soubesse que me ia levantar na mesma no dia seguinte para me enviar de novo na boca do lobo. Depois de engolir alguns copos de uma bebida qualquer cara que encontrei numa das minhas gavetas, fui procurar a zona dos bares.

Entrei no primeiro que encontrei, todos me pareciam iguais, música alta, luzes, pessoas bêbadas e a comerem se por aí. Eu estava farto, tão farto de me prender. Tão farto de viver uma mentira. Estava tão bêbado já que agarrei a primeira menina que me apareceu a frente. Por incrível que pareça ela não protestou e queria beijar-me de novo, mas eu impedi.
Ela olhou-me com cara de indignada e virou-se para se ir embora.

Transei Com O Chefe Onde histórias criam vida. Descubra agora