QUATRO DIAS ANTES
PUKAT, KIZUR - 17h09'
- Lobo para Amazona. Está na escuta? Câmbio. - Nathan diz ao ouvir o chiado do radiocomunicador. Os olhos estão atentos aos arredores, contrastando com a postura relaxada dos pés apoiados no painel do jeep militar, que já tão natural nas ruas da cidade, não chama mais nenhuma atenção. Já faz sete anos desde que os soldados e comboios militares se misturaram a paisagem do país, graças a coalizão de forças enviada pela ONU para intervir na guerra civil.
Assim como a maioria dos conflitos, tudo começou com uma disputa política, quando o partido tradicional de Instauradores da República, depois de seis décadas direta ou indiretamente no poder, não aceitou a segunda derrota seguida nas eleições presidenciais. Estranhamente, no evento de posse do novo presidente, houve um atentado.
Membro de um partido jovem, de ideias progressistas e reeleito com boa vantagem sobre o segundo colocado, o presidente foi assassinado por uma bomba implantada no equipamento de som do palco onde faria o discurso de aceitação, acionada assim que o microfone foi ligado.
Seguindo as leis do país, o político substituto a assumir o cargo foi o segundo candidato mais votado nas eleições - um Instaurador. Não foi preciso muito esforço para que a população conectasse o acontecimento ao partido. No dia seguinte as ruas já estavam tomadas por passeatas de luto, manifestações e gritos de ordem, exigindo a investigação imediata do atentado e a convocação de novas eleições.
O que no começo não passavam de teorias conspiracionistas foi confirmado três meses depois. O resultado da investigação declarou a explosão como não acidental, apontando os nomes dos três criminosos que se infiltraram no evento como técnicos a fim de implantarem o explosivo. No dia seguinte a divulgação da perquirição policial, um novo choque: uma reportagem investigativa exibida no telejornal de maior prestígio no país relacionou a empresa responsável pelos equipamentos de som a um dos membros do partido dos Instauradores. Além disso, documentos conseguidos pelos repórteres através de fontes anônimas ligaram o dinheiro pago aos terroristas até contas bancárias no exterior, todas em nome de figuras importantes da elite do Kizur, abertamente apoiadoras do partido ou companheiros de negócios de seus membros.
As ruas, que meses depois do ocorrido já haviam se acalmado, fervilharam novamente em manifestações. De norte a sul do país, e em especial na capital, Pukat, filiados e simpatizantes de partidos opositores, assim como membros da sociedade civil, foram a luta em busca de justiça. Dessa vez, no entanto, o governo não deixou barato.
Em questão de poucos dias os guardas civis que rondavam as cidades foram substituídos pela guarda armada, utilizando técnicas ostensivas de repressão aos manifestantes. Repentinamente, a emissora responsável pela transmissão da reportagem anunciou o fim de suas atividades, e pouco a pouco mais e mais repórteres que cobriam conteúdo político passaram a ter seus nomes decorando a crescente lista de desaparecidos.
Aos poucos, as medidas de repreensão se tornaram escancaradas. Governadores e prefeitos de regiões e cidades onde as manifestações eram proeminentes logo foram substituídos por políticos coniventes ao partido. A morte repentina e suspeita de estadistas de oposição se tornou um acontecimento frequente, tal como as renúncias.
Ao que o partido Instaurador usava cada vez mais de meios pouco ortodoxos para conquistar suas ambições, a população passava a protestar de forma mais articulada. O que teve início com manifestações convocadas pelas redes sociais e adversários políticos vendendo suas próprias bandeiras em meio a demanda da derrubada do governo, se tornou um grande movimento oposicionista unificado e organizado. Sob o nome de Meerkat, o grupo passou a atuar de forma coordenada contra os abusos de autoridade, angariando adeptos e tendo como objetivos principais a convocação de novas eleições e o julgamento e punição dos Instauradores responsáveis pelo atentado presidencial.
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Frontline • jjk + pjm
FanfictionPark Jimin é coreano-americano e Capitão do exército dos Estados Unidos. Lidera uma companhia na base militar de Algasaya, usada estrategicamente pelas tropas de uma coalizão de países-membros da ONU em missão de contenção e moderação de conflitos n...