Coração De Sangue

Capítulo 1- Gritos De Morte

Nascido um ser sem nome, sempre soube o que era ser escravo, trabalhando para poder ajudar minha mãe nas despesas de casa, sempre cuidando da minha mãe para que ela nunca mais chorasse por não ter o que dar de comer para o seu filho e Para si mesma.

Um mundo onde existe magia, todas as crianças nascem carregando um poder, mas eu nunca tive um pingo de magia correndo entre meu ser.

O nascimento de uma criança sem magia nesse mundo era quase impossível, pois 99,99% de toda popular mundial nascia com algum poder ou habilidade.

Àqueles 00,01% das pessoas que nasciam sem algo especial e único dentro de si, eram chamados de (Abandonados pelos Deuses).

As lendas diziam que todos aqueles que foram abandonados pelos Deuses, veio de uma família desgraçada e amaldiçoada pelos seus atos de profanidade e desrespeito aos Deuses…
Minha mãe sempre me dizia, que até mesmo o homem mais fraco entre os mais fracos poderiam se tornar grandes homens, e que um dia esses grandes homens teriam que tomar decisões difíceis para proteger aqueles que amam.

No início eu não entendia o que isso significava, mas parece que a felicidade contida em nossos corações acabariam mais rápido do que imaginávamos.

Acabei descobrindo o significado de tudo aquilo que ela falava quando a vila em que eu morava foi atacada por grandes e poderosos Elfos Negros, que buscavam sequestrar mulheres e furtar as riquezas para saciar a luxúria encravada em seus corações podres.

Nesse momento via minha mãe tentando me salvar da morte certa, ordenando que eu me escondesse dentro de um buraco, que ficava de baixo da nossa casa que era usado para juntar comida para os porcos.

Ao entrar no pequeno buraco comecei a escutar os gritos de todos os homens e crianças sendo mortos sem piedade pelas mãos dos elfos, e as vozes das mulheres que pediam socorro por saberem seus destinos nas mãos desses monstros cruéis.

— Olhe para mim por favor… Não pare de olhar… Você é tudo para mim, então quero que você viva…

— Não faça nenhum barulho, e por favor, não saia daqui, não importa o que acontecer comigo.

— Apenas sobreviva…

Essas foram as últimas palavras que minha mãe me disse enquanto ela jogava alguns líquidos em cima de mim, como se tivesse tentando esconder meu cheiro.

Assim que ela pois a tampa para fechar o buraco onde eu estava, três grandes elfos conseguiram quebrar a porta e invadir nossa casa, tentaram a capturar, mas ela não desistiu em tentar me proteger de todo mau que poderia me ocorrer.

Ela não pensou duas vezes e resolveu reagir, pegando um dos facões que estava em cima da mesa, e tentou enfiar no peito de um dos três Elfos, mas ela não conseguiu fazer um aranhão, pois além das armaduras dos elfos serem feitas de um material que quase nenhuma arma humana poderia atravessar, eles também eram grandes guerreiros que nasciam com o instinto de matar tudo que estivesse em sua frente, mas quando os elfos perceberam aquele ato de confronto, não pensaram duas vezes e deixaram os instintos assumirem o controle, os deixando cheios de fúrias.
Então dois daqueles elfos puxaram os braços da minha mãe, fazendo eles desgrudarem do seu corpo, assim terminando de matá-la com vários golpes de machado em sua cabeça.

Enquanto isso, eu chorava silenciosamente vendo minha mãe morrendo e sentindo o sangue dela escorrendo para dentro do buraco em que eu estava escondido.

Naquele momento, comecei a sentir o cheiro de queimado muito forte, nesse momento pensei que morreria ali e que todo esforço da minha mãe para me proteger não tinha valido a pena, mas o corpo da minha falecida mãe caiu bem em cima do lugar que tampava o buraco, me protegendo da maioria do calor e do fogo, evitando que eu tivesse sido queimado vivo.

Nesse momento, comecei a ter grande dificuldade em respirar devido à densa fumaça que estava ao meu redor e pela insuportável quantidade de calor que meu corpo estava recebendo na aquele momento me fazendo desmaiar após poucos minutos.

…

Assim que acordei, percebi que meu corpo sofreu varias queimaduras, mas não muito graves, e que todas as chamas foram apagadas pela chuva, não ouvia mais nada além da fina chuva que caia sobre o solo, então esperei um pouco para ter certeza que todos os elfos foram embora da pequena vila que eu chamava de Meu lar.

Depois de um tempo esperando, decido sair do buraco em que eu estava escondido, mas tive que usar toda minha força para conseguir abrir a pequena porta em que o resto do cadáver carbonizado da minha mãe e pedaço de madeiras da casa que caíram em cima, ao consegui sair do buraco, me deparo com a minha vila toda incendiada e destruída, e todos àqueles que eu amo mortos em um grande pilha de cadáveres.

Sem ter para aonde ir e sem ter com quem contar, me lembro das lindas histórias que minha mãe contava todas as noites antes de dormir, ela falava que existia um grande reino nas montanhas, que não existia pobreza e nem tristeza, apenas felicidade e abundância, com isso em mente, comecei a andar em direção ás montanhas mesmo ferido, sentindo fome e frio.

No caminho para as montanhas, passo por dentro da floresta que cercava nossa vila, começo a refletir que de repente tudo foi tirado, e que não poderia mudar o passado.

Lágrimas de um pesadelo, ou tirava minha vida, ou fazia algo a respeito, prometi em meu desespero que custasse o que custasse eu daria um jeito.

E que os deuses sempre lembrem dessa criança, que com tanta raiva em seus olhos expressam, lembrem dessa criança que vai até o fim para cumprir suas promessas.

…

Seguindo pela floresta, me deparo com o meu corpo que não aguentava mais dar nenhum passo, por passar cinco dias comendo pequenas frutas que encontrava pelo caminho, sem ter mais força no corpo, acabo caindo no meio da floresta, que começo a rastejar em direção do rio que ficava logo a minha frente, para beber um pouco de água, enquanto desejo que minha morte chegasse naquele momento ou que minha sorte mudasse como a rota dos ventos.

Mas de repente, em meio aos barulhos dos pássaros e da própria floresta começo a escutar algo, como se alguém estivesse cavalgando em minha direção, mas antes de perder todas as forças e acabar desmaiando devido à fraqueza, vejo javalis gigantes servindo como montaria para alguns homens de roupa preta que se aproximavam de mim, mas apenas um homem desceu de seu javali e veio até mim, mas quando este homem se abaixa para falar comigo, quase morto, vejo que em sua roupa estava estampado em seu peito o símbolo de uma serpente vermelha que se enrolava em uma espada…