Capítulo Único

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      Zoro estava estranho, distante. Se exercitava regularmente, mas, ultimamente, tinha aumentado o número de vezes que fazia isso. Ou ele estava na popa do Going Merry, ou dentro do navio, perto de onde ficava o sistema de fixação da âncora. Sempre sozinho, afastado de todos. Nami tinha suas especulações sobre o motivo, Robin também, Sanji, Usopp e Chopper estranharam e perguntaram à Nami sobre, mas ela apenas deu de ombros e deixou o assunto quieto. 

      Luffy, inicialmente não viu problema, achou apenas que Zoro ganhou motivação, mas, após algumas tentativas de conversar normalmente com o companheiro, e o abraçar, notou que Zoro quase não falava, evitava contato físico e visual, e quando podia, saía rápido de perto dele.

      - Nami? Você sabe o que deu no Zoro? - questionou o Capitão numa tarde fria na Grand Line.

      - Então até você percebeu hein, pra isso acontecer o Zoro deve ter dado muito na cara - ironizou a navegadora, depois ficou séria - Eu não sei exatamente, mas desconfio de algo. Converse com ele, talvez ele fale pra você o que tá acontecendo.

      - Eu já tentei, mas ele só murmura algo e fala que vai treinar - responde Luffy fazendo uma careta.

      Nami pensou por um momento. Após alguns minutos teve uma ideia.

      - Converse com ele esta noite, enquanto todos estiverem dormindo, é a vez dele de ficar de vigia mesmo - informa Nami - Não terá para onde escapar se você o segui-lo, nem se esconder. Ele vai falar.

      Luffy ouviu e duvidou que aquilo aconteceria, mas ainda sim concordou. A noite caiu e como dito, Zoro havia ficado na vigília. O espadachim estava na gávea, de madrugada, encostado no mastro, bocejando, até ver dedos na borda da madeira, revirando os olhos, se sentou, pois já sabia quem era.

      - Ooi Zooro - fala Luffy sorrindo quando o corpo alcança a gávea e ele entra no espaço pequeno - Vim fazer companhia pra você.

      O borrachudo entra no espaço e se senta ao lado de Zoro, que fica mais rígido ainda e tenta se levantar, mas seu pulso é segurado.

      - Não vá, não fuja - pede Luffy com semblante preocupado e triste.

      O esverdeado fecha os olhos, respirando fundo, depois olha para Luffy, dessa vez em seus olhos, Luffy pisca, confuso por ver a dor nos olhos do companheiro espadachim.

      - O que foi Zoro? - pergunta o Capitão melancólico - Por que você tá tão distante?

      Zoro treme no olhar, ver Luffy todos os dias era torturante e ao mesmo tempo, tranquilizador. Seu coração doía, parecia que sangrava. Ele machucou Luffy e não de uma forma amiga, mas sério, bem sério. Sua mente foi tomada, violada, suas lembranças foram tiradas de si, e ele atacou seus companheiros, e o pior, atacou seu Capitão. 

      O espadachim se culpava pelo que tinha acontecido, mesmo que suas memórias tivessem sido levadas. Ele não deveria ter atacado, deveria ter resistido, percebido que eram seus companheiros.

      - Eu... - começa Zoro, com a voz rouca, ainda olhando para o moreno apenas de lado - Luffy, me desculpe.

      O Capitão não entende, vira a cabeça em confusão quando vê os olhos do companheiro encherem de água.

      - Zoro... Por que tá me... - dizia Luffy até ser interrompido.

      - Eu machuquei você - desembucha o espadachim deixando escapar algumas lágrimas - Naquela ilha... as memórias... eu... ataquei você, e quase machuquei os outros...

      Luffy entende enfim o motivo de Zoro estar triste e distante. Então ele sorri, um sorriso que seria tranquilizador, isso se Zoro não estivesse tão melancólico. Assim, surpreendendo o espadachim, Luffy se levanta e lhe dá um abraço, um abraço carinhoso, reconfortante.

Tempos DifíceisOnde histórias criam vida. Descubra agora