III

57 3 1
                                    

Eu realmente não sabia o que ele estava fazendo ali, o nosso último encontro parecia ter deixado claro que eu não queria ter que vê-lo nunca mais.

Flashback 2 anos antes

- Era o melhor pra nossa família, você nunca mais terá o direito de usar meu sobrenome, você é o maior erro que já cometi. - Eu não podia acreditar, ou melhor, entender o por que de meu pai estar fazendo tudo isso.

Ele então me entregou um documento "Escritura Publica De Emancipação". Não consegui terminar de ler, minha visão estava ficando embaçada pelas lagrimas que eu estava prestes a derrubar. Emancipação? Ele estava se livrando de sua própria filha, como ele pode, como ele consegue ser assim.

- Eu nunca mais quero te ver, quero que não me procure, mesmo que estiver a beira da morte, eu quero que você se foda, eu te odeio. - Despejei as palavras que estavam presas em minha garganta e sai correndo daquela merda de escritório.

• Flashback off •

- Feliz aniversário querida, espero que goste do presente. - Ele colocou uma caixa pequena sobre a mesa em que sentamos para conversar.

Não consigo entender o porquê aparecer agora, seria o sentimento de culpa ou remorso corroendo sua alma podre? Não, claro que não, demônios não tem alma, só deve estar precisando de algo.

- O que você quer aqui? Achei que você tivesse entendido que não quero te ver, é mesmo, você não entende ninguém. - Sorrio sarcasticamente esperando que ele se levante e vá embora.

- É falta de educação recusar um presente... - O barulho dos talheres e das pessoas conversando parecia mais confortante do que ouvir sua voz. - Preciso que me perdoe Agnes, eu realmente quero mudar as coisas entre a gente, podemos recomeçar, quero ser um bom pai.

- Você está atrasado "papai", eu espero que você vá embora, como pode ver estou trabalhando e ao contrário do que anos atrás, não preciso mais de você. - Levanto e ele segura meu punho, mas que merda foi essa? Eu paralisei.

- Solte ela, não ouviu? Ela não quer conversar. - Então o dono da voz me puxa para longe de meu pai. Minha visão estava turva, minhas mãos soavam. O barulho ao meu redor parecia cada vez maior, todos pareciam me encarar. Meu coração não parava de palpitar e o ar estava começando a faltar. De novo não...

[.] Minutos depois.

- Você está se sentindo melhor? Se não estiver pode ir pra casa descansar, não irei descontar do seu salario. Entenda isso como um presente pelo seu aniversário. - Minha supervisora dizia calmamente enquanto se assegurava que meu pai havia sido tirado do estabelecimento.

- Tem certeza de que não vai precisar de mim, tem alguém pra me cobrir? - Eu preferia trabalhar do que ficar sozinha com meus pensamentos.

- Não se preocupe Agnes, o movimento está pequeno e você precisa descansar, espero que você consiga resolver esses problemas.

Me despedi e caminhei para saída do café, Isaac estava sentado em um dos bancos que ficavam na frente do café. Me sentei ao seu lado.

- Obrigado por ter me ajudado mais cedo, eu realmente fiquei sem reação quando ele segurou meu pulso. E me desculpe por atrapalhar seu café surtando. - Dou um sorriso torto tentando parecer menos envergonhada. - Estou te devendo mais uma.

- Não foi nada Agnes, qualquer pessoa faria isso. E quem seria ele?

- Ergh... - Engulo em seco. - Ele é meu pai.

Isaac parecia estar confuso, não entendi o porquê então achei melhor ignorar.

- Eu vou indo, ainda não me sinto bem. - Me levanto e me coloco de frente para ele. - Até outro dia.

- Você não pode sair assim, como você mesmo disse, está me devendo. - Ele sorri, como se fosse uma criança que acabara de ganhar um doce. - Eu te levo pra casa e você me da a honra de assistirmos um filme juntos, não quero que você passe o resto do seu aniversário sozinha.

Qual seria o problema de assistir um filme com ele, nós somos amigos apesar de tudo.

- Vamos para minha casa então, assim não tem perigo de me perder nos corredores. - Ele se levantou e estendeu a mão para mim.

Já dentro do seu carro eu me perguntava se um dia eu conseguiria olhar pra ele sem sentir as borboletas socando meu estomago, como se estivessem desesperadas pra sair de dentro de mim. Não ajudava nem um pouco o fato de que estávamos próximos novamente, tudo isso me deixa confusa e com medo.

- Você está muito pensativa, isso tem haver com seu pai?

- Não sei, acho que as coisas só estão acontecendo juntas e isso me deixa confusa, não sei ao certo o que pensar ou fazer. - Talvez se eu desabafasse com ele eu me sentiria melhor.

- De qualquer forma, estou aqui com você. - Ele acariciou minha coxa. Isso era contato físico de mais para mim.

- A gente pode comprar sorvete? - Disse mais empolgada do que realmente estava.

- Só se comprarmos só pra você, já que eu não gosto.

- Que tipo de psicopata você é? Todo mundo gosta de sorvete... Tem certeza que provou certo?

Ele riu, algum tempo depois paramos em um posto.

- Enquanto eu abasteço você pega seu sorvete.

[.] Já em casa

- Você não cansa de ver esse filme? - Isaac parecia impaciente por eu ter escolhido Edward Mãos de tesoura, mais uma vez...

- É o meu aniversário, então agradeça por eu ter te poupado de assistir crepúsculo. - Sorrio dando play no DVD.

- Você está morando sozinha agora?

- Na verdade moro com o Christian, você conhece ele, né? - Abro o pote de sorvete.

- hum, vocês são tipo... Ficantes? - Ele pareceu incomodado.

- Christian é gay Isaac, não precisa se preocupar- Ele me encarou sério.

Ele então da de ombros, se fazendo indiferente, pego a colher melada de sorvete e ameaço passar em seu rosto.

- Ei, não chegue perto de mim com esse produto tóxico.

Acabei tendo uma crise de riso com seu discurso do porque sorvetes eram malignos e como faziam mal para saúde. No final eu estava quase sem ar após comparar seu gosto a de um idoso chato e ele ter resmungando como um.

- Puta merda, você é linda de mais. - Fiquei estranhamente envergonhada. Ele estava se aproximando de mim e eu podia sentir sua respiração em minha bochecha, como da primeira vez que nos beijamos...

•••

Oii, dei uma sumida de novo, bloqueios criativos, peço desculpas...Espero que tenham gostado, tentei o meu melhor no momento

A cada batida do meu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora