Capítulo 2

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*Aviso: sexo explícito.


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Jiang Cheng estava em seu quarto, se preparando para finalmente descansar depois de um dia agitado. As decorações e preparações para o casamento estavam a todo vapor, e ele ainda tinha que garantir que todos seus convidados fossem bem recebidos. Ele estava exausto, e quase xingou quando alguém bateu em sua porta.

— Entre... — ele falou cansado.

— Líder Jiang, desculpe por estar batendo em sua porta tão tarde, mas essa carta chegou às mãos de um discípulo e parece ser endereçada ao senhor. — o discípulo falou, curvando-se tanto que ele apenas observava o chão, estendendo a carta para seu líder.

— Obrigado. — Jiang Cheng falou e pegou a carta.

— Com licença. — o discípulo falou e se retirou.

Jiang Cheng olhou a carta curioso. Não havia nada escrito do lado de fora, então ele a abriu, e assim que começou a desenrolar a carta, seu nome apareceu escrito em caligrafia impecável. Ele conhecia aquela caligrafia de inúmeras cartas de negócios que os líderes frequentemente trocavam, era a caligrafia de Lan Xichen. E isso apenas o deixou ainda mais curioso.

O que será que Lan Xichen poderia querer com aquela carta? E naquele momento, ainda por cima? Ele estava a apenas alguns metros de distância, a essas horas já deveria inclusive estar dormindo, então porque o suspense?

Ele terminou de desenrolar a carta e se pôs a ler. Nas primeiras linhas, ele já sentiu seu coração vir à boca com o que elas revelavam. Lan Xichen estava apaixonado? Por ele? Era inacreditável, e se ele não conhecesse bem a escrita do Líder Lan, ele diria que o estavam tentando enganar.

Mas aquela era de fato a caligrafia de Lan Xichen, e ele continuou lendo. Ele dizia de forma clara, mas bem lírica, que o que sentia brotou sem seu conhecimento primeiramente, mas que floresceu de forma rápida e inesperada. Contava de suas tardes de chá e conversas quando estavam empenhados em se conhecer melhor em prol da união de suas seitas contra possíveis líderes megalomaníacos. Sobre espiadelas em sua reconciliação com seu irmão-marcial.

Jiang Cheng não podia acreditar. Não quando ele havia desistido daquela paixonite boba que tinha por Xichen há apenas alguns meses, quando finalmente cedeu às pressões dos conselheiros para encontrar uma esposa. Paixonite essa que ele primeiro desconsiderou, era apenas uma admiração pelo mais velho que no fim das contas tinha um destino tão parecido com o dele. Líderes de Seita desde muito novos, que passaram por várias perdas e no fim foram de alguma forma traídos por seus irmãos-marciais e sendo a causa de suas mortes. A diferença é que o irmão-marcial de Jiang Cheng havia milagrosamente voltado à vida. Mas, ele tinha muito o que se inspirar na jornada de Lan Xichen.

Quando percebeu que seus sentimentos passavam muito de apenas admiração, ele não imaginava que Lan Xichen teria espaço para alguém como ele em sua vida. Jiang Cheng era muito para qualquer pessoa, muita bagagem, muita volatilidade e muito conflito, e ele sabia disso. Ele não via nem como ele caberia na vida de sua futura esposa, mas ele ainda devia isso ao seu clã, e à Seita Jiang. Uma figura materna, um herdeiro, uma chance de terem um balanço nas decisões. Um futuro.

No dia que tomou sua decisão de permitir que os conselheiros procurassem uma noiva para ele, Jiang Cheng se prometeu que não voltaria a pensar em Lan Xichen romanticamente. Platonicamente, talvez, mas ele preferia guiar seus pensamentos a ele apenas como um colega de posição.

Agora, entretanto, era impossível não pensar no que poderia ter sido. No que eles poderiam ter vivido, e estar vivendo até hoje. Se ao menos ele tivesse sido mais corajoso.

Uma Carta Para NinguémOnde histórias criam vida. Descubra agora