Capítulo 4

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O campo de batalha é um lugar sangrento, pesado e sombrio. Definitivamente não é um lugar que Jiang Cheng gostava de estar. Infelizmente, a Campanha para Abater o Sol era também a única forma que ele tinha de vingar sua família e sua seita, e trazer um pouco de paz de volta ao mundo. Já fazia algumas semanas que eles estavam acampados naquele campo de batalha, os Jiang, os Lan e os Nie estavam ali com seus guerreiros.

Eles saíram para uma batalha naquele dia antes mesmo do sol nascer, mas os Wen conseguiram separá-los em dois grupos, em um estavam os Lan e os Jiang, que na verdade não contavam muitos em número, e num outro grupo os Nie. Jiang Cheng havia observado por muito tempo Lan Xichen fazendo planos de batalha e tentando sempre fazer as coisas pelo caminho onde seu povo se machucaria menos. Ele teve medo de ver Lan Xichen perder a cabeça naquele momento.

Lan Xichen estava parecendo perdido em sua irritação, tão estranha ao seu caráter. Eles estavam lentamente perdendo seus homens, até que finalmente, Jiang Cheng chegou à conclusão de que era melhor recuarem e darem essa batalha por perdida. Não havia mais o que poderiam fazer ali, a não ser perder suas vidas.

Chamando seus homens para recuar, Jiang Cheng viu de relance quando um Wen conseguiu se aproximar de Lan Xichen e o líder, distraído, foi apunhalado pelas costas. Assim que conseguiu essa façanha, o Wen recuou, e os outros foram com ele. Jiang Cheng correu em direção a Lan Xichen que estava caído no chão, suas roupas brancas manchadas de sangue e lama.

No momento em que ele finalmente conseguiu chegar em Lan Xichen, ele ouviu mais do que viu imensas pedras caindo do desfiladeiro que estavam. E prendendo-os fora do alcance de seus homens. Ele ouviu os gritos de preocupação de seus homens e alguns Lan que sobraram, e conseguiu gritar de volta, avisando que estava bem.

— Tragam médicos, outras pessoas para ajudar a quebrar as pedras! Zewu-jun foi apunhalado! — Jiang Cheng gritou para seus homens. — Eu estou bem! Mas sejam rápidos!

E ele ouviu os passos de seus homens se distanciando.

De dentro de suas vestes, Jiang Cheng tirou uma bolsa qiankun onde ele guardava algumas ervas e remédios para o caso de qualquer coisa acontecer consigo. Ou com outra pessoa, como agora. Ele rapidamente tirou alguns vidros de remédio e um chumaço de erva para parar o sangramento e aliviar a dor do outro. Jiang Cheng nunca deixaria que Lan Xichen morresse em seus braços, não o homem que por tanto tempo admirou e talvez agora sentia até mais que isso por ele.

Jiang Cheng achou muito estranho que Lan Xichen tivesse sido apunhalado de forma tão fácil. Ele era, afinal, o grande Zewu-jun. Ele era um dos melhores cultivadores, líder de Seita, e ele não costumava se distrair em batalha. Ele também não costumava se irritar. Era tudo muito estranho. Jiang Cheng estava observando tudo de longe e não sabia o que o Wen gritava para Zewu-jun, mas o que quer que fosse, foi suficiente para tirá-lo do sério. Ele nunca saberia o que foi.

A ferida de Lan Xichen não era fatal nem muito profunda, então Jiang Cheng não estava tão preocupado assim. O sangramento parou após um tempo, mas logo, Lan Xichen começou a ter uma febre. Mais que isso, Jiang Cheng estava preocupado pois ele não acordava.

Perdido em sua inconsciência, Lan Xichen não viu as horas que Jiang Cheng passou ali cuidando dele. Verificando sua febre, garantindo que não ficasse muito alta, mastigando remédios e ervas amargos para alimentá-lo e cuidando dele o melhor que pode até voltarem com reforços.

Os Nie voltaram com os homens, e rapidamente eles se livraram das pedras que separavam Jiang Cheng e Lan Xichen dos outros. Quando finalmente puderam entrar, Jiang Cheng viu Nie Mingjue vir como uma flecha e retirar Lan Xichen de seus braços.

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