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[Chapter 2.5]

26 de março, 2023

Relâmpagos surgiam abruptamente no céu daquela noite, em uma madrugada fria e chuvosa. As janelas da casa rangiam, devido ao forte vento que se chocava contra elas. Naquele momento, era um dos poucos sons que pudera ouvir naquele cômodo, além do sangue que pingava contra o chão.

Sentada em uma poltrona na sala de estar, de pernas cruzadas, estava uma mulher de meia idade, com um copo de whisky em sua mão.

— Você precisa de um médico... — Comentou ao homem ensanguentado em sua frente. Dando um gole em seu whisky, logo em sequência.

— Se preocupe apenas com você mesma.

Diante dela, no meio do cômodo, havia um homem em pé, segurando um revólver. O cabelo que chegava aos ombros, escondia um pouco de seu rosto, mas ainda era visível a expressão fria. Seu rosto possuía vestígios de sangue, já seco. Sua mão esquerda, era coberta por um vermelho vivo, que escorria por debaixo da manga de seu casaco preto, até as pontas de seu dedo, pingando contra o chão. Com sua outra mão, também coberta de sangue, segurava um revólver.

— Eu sabia, que em algum momento, você viria até mim. — Proferiu a mulher, com um sorriso frívolo.

O rapaz observou a expressão duvidosa que ela havia feito e advertiu, de forma fria, como se não possuísse nenhuma emoção.

— Não se ache. Você provavelmente sabe, que não sairá daqui com vida, e esse é o único motivo de eu estar aqui.

— ...

A mulher escondeu o sorriso que havia em seu rosto e o fitou. Após alguns segundos em silêncio, ela o respondeu.

— Vai me culpar pela morte deles? Foi você quem os matou!

— Você sabe que a culpa é sua. Você fez com que eles se virassem contra mim, e sabia que eu os mataria por isso.

— ...

A mulher, que estava sentada no sofá diante do homem, deu novamente um gole em seu whisky e olhou para a janela, observando a chuva e o clarão que os relâmpagos faziam. Em sequência, suspirou sutilmente antes de continuar a falar.

— Vai me matar como uma forma de se vingar?

— Não faria algo tão fútil. Eu apenas quero você morta.

— Então, por que ainda não me matou?

— ...

O homem, ficou em silêncio alguns segundos, mas logo continuou.

— Antes, eu preciso saber. Por que você é tão obcecada por mim?

Um silêncio de poucos segundos se alastrou pelo cômodo. A mulher, com indiferença, ingeriu o resto da sua bebida, e colocou o copo na mesa ao lado. Enquanto dizia "No fundo, eu sei que você sabe".

Ele lentamente deu dois passos aproximando-se da mulher, alinhando a arma em direção a cabeça dela.

Ela abaixou seu olhar e cerrou os olhos, durantes poucos segundos, como se criasse coragem para dizer suas últimas palavras.

Voltou a fitar o homem, e olhou diretamente em seus olhos. Olhos que não possuíam vida alguma. E assim, ela proferiu.

— Queria pelo menos, que neste momento, você não estivesse com um olhar tão frio...

— Apenas responda.

A mulher sorriu novamente, dessa vez, de forma genuína.

— Eu achei que fosse óbvio...

O som da arma engatilhando ecoou pela casa.

"Eu amo você —"

...