• John I
11 de Fevereiro, 2017
Agora são exatamente 6:57 da manhã, estou no banco de passageiro de um carro, que está encostado ao lado da estrada. Minhas mãos estão amarradas e um silêncio estupidamente desconfortável está tomando conta do ambiente. Ao meu lado, sem dizer uma única palavra, está Alyssa. Olhando fixamente para mim, com seus olhos azuis, como se tentasse compreender algo. O revólver na sua cintura só não chamava mais atenção que seus longos cabelos ruivo acobreado.
[John: Pergunte, está escrito na sua cara que você quer saber o por quê...]
[Alyssa: Eu simplesmente... não consigo entender. Você iria se jogar de uma ponte, e repentinamente, decidiu se juntar a um grupo de bandidos... o que você quer?]
Era óbvio, que tanto ela, como os outros membros do grupo, seriam tomados pela incerteza, afinal, quem acreditaria em alguém desconhecido...? Isso sem levar em consideração a situação em como nos encontramos... Devem achar que eu tenho algum tipo de problema. Acho que ninguém em sã consciência entraria sem motivo algum em um grupo de bandidos, ainda mais sendo filho de um policial, eles tem toda a razão em desconfiar de alguém como eu. Honestamente, o que mais me deixou surpreso, foi a facilidade com que me "aceitaram" neste grupo.
Talvez, esta facilidade que me refiro, não seja nada além de medo. Decidiram me incluir nisso como uma forma fazer eu ficar de boca fechada e assim, não ter que se envolver com a morte do filho de um policial. Mas ainda sim, os riscos para eles eram desproporcionais. Mesmo confiando em mim, nada me impediria de apenas denuncia-los, não existiria nenhum risco para mim em fazer isso, a minha segurança com certeza, estaria garantida. Mas estranhamente, isso nem sequer se passava pela minha cabeça, eu realmente estava falando sério.
Mas o ponto é, eles me aceitaram, isso de certa forma, mostra como são idiotas. Não consigo pensar em nenhuma outra explicação plausível o suficiente para isso. Eles apenas acreditaram em mim, porque são ingênuos. Não sei se consigo considerá-los de fato, um grupo de criminosos. Aparentam ser apenas pessoas desesperadas por dinheiro.
O Silêncio desconfortável se alastrou novamente entre nós dois, e ficou assim, durante alguns segundos.
[John: Se você não se importa, eu gostaria de ir para casa, como combinamos com seu namorado]
Ela pareceu ignorar completamente o que eu havia dito, apenas me fitou com seus olhos azuis.
[Alyssa: Porque... você ia se matar?]
[John: ——]
Seu olhar era triste e o tom de sua voz, melancólico.
Por que ela está triste assim? Talvez seja um assunto delicado... Ao menos, é o que sua expressão deixa a entender.
Apenas continuei em silêncio.
[Alyssa: ——]
Não pretendia respondê-la, por dois motivos.
Primeiro, nem mesmo eu sei a resposta. Talvez a falta de respostas foi um dos gatilhos que me levou aquilo. Apesar de me fazer muitas perguntas, dificilmente consigo respondê-las. Acredito que ninguém merece viver perdido desta forma, sentindo-se vazio o tempo inteiro. Acho que foi o meu limite, e a única saída que encontrei, foi aquela. Provavelmente, como muitas pessoas que se suicidaram, chegaram nesta mesma conclusão. Talvez, seja a única solução que pessoas como eu, encontram para tentar lidar com o vazio que nos consome por dentro.
Segundo, eu não sou o tipo de pessoa que se abre para outra, não importa quem seja. As chances de eu falar sobre mim para alguém, são inexistentes.
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RandomJohn é um homem, que faz parte de um pequeno percentual de pessoas, que possuem certo desencanto pela vida. Ele não consegue conviver com o próprio vazio. E após falhar em todas as suas tentativas, de buscar algo que lhe faça querer continuar vivend...