Rafaella acordou escutando alguém bater na porta da frente da cabana. Quem estaria batendo tão cedo assim? Virando sua cabeça, ela olhou para Bianca que ainda estava dormindo. A pintora sorriu e colocou uma mecha de cabelo da morena atrás de sua orelha, ela torceu o nariz mas não acordou. Rafaella saiu da cama ao perceber que as batidas na porta não iriam parar. Ainda meio dormindo e com os olhos quase fechados, Rafaella caminhou para a sala com uma carranca no rosto. Sua vontade era matar quem quer que fosse que estivesse lá fora. Apertando os olhos contra o sol que mal tinha nascido, Rafaella desfez a careta de seu rosto quando ela viu Noah parado em frente à porta.
"O que você está fazendo aqui?" Ela perguntou enquanto era envolvida em um abraço apertado.
Entrando na cabana e removendo sua jaqueta, Noah respondeu. "Só queria ver como você está." Ele parecia acanhado, como se estivesse escondendo alguma coisa.
Rafaella suspirou, fechou a porta e começou a andar em direção a cozinha para fazer um pouco de café. Se Noah estivesse passando por uma crise eles precisariam de café. "Resposta errada, você sabe que eu posso cuidar de mim mesma." Ela apontou para um banco. "Agora senta e me conta por que você está aqui."
Noah rolou seus olhos. Ele sempre obtinha a mesma resposta quando vinha ver como Rafaella estava, não era nenhuma surpresa. Ele só estava fazendo seu trabalho de irmão mais velho não biológico. Sentando, ele apoiou seus cotovelos na ilha. "Eu estou indo para a cidade... Pegar a Gizelly e a Olívia. Acho que eu só precisava que você me ajudasse a colocar a cabeça no lugar."
"Ok... Mas é só Gizelly e Olívia, qual o problema?"
"Pode ser que o Arthur esteja lá. Ele é a razão de eu ter que ir buscar elas, além da grande tempestade que está chegando, eu não quero elas na cidade quando a nevasca começar."
Rafaella se inclinou contra o balcão e cruzou seus braços em frente ao peito. "O que aquele idiota fez dessa vez?"
"Ele acabou de chegar de uma 'viagem de trabalho' e falou para Gizelly que teria que viajar de novo essa tarde. Mas é mentira, ela sabe que ele não está indo para viagens de trabalho de verdade."
Rafaella suspirou, isso era o normal de Gizelly e Noah. Arthur, marido de Gizelly por quatro anos, tinha começado a ir para mais e mais viagens de trabalho apenas com a companhia de sua secretária. Não precisava ser um gênio para descobrir o que realmente estava acontecendo, mas por alguma razão Gizelly continuava no relacionamento. Apenas ela poderia explicar o motivo de ainda estar com ele, porque ninguém mais entendia.
Doía em Rafaella ver Noah sofrendo, ele ainda era apaixonado por Gizelly e a pintora sabia disso. Toda vez que Gizelly ligava ele ia correndo. Sim, ele é pai de Olívia e é um ótimo pai, mas isso não significa que ele tem que sair correndo toda vez que Gizelly precisar de alguma coisa que não tenha nada a ver com Olívia.
"Bom, se ele estiver lá quando você chegar, não vá se meter em briga. Olívia só tem sete anos e não precisa ficar vendo essas coisas. Melhor ligar para Gizelly antes de chegar e esperar do lado de fora se o Arthur estiver lá. Não vai ter como você trazer elas para cá se for preso por dar uma surra nele."
"Vou tentar não chutar a bunda dele, mas se ele começar a criar problemas por elas estarem vindo para cá, então vou ter que fazer alguma coisa."
"Lembre-se que eu não tenho celular então você não poderá ligar para mim. Você teria que pedir ajuda para Sam ou Mike."
"Você não iria lá me salvar de qualquer maneira. Você não gosta da cidade e me deixaria lá só para provar que estava certa." Rafaella sorriu e assentiu.
"Você está completamente certo."
***
Bianca estava abraçada a algo quente e peludo. Franzindo suas sobrancelhas ela moveu sua mão pela cama tentando descobrir o que era. Quando Rafaella ficou tão peluda? Tentando clarear seu cérebro ainda adormecido, Bianca escutou vozes vindas de fora do quarto. Uma voz ela reconheceu como sendo a de Rafaella e a outra ela não tinha ideia de quem era.
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Heroína Anônima (Adaptação Rabia) - Hiatus
RomanceRafaella Kalimann sempre soube que um dia viveria longe da cidade. A vida era ótima para ela e seu border collie chamado Dax. Há muito tempo ela não via ninguém por perto de sua propriedade, até que em uma noite durante uma nevasca uma mulher aparec...