Embriaguez

365 44 28
                                    

Rafaella tinha saído da sala de cirurgia há mais ou menos duas horas. Os médicos tinham conseguido reparar os músculos danificados de sua panturrilha e os ossos tinham sido restaurados. Contudo, ela teria que lidar com uma braçadeira de perna removível por um tempo já que a pintora não poderia usar um gesso até os machucados em sua perna e as incisões da cirurgia estivessem melhores. Além disso, com três costelas quebradas e um disco da coluna deslocado, a mulher teria que usar uma cinta para as costas por um tempo.

Acordar tinha sido uma experiência divertida, se ela soubesse que faria uma cirurgia hoje ela nem teria tomado café da manhã. Não é nada apetitoso quando tudo que você comeu quer sair pela boca. Frustrada e cansada, Rafaella só queria ver alguém! O quarto estava tão quieto e ela estava solitária. "Eu estou tão sozinha." A pintora pensou enquanto grossas lágrimas caíam pelo seu rosto. Ela não estaria tão solitária se Bianca ou Dax estivessem com ela. Talvez o Noah conseguisse trazer o Dax escondido para o hospital... a mulher riu sozinha. Essa era uma ideia brilhante!

Parece que tinham se passado horas quando na realidade foram apenas alguns minutos até uma enfermeira entrar no quarto para checar Rafaella. "Como você está se sentindo senhorita Kalimann?"

"Eu me sinto... me sinto bem. Já estou pronta para ir pra casa, ver meu filhotinho e Bianca... Ah! A Bianca. Você viu ela? Ela é tão linda, muito linda." Rafaella suspirou com uma expressão apaixonada em seu rosto.

A enfermeira riu para ela mesma. Os remédios para dor estavam realmente fazendo efeito nessa paciente. "Eu ainda não vi a Bianca, mas eu posso ir ver como ela está para você."

Rafaella assentiu com a cabeça rapidamente. Ela amaria saber como Bianca estava. "Você pode me colocar no quarto dela? Eu só quero estar perto dela, eu estou tão solitária aqui, enfermeira." Rafaella começou a chorar de novo. Por que ela ainda estava nesse quarto?!

A enfermeira estava se esforçando muito para não começar a rir de novo. Não era profissional rir de uma paciente, mesmo que essa paciente estivesse fora de si por causa dos medicamentos. Se aproximando da cama, a enfermeira foi checar se os eletrodos de Rafaella ainda estavam nos lugares certos. Ela arfou em surpresa quando a pintora agarrou sua roupa e a puxou para perto, olhando-a com seus grandes olhos verdes. Ela estava quase encostando no nariz da mulher.

"Eu só quero ver a Bianca... por favooooooor." A enfermeira segurou um dos pulsos de Rafaella tentando fazer com que a pintora a soltasse.

"Eu vou ver se ela está em um quarto duplo, se ela estiver eu vou tentar transferir você para lá, ok?" Rafaella fungou enquanto assentia e largava a blusa da mulher.

"Ok, obrigada." A pintora respondeu enquanto voltava a se recostar nos travesseiros.

***

Rafaella acordou um tempo depois e viu Noah sentado ao lado de sua cama. Quando ele tinha chegado? Ele parecia estar dormindo com a cabeça apoiada na cama. Se esticando, Rafaella começou a dar tapinhas em sua cabeça e rir para ela mesma.

Noah piscou algumas vezes antes de acordar totalmente. "Ei." Ele disse enquanto sentava direito e se espreguiçava. Quanto tempo ele tinha passado naquela posição? Suas costas estavam travadas.

"Oi, Noah!" Ai meu Deus... o efeito dos remédios ainda não tinha passado. Ela nunca era tão animada assim, ele achava que a pintora acordaria sóbria depois de um cochilo. "Você tava dormindo, Noah?"

Noah assentiu e esfregou suas mãos pelo seu rosto algumas vezes. Ele tinha que estar completamente acordado para lidar com Rafaella nesse estado. "Eu aposto que você tá se sentindo ótima."

"Ah, eu estou!" Rafaella respondeu enquanto olhava para baixo analisando a camisola que ela estava vestida. Um minuto depois a pintora levantou a cabeça quando escutou uma risadinha vinda detrás de uma cortina ao lado de sua cama.

Heroína Anônima (Adaptação Rabia) - HiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora