/1/ Reencontrando o diabo?

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Capítulo 1

“Você está tão linda.” Minha mãe comentou, metendo a cabeça dentro do meu quarto enquanto eu me arrumava para a escola.

Tinha colocado uma calça jeans justa e clara, com uma blusa de renda e alça, com botões que seguiam do peito até a barra da calça jeans. Nós pés coloquei uma sandália aberta e levei meu caderno na mão. Eu não era muito de mochila, preferia bolsas e não conseguia largar minha tiracolo marrom de franja.

Dei um sorriso forçado e fechei a porta do armário. Não estava mais brava abertamente com a minha mãe mas também não estava super feliz com o fato de ela ter me trazido para cá. Afinal, que tipo de mãe força a filha a ir para um lugar que só a faz sofrer? Não faz sentido nenhum, porque acreditando ou não, minha mãe me amava.

Peguei as chaves do carro e com uma maça verde na boca, saí pela porta. A casa era grande, como quase todas da vizinhança. Englewood Cliffs era um lugar que tinha muita gente bem de vida e com carros caros do ano e cheia de regalias. Era um subúrbio rico de Manhattan, que só ficava, graças ao bom Deus, há nove milhas da ilha. Caminhei pelo quintal da frente, que era enorme por sinal, e liguei a chave na ignição logo depois de fechar a porta do carro.

 Dirigi dez minutos até entrar nos perímetros do estacionamento da escola. Ah, Dwight Morrow High. Pensei que nunca mais poria os pés naquele lugar. Enfim, assim que entrei no estacionamento, já percebi que não seria fácil arrumar vaga nunca, uma vez que faltava meia hora para a aula começar e quase todas as vagas já haviam sido ocupadas. Um sorriso se espalhou no meu resto (o primeiro desde que chegara) quando avistei uma ótima, do lado da porta. Aquele deveria ser meu dia de sorte; talvez hoje eu não tivesse tanta vontade de me matar. Sem pensar, estacionei o mini da minha mãe e antes de sair, examinei meu rosto no espelho do carro. Meu cabelo estava muito mais longo do que sempre usara quando morava aqui. E mais escuro também. Meu rosto estava mais fino e eu sabia que já tinha comentado, mas eu estava irreconhecível. Não havia percebido o quão diferente estava até olhar minhas fotos antes de vir para essa cidade dos infernos. Acho que era uma boa, para falar a verdade; não queria mesmo que as pessoas me reconhecessem. Eu seria diferente dessa vez, e qualquer pessoa que tentasse falar qualquer coisa ruim de mim arcaria com as consequências. E essas consequências incluíam uma adolescente forte e raivosa.

Pisei no estacionamento e mexi no cabelo antes de começar a andar pela parte exterior ao redor do prédio, com meu caderno num braço e a bolsa no outro ombro. Percebi olhares em mim, obviamente, já que eu era a aluna nova. Porém, mesmo que parecesse futilidade, quando assoviaram para mim, em vez de me sentir ofendida, eu fiquei feliz. Não era sempre que faziam aquilo para mim e, naquela cidade nada nem parecido havia acontecido.

“Você deve estar muito afim de uma briga.” Um menino comentou, que estava de braços cruzados e o celular que havia acabado de desligar. Ainda estávamos na parte de fora, como a maioria dos alunos. Eles deviam chegar cedo para ficar aproveitando esse tempo, uma vez que tinha que admitir, era bem agradável àquela hora da manhã.

“Desculpa, está falando comigo?” Perguntei, tudo menos grosseiramente. Estava até um pouco confusa por alguém falar comigo assim sem nem se apresentar ou dizer ‘oi’.

Algo naquele menino me era familiar. Eu reconhecera ele; um dos jogadores de futebol da escola. Não era nada demais, ele nunca havia me notado, mas também não pegava no meu pé.

Ele deu um sorriso doce e estendeu a mão. “Sim, sou Andy.”

Eu estendi a minha também e apertei a dele. “Kylie.” Disse meu nome e nós dois soltamos as nossas mãos depois de um momento um tanto constrangedor. “Do que você estava falando antes? Sobre querer briga...?”

Ele pediu por isso EM PAUSAOnde histórias criam vida. Descubra agora