Para onde vamos?

Escrevo sobre gatinhos.

Calebe

Passei horas distraído brincando com um gato que estava passeando pela escola, já que o professor de química tinha faltado e eu não tinha mais nada para fazer. Até que chegou um cara alto, todo fortão e começou a fumar bem do meu lado, então fui para a biblioteca, já que não suporto cheiro de cigarro. Peguei um dos computadores que estavam vazios e comecei a escrever uns pequenos poemas sobre o gatinho que estava brincando mais cedo, e sim, eu estava escrevendo poemas no computador porquê deixei meu bloco de notas no armário e esqueci a chave em casa. Um tempo passou e eu reparei que uma menina estava me olhando e tentando disfarçar muito mal, ela era bonita, tinha o cabelo preto e enrolado até os ombros, mas claramente ela só deve ter me achado um esquisitão que usa moletom quando está calor.

Eu passava pelos corredores e percebia como essa tal "pesquisa com viagem" estava sendo falada por todos. Tinha uma fila enorme de pessoas querendo pegar um fórmulario, então resolvi pegar um e preencher, não gastaria nem dez minutos e ainda teria a chance de sair do país de graça. Mesmo tendo medo de como seria minha relação com a pessoa que fosse junto, ainda era uma boa oportunidade para ver novas coisas, escrever, aprender outra língua e quem sabe fazer novos amigos estrangeiros.

Geralmente sou muito tímido e tenho dificuldade em criar amizades, consegui alguns amigos aqui, e algumas pessoas podem jurar que eu não sou a mesma pessoa quando estou com meus amigos e quando estou sozinho. No começo eu sempre vou ter medo de falar ou fazer alguma coisa errada, mas depois as pessoas percebem que eu não passo de um bobão implicante e piadista que não consegue ter um primeiro contato com as pessoas. Meus melhores amigos daqui são dois irmãos da turma B do segundo ano, quase não nos vemos na escola por causa do horário diferente, mas basicamente eles são os extrovertidos que me carregam e me fazem criar amizades.

Quando cheguei em casa fui direto tomar banho, levei um susto quando vi que os arranhões que o gato tinha me dado estavam ardendo. Fui conversar um pouco com meu pai sobre essa pesquisa e ele ficou curioso sobre meu interesse:

- Você realmente iria se fosse sorteado?

- Com certeza, só de pensar nas possibilidades eu já fico cheio de ideias, e não poderia acontecer algo tão ruim assim, né?

- Não sei, filho. Isso parece complicado pra alguém tão tímido assim, quer dizer, você vai passar dias com uma pessoa que você não conhece, como isso seria?

- Eu realmente não sei, pai, mas não posso viver assim pra sempre. Além disso essa parece a oportunidade perfeita pra acabar com esse problema de vez!

- Tudo bem, eu te apoio nisso, parece que vai ser uma história interessante.

- Mas eu ainda nem entreguei o formulário, muito menos fui sorteado.

- Algo me diz que uma dessas vagas já é sua...

Confesso que demorei um pouco a dormir porquê estava estranhamente empolgado demais com a ideia de viajar, mesmo que isso fizesse eu sair totalmente da zona de conforto.