Chapéus

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Já de noite, os três entraram no carro do loiro para ir para a mansão Monkey D. Como o previsto, o tratamento demorara muito, tempo o suficiente para que Law perdesse seu voo.

Porém, Sabo sentiu-se culpado. Por isso, convidou-o para passar a ceia junto dele e sua família, em uma tentativa de agradecê-lo. Apesar do cirurgião ter negado muito, acabou cedendo.

A primeira metade do caminho passou em quase completo silêncio. Apenas tiveram ruídos ou murmúrios vindo do loiro, reclamando da falta de responsabilidade do irmão.

- Oe, Sabo, bota uma música! – Ace reclamou do banco de trás.

- Tsc, eu faço o que eu quiser! – A irritação do loiro era quase apalpável – Eu mereço...

- Se fosse o Luffy pedindo, você faria... – O moreno fez bico e recostou-se no banco – Mas, comigo, você não faz nada...

- Cale a boca! – Bradou.

- Hm? – Law, que até então estava apenas olhando a vista através da janela do carro, virou sua atenção para Sabo – Quem é Luffy?

- Nosso irmão mais novo. – O loiro não pôde evitar de sorrir ao lembrar do sorriso do pirralho que tanto amava.

- Eu estou com saudades do Bebê Chorão. – Ace, que continuava carrancudo, ficou com um brilho no olhar também.

- O que aconteceu com ele? – Law perguntou de maneira desinteressada. Apenas não queria que continuasse naquele silêncio desconfortável que havia se instalado antes – Vocês não o veem mais ou o que?

- Ele está fazendo faculdade de enfermagem do outro lado do país. – Sabo disse – Não o vemos desde o início do ano letivo da universidade dele.

- Entendo... Mas ele está no ensino superior ainda? Vocês são bem mais velhos, então.

- É. – Ace sorriu levemente, dando uma risada gostosa – Luffy é cinco anos mais novo do que nós.

- Não vejo a hora de vê-lo! – O loiro perdeu por completo todo o mal-humor dele, agora sorrindo abertamente – Ele vai estar presente na ceia também!

Law deu de ombros, encerrando o assunto ali. Haviam acabado de entrar na pequena rua que dava acesso à mansão, então não viu mais razões para continuar a conversa.

A residência dos D. era um lugar isolado, com certeza. Cercada por árvores, a mansão ficava no meio da floresta mais afastada da cidade. O Trafalgar já fora muito ali em sua infância, quando ainda tinha contato com a aliança do sobrenome. Afinal, ele era parte daquela “família”, também.

Porém, após seus pais terem morrido em um trágico acidente, ele tivera que viver em um orfanato, se afastando da maioria das pessoas do “clã”. Ele gostaria de ter continuado lá, mas a falta de laços de sangue fora um problema na justiça – afinal, nenhum deles eram realmente parentes, era apenas a marca do negócio.

No final da pequena estrada, pôde avistar a mansão. Estava completamente iluminada e decorada para o Natal, deixando o ambiente realmente lindo.

Assim que Sabo estacionou, Ace abriu a porta do carro e correu para dentro da residência. Ainda de longe, era possível ouvir gritos de afobação; um vindo do irmão mais velho e outro de uma voz infantil. As falas divergiam em algo como “Me solta, está machucando” e “Estive com saudades, pirralho”.

Law bufou antes de sair do veículo. Arrependeu-se de ter aceitado o convite do loiro naquele momento. Sua preciosa noite da Véspera de Natal seria com uma agitação irritante.

Olhou para o lado, achando que encontraria Sabo. Porém, ao virar-se novamente para a entrada da mansão, viu ele correndo desesperado. Uma infantilidade sem limites.

Andou até o porta-malas do carro, pegando sua bagagem. Caminhou em passos lentos até a residência D., sem pressa ou vontade de alcançar seu destino.

- Oe, Sabo, me larga! – Ouviu a mesma voz infantil novamente, porém dessa vez mais próxima – Isso dói!

- Mas eu estou com saudades, Luffy! – Law finalmente passou pela porta, avistando o loiro esmagando um baixinho com um abraço apertado. Ace, ao lado, ria horrores da cena.

- Eu não ligo! Me sol– Pareceu perder completamente sua atenção de se desprender dos braços fortes quando vira Law parado olhando tudo – Quem é você?

Luffy era alguém curioso, isso era fato. Porém, não era normal vê-lo tão feliz ao encontrar alguém novo. Seus olhos negros pareciam brilhar ao ver o Trafalgar ali.

O pequeno não tinha culpa, afinal. Law era uma pessoa peculiar, porém interessante na visão de Luffy. Seus cabelos negros eram escondidos por um chapéu de pelos manchado; algo raro de se achar. Não era todo dia que o Monkey poderia ver alguém que também usasse chapéu, por isso, tinha uma maior curiosidade por essas pessoas.

Além dos cabelos, Law também tinha costeletas e um pequeno cavanhaque negro, coisas que completavam a beleza absurda que aquele homem era.

O corpo estava escondido por um moletom preto, fazendo com que não pudesse ser analisado perfeitamente. Apesar disso, ainda era possível dizer que as curvas eram perfeitamente desenhadas.

E, principalmente, os lindos olhos amarelos. Eles eram penetrantes, parecendo que poderiam ler cada pensamento seu apenas com uma encarada. Ou, despir até sua alma com um olhar perfurante.

Também tinham os lábios, feitos em um contorno perfeito. O superior era fino e simétrico, parecendo que fora desenhado já com o destino da face séria do homem. Já o inferior, era mais carnudo e vermelho, além de parecer mais brilhante. Talvez, fosse pela mania que descobriu do homem posteriormente, onde ele passava a língua calmamente quando estava entediado ou irritado com algo ou com alguém.

Aquele homem era interessante. Luffy teve vontade de conhecê-lo melhor.
Law, ao ver o garoto parado ali na sua frente, também não pôde evitar de analisá-lo.

Primeiro, a característica mais marcante: o chapéu de palha desgastado. O objeto era amarelo opaco, contornado com uma fita vermelha. Perguntou-se se aquele chapéu tinha uma história, assim como o seu tinha.

Depois, o rosto arredondado porém magro. Ele, apesar de estranho, ficava bem daquele jeito. Os mínimos detalhes se completavam para formar uma mistura fofa. Havia também uma cicatriz abaixo do olho esquerdo, na parte superior da bochecha. Era excêntrico o modo de como aquele corte rígido na pele dele simplesmente o fazia ficar mais bonito.

Para deixar a imagem do garoto ainda mais peculiar, ele usava uma blusa social de manga curta azul marinha com flores. Através dos braços expostos pela peça de roupa, era possível ver que ele era alguém magro.

Também tinha os olhos negros brilhantes, com a ingenuidade e inocência de uma criança estampados neles.

E, principalmente, a curva mais linda e perfeita do corpo do garoto. A curva dos lábios. Naquele momento, era formado um sorriso aberto e extremamente branco, o dando um ar de graça.

Aquele garoto era estranho. Law teve vontade conhecê-lo melhor.

- Luffy, esse é Trafalgar D. Water Law; – O menor quase deu um pulo para trás com o susto – Law, esse é o nosso irmãozinho, Monkey D. Luffy.

O Trafalgar fora retirado de seus devaneios ao ouvir a voz do loiro. “Luffy...”. Ressoou o nome do garoto em sua mente diversas vezes, gostando de como a palavra soava.

- Vamos, eu te levo para o seu quarto. – Ace disse, subindo as escadas. Law o acompanhou calado.

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