Capítulo dez

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Aquela noite eu não consegui dormir, foram horas na cama sem pregar os olhos, então me levantei e fui comer alguma coisa na cozinha, assim que entrei, vi aquele lugar escuro e silencioso, mas eu não conseguia parar de pensar naquele dia em que Ian me ofereceu o bolinho dele, sorri ao pensar, foi inocente, suspirei. Peguei um pedaço de pão que estava em cima da bancada e comi, eu estava irritada, estressada e com medo do que estava por vir com a chegada de Michael. Após a sexta fatia do pão, decidi voltar para o meu quarto, enquanto eu estava passando pela sala de leitura, ouvi.

-Sem sono, senhorita? 

Parei e olhei quem falava, era Ian, com a blusa de botão para fora das calças, sem sapatos, o cabelo bagunçado caindo sobre sua testa e com um livro na mão. 

O QUE VOCÊ DIZ?

-Dizem que o melhor remédio para a insonia é ler um livro chato - ele riu

Olhei de leve o livro em sua mão e ele notou.

-Fundamentos da Física - ele disse me estendendo o livro - Não há nada pior que ver fórmulas a essa hora da noite. - brincou

O QUE VOCÊ DIZ?

-Como você está? - ele disse e eu sabia o que ele perguntava

O QUE VOCÊ DIZ?

-O conde é tão apaixonado por você, que eu duvido muito que ele a deixará por vontade própria, senhorita (S/n)! - o rapaz disse encostado no umbral da porta.

O QUE VOCÊ DIZ?

-Vocês são um belo casal, nascidos para ficarem juntos, creio que nada atrapalhará isso - ele sorriu sem mostrar os dentes

O QUE VOCÊ DIZ?

-Estou torcendo para que tudo dê certo entre vocês - ele falou se arrumando e passando as mãos pelos cabelos - Precisam dar certo! 

O QUE VOCÊ DIZ?

-Se me der licença... - ele disse saindo - Se precisar de mim, estou sempre em meu laboratório!

O QUE VOCÊ DIZ?

-Boa noite, senhorita! - ele disse já no meio do corredor

O QUE VOCÊ DIZ?

Voltei para o meu quarto e só então notei o livro que estava em minhas mãos, deitei em minha cama e peguei o livro e comecei a folhear, como Ian havia dito, cheio de equações, além do que o autor havia escrito, estava ali também algumas anotações, que eu julguei ser do rapaz. "Ótima caligrafia" pensei ao olhar as letras bem desenhadas. Foi quando me peguei pensando no rapaz "devo estar enlouquecendo" pensei comigo, aquele sorriso de menino travesso nos lábios, as palavras doces que dizia sempre que me via, meu coração bateu forte "Precisam dar certo" ele havia dito, mas, será que precisava mesmo?
Acordei na manhã seguinte, me arrumei e fui para a mesa do café da manhã com a minha família.

-Oi querida - minha mãe disse - Parece bem! - ela sorriu

O QUE VOCÊ DIZ?

-Amanhã temos uma reunião com os Barrycloth amanhã, esteja pronta! - meu pai disse

O QUE VOCÊ DIZ?

-Amanhã as duas famílias decidirão o futuro do seu noivado! - meu pai falou com os olhos gélidos de preocupação

-Você acha que... - Dylan começou a falar mas foi interrompido

-Eu não acho nada e não quero achar! - meu pai cortou rapidamente.

-Bom... - Dylan limpou a garganta - Quero avisar que eu já encontrei uma jovem com quem quero noivar.

-Que maravilha! - meu pai disse 

-Que bela notícia, meu filho! - minha mãe disse sorrindo

O QUE VOCÊ DIZ?

-Quem seria a bela moça? - minha mãe perguntou

-Não vou contar agora - meu irmão sorriu - No momento certo vocês saberão! Com licença! - ele disse levantando

-Filho espera um pouco!- meu pai disse rindo

-Você não pode sair e nos deixar aqui curiosos, Dylan! - minha mãe reclamou

-Observe - Dylan disse saindo e rindo alto.

Assim que ele saiu, o clima tenso instalou-se novamente naquele cômodo, me peguei engolindo em seco.

-Seja o que for amanhã, estará de cabeça erguida! - minha mãe disse com doçura na voz, mas o olhar amedrontado falava mais alto.

O QUE VOCÊ DIZ?

-Espero que não pague um preço alto demais pela imprudência, minha filha! - meu pai disse suspirando e torcendo o nariz para o bolo a sua frente

-Ela não fez nada, senhor meu marido! - minha mãe disse

O QUE VOCÊ DIZ?

-Não é a mim que vocês precisam convencer, é aos Barrycloth - meu pai disse limpando a garganta - E somente aos Barrycloth...

O QUE VOCÊ DIZ?

-Amanhã Michael estará aqui e tudo se resolverá - minha mãe disse batendo irritavelmente a ponta dos dedos na mesa.

O QUE VOCÊ DIZ?

-Se as damas me derem licença, eu vou cuidar dos meus negócios - meu pai disse levantando

-É claro, senhor meu marido! - minha mãe disse forçando um sorriso

O QUE VOCÊ DIZ?

Eu senti vontade de chorar, mas eu iria ser firme não daria esse gosto a qualquer empregado que quisesse me ver no chão, eu não deixaria que isso me afetasse agora, esbravejei mentalmente com as lágrimas que queriam descer. Suspirei e fui comer o pão a minha frente.

-Filha - minha mãe chamou com a voz baixa - Seja honesta comigo, você quer realmente se casar com Michael?

O QUE VOCÊ DIZ?

-Você acredita que...- ela limpou a garganta e olhou para as mãos - Talvez... sinta algo pelo senhor Jones?

O QUE VOCE DIZ?

Ela não falou nada, apenas levou a xícara de chá a boca.
Após o café da manhã, fui lá fora, o dia estava cinza e ameaçando que choveria,  fui até o coreto da casa, fiquei olhando o tempo passar. Pensando comigo "eu gostava do senhor Jones?", eu estava intrigada, curiosa, não sei ao certo... "Qual seu problema, (S/n)?". Ele estaria naquele laboratório? Eu deveria ir lá? Será que ele também sentia-se como eu? Eu queria saber, precisava saber. 
Quando me dei conta eu corria corredores adentro, ansiosa para chegar naquele laboratório, meu coração acelerado fez meus lábios sorrirem, eu me sentia muito estranha, o que havia comigo? Eu precisava saber, eu queria saber! Vi a porta do laboratório fechada, sem cerimonia eu abri e me assustei ao entrar, meu sorriso congelou e meu coração errou muitas batidas.

-(S/n)? - Michael perguntou me olhando sério

-Olá, senhorita (S/n)! - Ian falou me olhando sério.

O QUE VOCÊ DIZ?


E se você fosse de 1809Onde histórias criam vida. Descubra agora