✦ onze ✦

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POV S/N

A claridade me faz despertar. Respiro fundo e abro meus olhos enxergando as grades da parte de cima do meu beliche. De repente um flashback de horas atrás invade minha mente e novamente sinto um dor aguda passando por toda minha cabeça. Me sinto incapacitada de me mexer ou levantar, estou com tanto medo de ouvir algo pior quando aparecer na cozinha.

— S/N? — a cabeça de minha mãe aparece na porta, seus olhos estavam inchados e vermelhos. — Tudo bem?

Eu balanço que sim, mesmo sabendo que não estava nada bem.

— Sua avó está melhor, eles conseguiram reanimá-la a tempo... — ela fala, entrando em meu quarto. Um alívio enorme percorre todo meu corpo e finalmente consigo respirar aliviada. — Vai para o colégio hoje?

Por mais que eu soubesse que vovó estava bem, não estou afim de sair da cama hoje. Minha melhor amiga anda estranha, Louis ignora minha existência, Breno tem seus amigos e Luana também tem seu grupinho do primeiro ano... quer dizer que estou sozinha? Talvez... nem quando mudei de estado me senti assim.

— Acho que hoje não vou... dormi muito mal essa noite — falo, colocando minha mão em minha testa febril.

— Está doendo? — ela pergunta e eu aceno que sim. — Você desmaiou ontem... seu pai lhe trouxe para o quarto, talvez tenha levado uma pancada forte no momento que caiu no chão — explica e eu faço uma careta.

Foi a primeira vez que desmaiei e não foi muito agradável.

— Quer que eu traga seu café na cama? — minha mãe pergunta, enquanto abre a porta.

— Quem é você e o que fez com minha mãe? — falo com a voz rouca e ela revira os olhos. — Vou trazer, fiz ovos mexidos do jeito que gosta — ela pisca e sai.

Só em momentos sensíveis para minha mãe ser tão atenciosa assim.

Me estico para agarrar meu celular da cômoda e ligo o wi-fi para ver se tinha alguma mensagem nova.
Meu coração aqueceu quando vi que Louis havia mandado algo.

"soube da sua avó... sua mãe contou para a mãe da Heloísa... sinto muito"

"obrigada"

"estou no meio da aula agora, infelizmente não posso mais responder hahah depois nos falamos, fique bem ;)"

"você também ^-^"

Louis me perdoou ou não? Disso não sei, só sei que me senti muito mais leve sabendo que ele não estava mais bravo comigo, pelo menos não ao ponto de não se importar.

— Que sorriso é esse? — dona Ângela pergunta entrando no quarto com um prato e uma xícara com algo quente.

— Bobagem — falo sorrindo ainda mais quando vejo os ovos e pão no prato.

Ela apenas resmunga algo e logo sai lentamente.

***

Passei o resto da manhã deitada enquanto assistia The Big Bang Theory, minha série favorita no momento. Meu pai ligou para mamãe dizendo que minha avó voltaria hoje à tarde e que já estava melhor. Meu dia estava sendo bom até agora, sem escola e nem precisei levantar, além de que minha mãe não estava tão ranzinza como sempre é. Minha cabeça ainda latejava um pouco, mas ia melhorando aos poucos depois que tomei um comprimido amargo. Me senti sonolenta e adormeci no meio da série, não havia dormido bem o resto da noite, mesmo que tivesse apagado, me sentia exausta.

Minha mãe veio me acordar às 17:00 em ponto anunciando animadamente que minha avó já estava em casa. Pela primeira vez no dia, me levantei e corri para a construção vizinha indo direto para o quarto de vovó.

Assim que entrei, avistei meu avô lhe dando uma colherada de sopa. A mulher de idade sorriu radiante no momento que seus olhos cheio de olheiras pousaram em mim. Ela estava com uma expressão mais cansada que o normal e suas mãos tremiam levemente.

— Que susto a senhora nos deu, vó! — falo tentando sorrir, mas na verdade queria chorar por vê-la assim.

— É... me desculpa, filha — ela diz, rindo. — Por pouco não bati as botas! — a senhorinha brinca e eu balanço a cabeça negativamente. Não gosto nem de imaginar isso.

— Não fala isso, vó... a senhora vai viver muitos anos ainda para me aturar — me sento em sua cama e pego sua mão, ela tinha seus braços com algumas manchas.

— E eu vou fazer todo o esforço do mundo para te ver fazer sucesso como uma atriz! — ela fala e eu rio fraco.

Ser atriz foi meu sonho quando ainda era pequena, mas vovó ainda não tirou da cabeça isso. No momento não sei bem o que quero para meu futuro...

— Não é mais o que quero, mas seria legal se um dia eu conseguisse, não? — aperto meus olhos. 

— O importante a seguir seus sonhos, não importa se os outros digam coisas do tipo "isso não dá dinheiro" ou "ser tal coisa não é um trabalho digno", nunca deixe pessoas assim decidirem seu futuro! Nunca!

— Pode deixar que jamais vou ouvi-los! — falo, apertando sua mão enrrugada.

***

Depois de conversar mais um pouco com minha avó, espero a mesma dormir e volto para a casa. Ainda meio sonolenta, deito na cama com os fones conectados e coloco uma música numa playlist do Spotify, fico cantarolando baixinho por horas até eu finalmente dormir.

✦ Feelings ↦ Louis Partridge ✦ Onde histórias criam vida. Descubra agora