✦ Feelings ↦ Louis Partridge ✦

✦ trinta e nove ✦

POV LOUIS PARTRIDGE

Minhas irmãs e eu dormimos em um dos quartos de hóspedes que tinha na casa da vovó. Já era de manhã, minha mãe saiu cedo para tentar desfazer a merda que meu pai fizera. Nem sei como ele conseguiu arranjar uma restrição me impedindo de sair do país, e para ser bem sincero, nem quero saber.

Logo que escuto o barulho do motor de um carro, pulo da cadeira da mesa da cozinha e saio aos passos apressados até a varanda. Encontro a senhora Louise saindo de seu carro com papéis na mão.

— Deu certo? — pergunto.

— Sim — diz, com um sorriso. — Acha mesmo que seu pai iria lhe impedir de viajar? Ele pode até ter muito poder, mas eu e minha inteligência temos mais — se gaba.

— Obrigada, mãe... — sussurro.

Algo ainda me impedia de voltar.

— Achei que ficaria feliz com isso, Louis...

— E estou, mas mesmo assim, não posso retornar ao Brasil. Infelizmente a senhora ainda não pode impedir que o doente do seu marido faça algo para prejudicar minha namorada, além disso, não temos provas para... sei lá... por mais doloroso que seja dizer isso, prender meu p-pai.

— Ex-marido — a mesma corrige. — Aproveitei que fui até meu antigo escritório e dei entrada ao divórcio, não posso ficar com alguém como Harry, ele se transformou em um doente, um monstro — a mais velha diz e pude perceber a dor em sua voz.

Eu também me sentia muito mal, meu pai sempre fora uma inspiração pra mim, porém nos últimos meses, não mais. Só queria que isso fosse um pesadelo.

— Vamos entrar... Precisamos dar um jeito nesse assunto, se não quer voltar, ao menos dê notícias a sua namorada, quem sabe ela entenderá... — sinto sua mão acariciar os fios de cabelo em minha nuca.

— Aquele homem levou meu celular — resmungo, enquanto andamos até a cozinha onde as três se encontravam.

Vovó, assim como Millie e Issie, ainda estavam confusas com tudo isso. A senhorinha ficara externamente decepcionada com meu... pai; e com razão.

— Querido, se quiser posso comprar um celular novo, assim poderá falar com S/N — mamãe diz, logo que sentamos na mesa.

— Quem é S/N? — minha avó pergunta, com um sorrisinho formando-se em sua face enrrugada.

— Namorada do Louis — mamãe diz, sorrindo de forma perversa. — Ela é linda, vai adorar conhecê-la!

— Não precisa, quer dizer, quero o celular sim; mas não vou falar com S/N — falo. Por mais que doesse; por mais que eu soubesse que ambos iríamos sofrer, não podia deixar que alguém a prejudicasse por minha culpa.

— O quê? Por quê? — dessa vez foi Millie quem se pronunciou.

— Longa história, tem a ver com as ameaças do nosso pai — explico de forma bem resumida.

— Está sendo covarde! Deveria ao menos dar uma explicação a garota, ela merece saber — Issie diz, eu levanto da mesa de forma brusca.

— Não posso me comunicar com ela, pelo menos por enquanto, o.k.? Só entendam isso! Já causei transtornos demais na vida de S/N — com meu peito ardendo, saio da cozinha deixando o resto das panquecas e o gole de café preto, que já estava quase frio.