Capítulo Um - Aiyra

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- Aiyra, conta na mesa seis - ouço Sabrina gritar da recepção assim que saio do banheiro.

- Estou indo - respondo

Trabalho no restaurante Castelar já tem mais de dois anos e nunca me acostumei com a loucura que fica esse lugar aos fins de semana. Meus turnos geralmente são no meio da semana das 10:00 às 16:00 horas, mas aos fins de semana o Sr. Pedro conta com quase toda a equipe o dia todo e hoje aqui está uma loucura.

- Aqui está sua conta, senhora - digo com um sorriso gentil ao entregar a caderneta com o valor da conta a uma senhorinha muito bonita que recebe com um sorriso muito acolhedor.

- Aqui está, meu bem. Você é muito educada e muito linda também, o troco fica de gorjeta para você.

- Muito obrigada, senhora - digo radiante - o restaurante Castelar agradece a sua presença - acrescento.

Entrego a caderneta com o dinheiro a Sabrina na recepção logo depois.

- Aiyra, vem aqui - ela me chamar de volta minutos depois.

- Sim

- A conta daquela mesa, tem 50,00 reais a mais.

- Sério? - Pergunto um pouco assustada

- 50,00 reais e uns centavos para ser mais exata - agora ela fala me olhando fixamente.

- Bom, aquela senhorinha ali - digo apontando para a senhora que está saindo do salão - entregou a caderneta com o dinheiro e disse que o troco era gorjeta minha.

- Óbvio que seria, por isso você é a preferida do Pedro - Sabrina diz revirando os olhos, mas eu sei que é apenas uma brincadeira de sua parte então acabo nem ligando.

Ela, S.r Pedro e Carlos são os únicos por aqui que tenho uma conversa digamos que descente e consequentemente os únicos que falam coisas do tipo e eu não me importo.

Pedro Castelar ou Velho que é como seu filho o chama, apelido no qual acabou pegando então a maioria de seus funcionários o chama assim. Ele é quem deu início a esse restaurante que agora é um dos mais requisitados dentre toda capital de São Paulo, o velho já tem 67 anos e mesmo assim ainda comanda esse restaurante com muita destreza, sabedoria e com a ajuda de seu filho, Carlos, que também é chefe de cozinha do restaurante. Pelo que Sabrina me contou ele estudou gastronomia nas melhores escolas e viajou o mundo para conhecer diretamente a culinária de alguns países, Carlos deve ter 40 anos ou mais, mas devo dizer que está em ótima forma assim como também nitidamente tem uma queda pela nossa recepcionista e caixa, Sabrina.

Fico pensando quando ele vai ao menos tentar chamar ela para sair, pelo que vejo de interação deles dois me parece que o sentimento e interesse é recíproco, mas não vou me meter já que os dois são bem grandinhos e eu tenho mais com o que me preocupar, tipo a faculdade e eu mesma.

Hoje está sendo um domingo muito agitado, não vejo a hora de chegar em meu apartamento, tomar um bom banho e cair sobre minha cama, e pelo cansaço de hoje eu sinto que enfim conseguirei ter uma noite de sono descente.

Amanhã começa uma nova semana, queria poder estar mais animada com isso, mas acho que particularmente ninguém se anima com o começo de uma nova semana e tudo se repetindo. Devo dizer que poucas coisas me animam nessa vida monótona, sendo sincera consigo contar em apenas uma mão o que ainda me motiva e me anima nessa coisa que chamam de vida, ou seja, minha mãe, minha irmã, meu pequeno sobrinho, faculdade, e não nego que já me acostumei com o trabalho ao ponto de gostar, afinal ele ocupa bastante minha cabeça e com isso não preciso pensar tanto em outras coisas.

- A proposito como está indo na faculdade – Sabrina pergunta fazendo com que eu deixe meus pensamentos de lado

- Está bem, talvez consiga um estágio nesse período – respondo

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