Agora eu estava sentada aprendendo sobre a importância de servir o bule de chá pelo lado direito. Dalilah estava segurando a risada olhando minha cara de tédio enquanto Madame White falava.
-Também é muito importante levantar o dedo mindinho ao segurar uma xicara para mostrar delicadeza- suas palavras soavam como uma música de ninar, pois quanto mais ela falava com mais sono eu ficava.
Peguei a xicara de porcelana com rosas desenhadas e a segurei estendendo meu mindinho. Olhei para as Marquesas e Condessas ao meu lado e invejo seus interesses por tais assuntos, todas olhavam atentas e algumas até felizes, como se gostassem de estar ali.
-Certo, isto é tudo por hoje damas, podem ir- me aproximo de Lila e vamos em direção até a porta.
-Princesa, venha aqui por favor- paro de andas e olho para Dalilah pedindo socorro e ela apenas ri.
-Sim?- digo com o melhor sorriso que posso dar no memento em meu rosto.
-Eu soube que u príncipe vem para o reino hoje- a mesma feição que Dalilah fez hoje de manha surge em seu rosto eu já entendo do que ela está falando.
Eu sou a herdeira do trono, mas só posso assumi-lo se me casar. Maldito governo machista. Mas apesar de assumir o trono apenas quando casar, meus pais me deram o privilégio da escolha, apesar de que para mim isso não deveria ser considerado um privilégio. Se meu irmão escolheu com quem iria casar, por que eu não posso escolher também.
minha mãe era a única que me entendia neste assunto, pois antes de assumir o trono ela estava na mesma situação que eu, mas felizmente ela e meu pai se apaixonaram e se casaram. Conheço muitas Princesas que se casaram por que os pais a obrigaram.
Meus pais me disseram que eu só devo me casar quando achar a pessoa certa. Lembro que "perguntei como que saberei qual é a pessoa certa?", eles se entreolharam e eu nunca esquecerei aquela feição de quem se sacrificaria pela outra pessoa, de que o mataria um exercito por esta pessoa, que aquela era a pessoa certa. Eles olharam para mim e minha mãe falou "Você saberá, meu amor".
Meus pais fizeram eu me apaixonar pelo amor, sei que parece uma frase estranha, mas acho que isto seria o que resumiria melhor o que eu sinto pela relação dos meus pais. Era lindo!
-Não pretendo me casar agora, Madame White- digo com calma.
Acho que puxei essa calma da minha mãe, ele sempre se falava com calma, mesmo se fosse para brigar.
-Mas a senhorita já vai fazer 20 anos!- fala gesticulando mais do que pessoas normais fazem.
-Me casarei apenas quando eu quiser, Madame. Agora, se me der licença, tenho compromissos agora- falo com a maior suavidade que consigo, pego na saia do meu vestido e me retiro da sala.
-Que mulher chata!- digo para Dalilah assim que saímos do local.
-Amy!- me repreende com um leve tapinha no ombro e começamos a rir.
A verdade é que eu não tinha nenhum compromisso agora, só queria sair dali o mais rápido possível.
-Vou cavalgar agora, pode tirar a tarde de folga- entro em meu aposento e Dalilah permanece parada na porta.
-Não esqueça que tem que voltar as três!- vou em direção ao banheiro e a escuto falar mais alto para que eu possa ouvir.
-está bem! Peça para o Senhor Hudson preparar Argus para mim quando sair por favor!- respondo mais alto ainda, pois eu estava me afastando mais.
Argus é meu cavalo, ganhei de meu pai quando fiz dezesseis anos, pobre Atlas, meu pônei já não me aguentava mais e estava bem velhinho.
Lembro que ganhei atlas no meu aniversário de cinco anos, eu havia escutado falar sobre unicórnios e não parava de procurar um pelo estábulo real, então meus pais me deram um pônei e falaram que ele havia quebrado seu chifre e por isso não o tinha, então eu devia cuidar bem de Atlas, para ele não se sentir excluído.
Nunca entendi por que escolhi esse nome...
Vou ao meu closet, pego uma calça de couro marrom, uma blusa preta e uma jaqueta da mesma cor que a calça. Me visto e coloca minhas botas.
Desço as escadas novamente e sigo para a cozinha. Vejo o Senhor Green sovando uma massa que parece ser de pão e ao seu lado a Senhora Green lavando algumas frutas.
-Boa tarde!- pego uma pera e dou um leve abraço na Green.
-Não pegue isso Amelie! Já colocarão a mesa para o almoço- diz pegando a pera da minha mão e colocando de volta na cesta de frutas.
-Não vou almoçar, Senhora Green, vou cavalgar um pouco- pego de volta a pera e coloco na minha boca arrancando um pedaço da fruta verde.
-está bem- e volta a lavar as uvas.
-Tchau Senhor e Senhora Green- saio pela porta dos fundos que fica mais perto do estábulo.
Meu pai não gosta quando saio pelos fundos, não sei por que.
Pego a sela de couro claro do Argus e vou a sua baia
-oi amigão! Como você está?- passo a mão por seus pelos negros e o vejo abanando seu rabo, encosto minha testa em seu focinho e aquilo automaticamente me acalma.
A vida de princesa, por mais que não pareça, é muito cansativa... Meu pai me ensinou a cavalgar quando eu ainda tinha quatro anos. Sempre me acalmava andar com Argus...
Coloco a sela sobre suas costas e subo em cima dele. Corremos até a floresta, um lugar que eu certamente conheço bem.
Mais a frente, bem no meio da floresta, está minha mãe... Uma árvore bem grande com folhas cor de rosa e lilás... Ela falou para meu pai uma vez que se morresse queria que seu corpo virasse adubo para uma árvore, a mais bonita que ele pudesse ver.
Com certeza aquela é a árvore mais linda que eu já vi na minha vida! Era o meu lugar de paz... Me sentia nos braços de minha mãe novamente quando ficava na sombra de suas folhas...
-oi mãe! Acredita que a Senhora White já veio me cobrar o meu casamento novamente?- digo ao meu sentar perto de suas raízes.
Sinto a brisa bater em meu rosto, escuto o balançar das folhas das árvores, aquilo me acalma tanto...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Onde o céu azul refletir
FantasyUm ataque fantasma que matou todo um reino... Quer dizer, quase todo mundo... Agora, após tudo isso, Amelie precisa rever histórias e ensinamentos do passado para reconstituir seu reino e legado de seus pais.