Capítulo 2

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Passaram-se quatro meses desde o dia em que vim morar na enorme mansão do senhor Richard, no momento eu estava desempregada por causa de um complô que fizeram contra mim. Verônica e Esther, que eu havia encontrado no aeroporto quando estava vindo para Libam, são filha e neta do senhor Richard e juntos conseguiram me convencer a arrumar emprego após o período de uma licença maternidade.

De início não queria ter que ficar parada, mas depois tomei consciência de que eu precisava me cuidar para que nada de ruim afetasse meu filho. A esposa do senhor Richard eu conheci a uns dois meses, está em uma viajem visitando a família lá na América Latina.

— Mamãe, será que podemos comprar um sorvete? — Esther disse segurando a mão de Verônica enquanto passeávamos pelo shopping. — Por favorzinho!?

Senti olhar de minha mais nova amiga sobre mim como se pedisse desculpas, já fazia algum tempo que estávamos ali comprando algumas roupinhas para meu filho e uma fantasia para Esther, que teria uma festinha na escola.

— Está tudo bem, podemos passar ali. — abri um sorriso. — Eu estou mesmo com uma vontade grande de saborear um sorvetinho de morango.

Olhei para Esther dando uma piscadinha cumplice para a pequena que riu baixinho como se tivéssemos tramando alguma coisa.

— Já que a tia Elisa também quer, podemos ir ali pegar. — Verônica disse rindo do nosso joguinho.

***

Após pegarmos os sorvetes, fomos para o estacionamento do shopping onde o motorista da família nos esperava. Ele pegou as sacolas para poder guardar no porta-malas, esperei Verônica e Esther entrarem no carro, mas quando foi a minha vez escutei alguém chamar meu nome e me virei abruptamente para verificar quem era franzindo o cenho.

— Você é a Elisa? — a mulher que me chamou estava levemente exausta e eu acredito que dor, já que correr de saltos não era muito bom. — Elisa Robson?

A mulher a minha frente me parecia familiar e foi só olhar em seus olhos que eu pude me lembrar.

— Sim... sou eu. — afirmei um pouco relutante.

— Finalmente te encontrei, preciso falar com você. — ela disse respirando fundo. — Sou Amélia, mãe de Alec e Tobias.

— Claro, eu me lembro da senhora. — a lembrança dela entrando na sala de Tobias naquele dia me veio à mente. — Muito prazer em conhecê-la, mas eu não estou com tempo para isso...

Eu ia me virar para poder entrar no carro mas ela segurou meu braço de forma firme me fazendo olhar para ela, a pobre mulher estava com o semblante triste e me senti um pouco mal por ela. Ela não tinha culpa do filho que tem e do que teve, talvez eu não devesse ser tão dura com ela.

— Por favor, eu só quero conversar. — ela implorou e olhou para minha barriga dando um leve sorriso. — Como cresceu, já deve estar perto de nascer...

— Ah, sim... — abri um sorriso de canto e respirei fundo ao vê-la soltar meu braço. — Tudo bem, senhora Walton. — passei as mãos levemente por meus cabelos. — Podemos marcar um dia para conversarmos, no momento eu só quero ir para casa descansar.

— Ótimo, vou lhe dar meu cartão e você me liga para marcamos. — ela retirou de sua bolsa preta média um cartão e me entregou. — Estarei aguardando.

Assenti e guardei o cartão em minha bolsa, ergui meu olhar novamente ao escutar passos apressados vindo em nossa direção. Era Tobias e ele não parecia nada contente coma nossa aproximação.

— Mãe, estava te procurando pelo shopping inteiro! — ele olhou para mim fazendo cara feia. — O que está fazendo aqui com essa asinha?

Ele estava com os cabelos penteados de lado e usava apenas uma camisa social branca, sapatos pretos e uma calça social na mesma cor. O ar arrogante não saia dele e me pergunto o motivo de ter que cruzar meu caminho com essa criatura justo em um dia como este.

— Cale a boca, Tobias. — segurei a risada com o pronunciamento da senhora Walton. — Não devo satisfações a você. — ela disse revirando os olhos e ele encolheu os ombros um pouco frustrado. — Ah, e na próxima vez que você desrespeitar essa moça vou te dar um tapa irá trazer a educação que lhe dei de volta.

Tive que pigarrear para que a risada não saísse e sorri levemente para a Amélia que estava irritada com o filho. Pelo o que posso ver ela não é uma mulher arrogante como eu esperava que fosse, estou começando a gostar dela.

— Está tudo bem, senhora Amélia. — eu disse não dando importância para a presença insignificante de Tobias.

Fui interrompida pela voz manhosa de Esther que vinha de dentro do carro.

— Mamãe, está demorando muito para irmos... estou com sono.

Olhei para dentro do carro vendo a expressão de súplica de Verônica, aquela conversa já estava durando demais e a pobre menina não era obrigada a ficar esperando essa discussão começar.

— Eu realmente preciso ir, senhora Amélia. — eu disse segurando a mão dela e apertando levemente. — Eu te ligo, até mais.

— Até, querida. Vá com Deus! — ela disse sorrindo para mim.

Lancei um olhar cortante para Tobias e entrei no carro, o motorista veio fechando a porta e entrou logo em seguida para irmos embora. O carro começou a andar e olhei para trás enquanto saíamos do estacionamento, pude presenciar a cena mais satisfatória do mundo.

A senhora Amélia Walton dando dois tapas no pé do ouvido de Tobias. Eu ri e Verônica me acompanhou.

— Sinto que talvez com ela eu possa me dar bem... — comentei olhando para minha amiga que tinha colocado a filha deitada em seu colo para a ninar. — O que você acha, Verônica?

— Bom, ela é a avó do seu filho... — me olhou enquanto acariciava os cabelos da filha e sorriu. — Acredito que Amélia merece a chance de conhecer o neto e a mãe dele.

Apenas assenti com um sorriso de canto e olhei pela janela de vidro fechado. Amélia parecia ser uma mulher muito boa, de gênio forte, mas ainda sim de um senso enorme, porém fico curiosa em saber como ela sabe de mim já que eu tenho a certeza de que Tobias jamais teria comentado sobre o ocorrido naquela sala, pelo menos não por vontade própria.

Ele era um crápula e disso eu tinha plena certeza.

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