Amor Sem Limites

Capítulo 1

A única coisa que conseguia me lembrar era que eu comecei a sentir um leve mal estar depois de ter andado por quase duas horas sem parar, já que não tinha dinheiro para pagar um táxi e não contava com essa minha repentina volta. Me recordo também de que ia atravessar a rua, mas depois aconteceu tudo muito rápido e tudo o que vi foi a escuridão e algum tipo de barulho, talvez um grito.

Enquanto estava imersa na escuridão, eu podia ver a imagem das pessoas que me fizeram tanto mal, memórias dos acontecimentos que me machucaram profundamente. Eu podia ver cada cena passando a minha frente, eu conseguia ouvir o que cada uma delas estava dizendo, apesar de não emitir som algum.

Minha mãe quebrando algumas coisas da casa após receber a notícia de que estava grávida, meu pai me chamando de nomes que não tenho nem coragem de repetir. Meu chefe me demitindo assim que eu completei três meses de gestação, com uma frieza sem igual. E a pior de todas: a morte de Alec. Ainda me lembro da dor que eu senti quando recebi a notícia de que ele tinha sofrido um acidente e que estava em uma situação grave.

Mas o que eu achava engraçado era que eu não estava mais sentindo aquela dor, isso graças a notícia que o babaca do irmão dele havia me dado a respeito dele. Meu coração ainda estava um pouco conturbado, mas estava mais tranquilo, mais leve. Não iria guardar nenhum tipo de rancor, já que eu o amei muito e teria uma parte dele sempre comigo.

Assim que abri meus olhos uma luz me cegou, levou um tempo para eu poder acostumar minha visão. Meu corpo todo estava um pouco dolorido, resmunguei ao sentir dor de cabeça fazendo uma careta de dor.

— Querida, consegue me ouvir? — escutei uma voz desconhecida por mim e virei levemente o rosto para o lado vendo uma mulher de talvez uns cinquenta anos me olhando preocupada. — Como está se sentindo?

— Hum... — fiquei a olhando por breves segundos antes de responder. — Estou sentindo um pouco de dor de cabeça e no corpo. — abaixei o olhar para minha barriga imediatamente ao me lembrar da minha situação, coloquei a mão sobre ela ainda sentindo o volume que indicava a presença do meu pequenino dentro de mim, aquilo me deu um certo alívio.

— Está tudo bem com você e seu bebê. — a senhora afirmou e percebi o uniforme branco que ela estava usando. Ela era uma enfermeira e eu estava em hospital. — Você se lembra do que aconteceu?

Levantei meu olhar para fixar minha atenção em seus olhos, não conseguia me recordar de nada além do que eu já mencionara para vocês. Mas eu sabia que tinha acontecido alguma coisa, minha preocupação e o fato de eu estar deitada em uma cama de hospital com uma enfermeira me examinando só podia significar que eu quase morri na noite passada.

— Não, não consigo me lembrar. — afirmei para ela. — O que realmente aconteceu?

— Houve um acidente, ao que parece você não estava se sentindo muito bem e quando atravessou a rua sem olhar acabou sendo atingida por um carro. — ela explicou enquanto verificava minha pulsação. — Não foi nada grave. De acordo com o relato do dono do carro foi por pouco que não te jogou longe.

Ela me explicou também que o homem tinha ligado para a emergência e não saiu do meu lado em nenhum momento, contou também que era um senhor muito rico e influente na cidade e que eu não precisaria me preocupar com nada. Ao que parece ele já havia acertado todas as contas com o hospital.

Fiquei sem saber exatamente o que dizer, então não me pronunciei e esperei ela sair para buscar o médico. Fico aqui pensando em como retribuir o favor que esse tal homem me fez, tenho uma dívida com ele, tendo em vista que ele é rico e muito importante não foi ele exatamente quem quase me matou, mas o motorista dele, não? Calma que eu não estou culpando o pobre motorista, de certa forma a culpa também foi um pouco minha por ter forçado muito aquela caminhada.