A sala continuou vazia por mais alguns minutos, até eu ouvir o sinal tocar novamente e o som de uma manada de elefantes subindo as escadas, minha paz acabou!
Amarrei minha cara e bufei, dava tudo para hoje ser mais um dia de férias.
Em questão de segundos, várias pessoas passaram pela sala, e algumas até entraram nela, logo, logo a sala se encheu e quase não havia mais lugares para sentar, apenas um a minha frente, e a primeira classe no canto da janela não tinha expectativas por quem sentaria nesses lugares, só tinha uma única coisa que me incomodava, cadê a “pussy suprema”?
Como dizem, falando no diabo ele aparece! Alguns segundos depois ela entrou na sala ainda mascando os chicletes, rebolando, porém com a boca completamente borrada de batom vermelho, certamente essa mesma boca estava ocupada demais durante o discurso do diretor, e não era mascando os chicletes.
Lançou- me um olhar sedutor e uma piscadela, virou- se para frente e tirou um caderno com paisagens na capa de dentro da bolsa, me joguei na cadeira aguardando o professor chegar, porque diabos ele estava demorando tanto?
Peguei meu caderno e meu estojo e os jogue sobre a mesa comecei desenhando o Mickey, não tinha muitas coisas para fazer, só desenhar mesmo.
Fui tirado do meu estado vegetativo por uma pequena garotinha que entrou na sala, era a garota do corredor! Era ela, a cada passo que ela dava, um som estranho vinha de seus pés, talvez os tênis fossem novos, e por alguns instantes o som me lembrava patos.
A encarei entrar timidamente na sala, com os olhares todos voltados para ela, como se fosse uma espécie desconhecida, não entendia por que boa parte da turminha do fundão (incluindo a “pussy suprema”) cochichavam coisas e a olhavam com desprezo, para mim era apenas mais uma garotinha com patos nos pés.
Baixei a cabeça e virei a folha com o Mickey fumando maconha nela e comecei um novo desenho, a ideia de desenhar uma garota com patos nos pés, era tentadora, ninguém nunca veria o desenho mesmo.
A observava as vezes para fazer o desenho, queria que ficasse parecido, seria mais fácil se ela levantasse a cabeça e olhasse para trás de vez em quando, talvez estivesse se escondendo da turminha do fundão e da pussy suprema,.
Continuei me esforçando para desenha- la, cabelos longos, lisos e negros, olhos azuis e enormes, a boca carnuda, um nariz pequeno, foquei no rosto durante a aula, não tinha noção nenhuma do corpo dela para desenhar, mas ver os rabiscos do rosto dela já desenhado, reparando atentamente, ela me lembrava um anjo.
Tirei a ideia de acha- la bonita da cabeça, com o clássico pensamento de quase todos os homens do mundo a Megan Fox existe, linda e gostosa, é esse o tipo de mulher que eu quero pra mim, não um anjo.
Continuei focado nesse pensamento, até o professor chegar, quando ele chegou, começou com as apresentações dos alunos, como se não conhecesse todos ali.
-Ola, ola! Sou o professor Sean Miller, mas podem me chamar de professor. -Falava tentando ser engraçado, mas alguém diz pra ele que se ele fodeu ou não na noite anterior, ninguém precisa saber. –bom começaremos pelas apresentações... Qual é, não sejam tímidos meninos... e meninas! Eu já me apresentei,agora é a vez de vocês; -Disse sorrindo feito um idiota após ver a expressão de tédio no rosto dos alunos, se fosse eu iria embora. Estava na cara de que ele era um novo professor na escola, mas logo, logo se livrariam dele. Tenho certeza!
Logo ele começou a apontar para as classes e perguntar quem era quem e o que fizeram durante as férias.
Primeiro a fila da porta, depois a segunda fileira de classes e logo chegou a minha vez.
-E você rapazinho moreno, diga seu nome e o que fez durante esses meses. –Disse animado.
Rapazinho moreno? Ta de brincadeira!
-Zayn Malik. Fui para a casa dos meus pais na praia com uns amigos. –Disse sério, ele que não me venha perguntar a minha idade ou dou um tiro.
-Okay rapazinho! –Respondeu, e eu só conseguia pensar: Por favor para de em chamar de rapazinho.
Em seguida perguntou para o garoto com cabelos longos e cacheados sentado atrás de mim.
-Harry Styles, Las Vegas com o meu amigo. –Apenas disse sorrindo debochado, esse garoto me traria problemas, tinha certeza disso, só pelo olhar desprezível que lançou para mim enquanto o observava responder a pergunta, péssima idéia tirar a atenção do desenho Malik. Péssima idéia.
Alguns minutinhos se passaram quando algo tira a minha atenção do desenho, uma voz baixinha e suave.
-Lola Bennington. Passei as férias com meus pais aqui mesmo. –Dizia olhando para as próprias mãos. Com as bochechas que antes eram brancas como a neve, agora levemente coradas.
A aula seguiu como eu imaginava o professor falou sobre como foi no Havaí, como se divertiu com a sua namorada que também era professora, só que diferente dele ela dava aula de história e aparentemente era a mulher mais bonita do mundo de biquíni, pelo menos foi como ele a descreveu, mas se não teve bom gosto nem para escolher um escola para dar aula, imagino para as mulheres.
O tempo demorou muito a passar, deu tempo de colocar e tirar coisas do desenho várias e várias vezes durante a aula e como eu imaginava, o professor não passou nada de interessante durante a aula, apenas conversou conosco durante sessenta minutos, como se alguém estivesse interessado em ouvi- lo.
Em alguns instantes o sinal tocou era recreio, livre, ia me enfiar em algum lugar escondido e ficar ouvindo musica.
Todos saíram da sala desesperadamente, inclusive empurrando o professor. A missão de se livrarem dele já havia começado.
Deixei para guardar meu material e sair por ultimo, pois não queria ser esmagado, não seria difícil ser esmagado, não faço o tipo garoto musculoso, certamente se me metesse no meio dos jogadores de futebol, acabaria na finura de uma folha de papel.
Logo saíram da sala, então pude perceber que não fui o único a decidir esperar a manada de elefantes sair da sala para poder sair, a Lola também.
A baixinha levantou- se da cadeira –com os tênis já rangendo – e olhou na minha direção, retribui o olhar e ela corou violentamente, talvez tenha ficado nervosa, pois deixou seu estojo e todas as suas canetas caírem no chão, se espalhando par todos os lados.
Apenas sacudiu a cabeça evitando olhar para mim, aproveitei que ela estava de pé para observa- la melhor, diria que ela tem tipo 1,45 de altura, é realmente ela parece uma patinha.
Dei um sorriso imaginando como seria se ela realmente estivesse com patos nos pés, enquanto ela se abaixava para juntar suas canetas, joguei meus matérias na mochila e me levantei, passando perto da classe de um garoto chamado Ed e juntando uma de suas canetas.
Abaixei- me junto á ela e entreguei a caneta.
Lola apenas me olhou com uma carinha assustada e as bochechas vermelhas, sua boca também estava vermelha, seus olhos brilhavam, ela é de fato uma garota muito bonita.
Levantei e segui andando á passos largos até a porta da sala, era melhor sair logo dali. Não é bom ter esse tipo de contato com as “patinhas” da sala de aula, se bem que vendo por outro lado, talvez fosse divertido brincar com ela.
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Until It's Gone
Mystery / ThrillerEu não sabia o quanto tinha, e como era importante e quando vi, perdi umas das coisas de quem eu mais dependia, do que eu mais precisava, do que me mantinha seguro, me perdi de mim mesmo, perdi o controle...