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Namjoon, já com seu conjunto de moletom cinza, confortavelmente sentado no sofá, fingia prestar atenção na TV, passando algum filme de ação

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Namjoon, já com seu conjunto de moletom cinza, confortavelmente sentado no sofá, fingia prestar atenção na TV, passando algum filme de ação. Aquele nem era o gênero que mais gostava, era muito mais o estilo de Tokyo do que o dele, mas o rapaz nem se deu ao trabalho de procurar outra coisa nos outros canais, porque a televisão ligada era só uma tentativa dele não ficar completamente no escuro, e da casa não embarcar em um silêncio esquisito e desconfortável.

Se sentiu meio bobo ao notar a legenda em coreano na parte inferior da tela e mais ainda de ficar feliz e até, esperançoso, com aquilo. Haviam grandes chances de Tokyo só não ter se dado ao trabalho de mexer ali e simplesmente ter ignorado a configuração, mas não teve como não se lembrar das noites em que passaram abraçados, naquele mesmo sofá, assistindo algum filme, ou rindo, enquanto lutavam pelo controle remoto.

Ele afundou o corpo no sofá e observou o apartamento. Os móveis de madeira clara, as paredes brancas, suas plantas inesperadamente combinando com acessórios modernos de Tokyo. Tudo ali dizia tanto sobre eles dois e o que construíram juntos, que naquela altura era difícil para o Kim imaginar viver sua vida em outro lugar. Seu olhar parou em um local próximo de onde ele estava, e Namjoon deixou um riso escapar ao ver os puffs de cores e modelos tão diferentes, ocuparem tanto espaço na sala, que a fazia parecer menor do que realmente já era.

Poderiam o obrigar a voltar para a Coreia, mas era ali que ele se sentia acolhido e compreendido. Era ali que ele tinha se reconhecido como alguém.

Era ali que Tokyo estava.

Ele virou a cabeça na direção da entrada quando ouviu o barulho da fechadura digital sendo desbloqueada. Observou a mulher se apoiar com uma mão na parede, enquanto tirava os saltos dos pés e os largava no genkan*. Enquanto bufava, tirou a jaqueta e a jogou no puff verde, seguindo até a cozinha, sem se dar ao trabalho de acender as luzes até lá. Os fones nos ouvidos de Tokyo tocavam uma música alta, tão alta, que mesmo com o som da TV reproduzindo uma cena de fuga em meio a explosivos e tiros, ele ouviu a voz acompanhada de uma batida empolgante.

Namjoon a observou abrir o armário superior e tirar a taça para vinho, sumir e depois voltar ao seu campo de visão, equilibrando meio atrapalhada a garrafa e o objeto transparente. Ela tinha se irritado com algo, ele sabia, sem nem mesmo precisar perguntar. Não demorou muito para Tokyo encher o copo até a metade com o líquido vermelho e tomar tudo em poucos goles. Ela manteve os olhos fechados por um tempo, parecendo absorver o sabor, e a cena foi o suficiente para Namjoon querer ir atrás do seu caderno de anotações e despejar palavras sobre a forma em que sentia seu corpo se aquecer, interna e externamente, só de olhar para ela.

Só após descansar o objeto de cristal sobre o passa-pratos, Tokyo pareceu notar a iluminação vinda da tela retangular e depois percebeu o homem ali.

— Pensei que já estivesse dormindo — ela disse, tirando os fones da orelha e colocando ao lado da taça. Namjoon balançou a cabeça, negativamente, e apontou o controle para a TV para a desligar. Se perguntou como ela não havia o visto sentado ali, com aquele tamanho todo.

Tokyo • Kim NamjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora