notas finais.

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Hoje é quarta, 16 de dezembro de 2020 e o relógio marcava 22:50 quando decidi começar a escrever aqui. Não sei se isso significa alguma coisa, mas queria registrar.

Tokyo é uma história que não foi gerada agora, na verdade, acredito que ela veio para mim e se apresentou em alguma noite de 2019 ou 2020. Essa noite eu não lembro exatamente qual era a data, mas talvez também tenha sido em mais uma dessas quartas-feiras que a gente não dá nada por elas.

Lembro que eu estava de fones, sentada na varanda de casa, quando mono. apareceu na tela do meu celular, no meio de tantas outras playlists e álbuns, e eu decidi que iria ouvir. É a minha mixtape favorita, sabe? Iria ser mais uma vez que eu ia escuta-lá. Era só isso.

Mas, vocês já ouviram mono., sozinhes, em um lugar calmo, onde só tem você sentindo a natureza e todo seu universo? Com os fones bloqueando o acesso total dos barulhos do mundo? E de olhos fechados?

Se não, eu recomendo.

Ainda não me acostumei com a reviravolta que acontece aqui dentro sempre que os sons de tokyo começam, mas daquela vez, foi como se Namjoon estivesse contando uma história. Foi estranho, porque não era a primeira vez que eu escutava a música, e mais estranho ainda, porque aquelas frases me trouxeram a sensação de que talvez o que ele estava dizendo ali, fosse uma espécie de carta. Eu já tinha ouvido tokyo milhares de vezes e isso nunca tinha me acontecido antes. E a questão que mais me martelou naquele momento foi: ok, mas então a quem ou a o quê, poderia ser essa carta?

Após sentir como, cada um daqueles sons de fundo, do instrumental, a voz do Nam naquelas palavras, e o fim com o assobio chegaram a mim, antes que seoul começasse, eu pausei o som e fiquei um bom tempo paralisada pensando sobre o que tinha acontecido ali.

Porque, a Tóquio metrópole até fazia sentido, mas se Tokyo, na verdade, fosse uma pessoa? E se aquelas frases, na verdade, não fossem especificamente só para a cidade de Tóquio, mas para alguém que estava lá?

Quem me conhece da Sépia, sabe que eu tenho esse jeitinho meio diferente de enxergar o mundo. E sabe, quando eu era mais nova, eu não sabia lidar muito bem com isso. Na verdade, eu não gostava, porque me fizeram acreditar ter um problema muito grande em ver as coisas dessa forma. Acho que em 2018, quando o Nam lançou mono., eu ainda não tinha aprendido a abraçar esse meu lado. Então essa Tokyo aqui, não quis nascer naquele momento.

E tá tudo bem, Tokyo.

2020, apesar de todo o caos que têm sido, me ensinou a apreciar esse meu lado que, como diria a Tokyo, tem "esse olhar com aura romântica de que vai ficar tudo bem". Porque enxergando o mundo desse jeitinho diferente, foi onde encontrei o meu refúgio. Foi onde, eu, Polly, encontrei um pouquinho de paz.

Graças a escrita, percebi que isso foi muito mais além do que só a Poliana querendo jogar sentimentos que ela não sabia o que fazer, para fora. Graças a essas histórias, conheci pessoas maravilhosas neste ano, que poderia só me deixar memórias ruins, mas que, na realidade, não foi o que aconteceu.

Eu passei por umas situações complicadas, tive mais perdas em 2020 do que tive em 22 anos de vida. Perdas de pessoas extremamente importantes e que eu vou levar aqui dentro comigo para sempre. Mas também ganhei pessoas incríveis e que apesar de não ocuparem o espaço dessas outras, me mostraram que, como uns carinhas aí que eu gosto muito me falaram, a vida continua.

Hoje eu respeito o fato de quando tudo fica muito complicado, a minha alma de "Pollyanna", insiste em praticar o jogo do contente mesmo nos piores momentos, e me faz tentar ver que no meio de tudo isso, ainda têm coisas que valem a pena lutar.

Então, provavelmente em mais uma noite de quarta-feira, enquanto ouvia Tokyo Love Hotel, da Rina Sawayama, Tokyo voltou.

E Tokyo me ensinou, antes de tudo, que algumas histórias escolhem o momento em que vão nascer. São elas que decidem quando vão florescer e também quando e por onde vão deixar suas pétalas voarem.

Tokyo me mostrou que ela era uma dessas histórias, e que ela precisava nascer agora. Em meio ao caos, em meio a paz, que fosse, porque nem eu estava esperando que ela fosse voltar assim tão do nada, mas ela empurrou a porta do escritório, como a Tokyo fez com a porta da Saori, e voltou.

Eu entendi, bem aqui dentro, que agora era o real momento da Tokyo vir ao mundo. Deste mundo aqui, o da escrita, que se tornou e é o meu refúgio. Assim como Tóquio/Tokyo, se tornou o refúgio do escritor sul-coreano, Kim Namjoon.

São 23:50 agora.

Vocês já ouviram tokyo, hoje?

Porque, "quando o amanhã chegar, quão diferente vai ser?"

Que 2021 nos traga não só lembranças tristes, como também memórias bonitas que vamos querer manter conosco nos próximos anos.


Obrigada pelas memórias e pétalas bonitas em 2020.

Abraços, Polly ♥

Tokyo • Kim NamjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora