Capítulo 1

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Notas de pronúncia:

Anya = Ãnia

Gwyn= Gu-in

Tzutë = Tsutê

Nieschka = Nie-chka

Athen = Eithen

"Pequena moça a sua história recém começou. (Fairy lady your tale has only begun)" Shaman

Nascer em uma das cortes mais poderosas de Prythian era um privilégio. Anya sabia disso, mais privilégio ainda era contar com um irmão gêmeo sempre a apoiando. O nascimento de gêmeos entre os feéricos é algo raro, tão raro quanto o laço de parceria tão estimado por seu povo. Dava para contar nos dedos de uma mão a quantidade de irmãos gêmeos que haviam nascido nos últimos duzentos anos.

Apesar de Anya e Gwyn serem irmãos gêmeos, eles eram muito diferentes um do outro. Anya fora abençoada pelo fogo e pelo sol de sua mãe que resultou da união de seus avós sendo o seu avô materno um dos irmãos do Grão Senhor da Corte Outonal e sua avó materna prima do Grão Senhor da Corte Diurna, eles eram puro fogo e luz e Anya puxou isso deles e de sua mãe. Já Gwyn havia sido abençoado com os dons da corte do pai, o irmão mais novo do Grão Senhor da Corte Noturna. Seu pai abandonou os horrores de sua antiga corte, também chamada de Corte dos Pesadelos para viver com sua parceira na Corte Diurna.

Os irmãos também se diferenciavam em questão de aparência. Anya tinha a pele bronzeada, os cabelos loiros eram cheios e ondulados de tal forma que quando ela ia para o sol, pareciam fios de ouro que combinavam perfeitamente com os olhos cor de âmbar. Gwyn tinha cabelos longos e pretos como nankim, olhos igualmente pretos e uma pele tão pálida como a neve. Tzutë brincava com a esposa de que ela havia dado a luz ao dia e a noite, a vida e a própria morte. E era isso que os seus nomes significavam. Os povos antigos diziam haver deuses nesta terra, aqueles que guardavam o Caldeirão, que foram abençoados e criados pela Mãe de todos antes de Pryntian ser o que é hoje. Ahnne ou Ahnnia, a Deusa que guardava o sol, foi feita pela mãe e pelo caldeirão a partir das estrelas. Ahnne também era chamada de mantenedora da vida uma vez que o sol era responsável por toda a vida ali em Pryntinan. O Deus Gwyn era o oposto de Ahnne, era a noite, as sombras e a morte. Gwyn e Ahnne eram a representação do equilíbrio da criação do Caldeirão e que estariam destinados a uma eterna dança, mas a muito tempo estes deuses deixaram esta terra para desbravar outras, quando o vento cantou e os portais para os mundos foram abertos.

Ultimamente Anya sentia-se desconfortável durante os treinamentos de luta. Seu poder que costumava ficar sob perfeito controle estava a deixando super cautelosa e a flor da pele. Normalmente apenas Grão Senhores possuem poderes assim tão expressivos quanto o dela e de seu irmão. Anya sabia que deveria esconder seus dons para que ninguém se sentisse ameaçado por ela a ponto de caçá-la. Ela deveria parecer indefesa, inútil, sem poder algum de forma a não representar uma ameaça a posição de qualquer um dos Grão Senhores. Foi uma surpresa para seus pais quando ela começou a queimar uma sala inteira quando era criança, ou quando o brilho da luz estelar fez sua pele irradiar uma luz que parecia o próprio sol quando ela estava feliz. Deste então Anya fora treinada dia e noite para esconder tudo aquilo, controlar seus poderes e principalmente a energia poderosa que emanava dela e de Gwyn. Seus pais diziam que seus poderes podiam ser resultado da mistura híbrida de cortes entre eles e seus avós. Anya podia invocar uma onda de calor que esquentaria todo o território da corte diurna, que também era uma parte do poder de fogo da Corte Outonal e o poder de uma estrela.

Algo no ar estava incomodando a jovem, seus poderes cantavam para ela, era como se sua magia gritasse que algo grande estava por vir. Ela e o irmão costumam cumprir uma rotina severa de treinamentos de luta e estudos de defesa e estratégia. Era de se surpreender que em seus 192 anos de vida não havia tido disputas internas entre as cortes nem tentativas de invasões que fossem preocupantes ou que movimentassem a Corte. Os humanos estavam silenciosos nos territórios onde eles ainda eram livres dos feéricos. A ideia de escravizar qualquer ser vivo fazia com que o estômago dela se revirasse. Anya ficava maravilhada com os boatos de que alguns Grão Feéricos não concordavam com esta prática e que também tentavam abolí-la.

A dança do Sol (ACOTAR novel)Onde histórias criam vida. Descubra agora