O grande dia

53 5 1
                                    

Como já avia imaginado, dormir foi impossível. Não parava de pensar em como seria minha nova vida! Iria para uma escola, conheceria pessoas da minha idade e teria quase uma família. Jean disse que na casa que ficaremos há dois adolescentes, uma menina chamada Caterine de 15 anos e seu irmão mais velho, Henrique, de 18 anos.
Levantei da minha cama e fui para um dos banheiros coletivos. Como eram 4:30 da manha estavam desertos, pois o grupo de patrulha da noite avia saído às 11 e os do dia ainda dormiam.
Olhei no espelho e percebi como a falta de sono me fez mal. A pele em baixo dos meus olhos que costumam ser cor de caramelo, como o resto do corpo, estavam quase roxas, de tanta olheira! Meu cabelo não me preocupava. Mesmo que na religião é preciso usar panos para esconder o rosto, eu era tratada como um menino. Tinha que agir como um. Todos, menos meu pai e Jean achavam que eu era homem. Então só passei um pouco de água nos fios negros que mal chegavam embaixo da orelha e fui me trocar.
Sai do quarto apenas com uma mochila com tudo que tinha - dois livros que Jean me dera e duas mudas de roupa.
Andei rapidamente até a sala de Jean e me deparei com uma sala vazia. Onde ele estaria? Já eram 5:45.
Esperei mais 5 minutos, quando não teve nenhum sinal dele larguei minha mochila lá e decidi procurá-lo.
Desci até o quarto onde ele dividia com mais 5 homens que eram do turno da noite, então não estavam lá.
Ao abrir a porta, levei um susto tão grande, que quase cai para trás!
Jean não estava sozinho, meu pai estava atrás dele, com uma faca em seu pescoço.

Refugiada islâmicaOnde histórias criam vida. Descubra agora