Capítulo 9 - Boxe

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O teste de química é uma grande interrogação no meu dia. Não sei se me saí bem, mas também não acho que tenha sido um desastre tão grande. As questões eram complicadas, teoria dos gases é definitivamente o meu pior pesadelo.

Saio da sala de aula completamente desnorteado. Sei que devo ir até as arquibancadas encontrar Raúl e Marie. Os dois estão se dando bem. Nós três passamos todo o intervalo conversando bobagens e mordendo pedaços da comida alheia. Estou me acostumando facilmente a isso.

O anel que Raúl me deu está no meu pescoço. Peguei uma corrente antiga de Terrence e transformei o anel em um colar. – Ficava grande demais no meu dedo. Caminho pelos corredores tentando sair dos prédios e chegar no lado de fora. Eu definitivamente preciso comer alguma coisa ou então vou cair no meio desse corredor.

Ao chegar do lado de fora o ar fresco me acalma. Me traz de volta de onde quer que eu esteja me afundando. É uma sensação ótima. Caminho até o campo. E quando chego perto avisto apenas uma figura sentada nas arquibancadas. É Raúl. Sozinho com o seu gorro vermelho, casaco preto e calça jeans. Nem preciso chegar perto para saber que a maioria dessas peças de roupa têm o símbolo da Nike ou da Adidas.

Raúl me recepciona com um sorriso. Um sorriso que eu estou mais do que acostumado a ver. Um sorriso que o deixa ainda mais lindo. Na verdade, até a sua cara de bravo é linda. Não arrisco dizer nada disso em voz alta. Não quero parecer mais apaixonado do que já estou.

- Mi vida! Da me un beso. – Diz ele quando sento-me ao seu lado. Olho para os lados. Há muita gente na quadra. Alguns jogadores estão treinando. Amigos dos jogadores estão à beira do campo. É final de temporada. Ainda assim nenhum deles está olhando na nossa direção, então rapidamente deixo um beijo em sua bochecha. – Ahora si empeza mi dia.

- Onde está Marie? – Pergunto, mas ele dá de ombros. – Ela nunca se atrasa.

- Tranquilo, callaíto. Vamos para a minha casa hoje? – Raúl pergunta com um sorriso safado no rosto.

Fazem três dias que não nos vemos fora do ambiente da escola. Três dias que não posso beijá-lo de verdade. Não posso abraça-lo de verdade. Sentir seu cheiro...

- Vamos sim, posso estudar para o meu teste de física durante a noite. Eu sinto falta de estar sozinho com você.

- Eu também sinto falta de ficar com você, flaquito. Eu espero matar parte dessa saudade hoje.

Não tem como eu não ficar derretido e de coração mole. Estamos saindo há uma semana e parece que faz tanto tempo. E é um Raúl completamente diferente do que me foi apresentado nos últimos anos. É um Raúl que manda mensagem de boa noite. Que liga assim que eu termino de estudar. Que misteriosamente arranjou uma maneira de colocar bombons no meu armário. – Ele fez isso pela primeira vez ontem e hoje novamente.

Tudo isso me faz questionar se estou sendo reciproco. Se estou me esforçando com ele exatamente o mesmo que ele está se esforçando para me conquistar.

- Vocês não imaginam pelo que eu passei. – Diz Marie assim que aparece em nosso campo de visão nas arquibancadas. – Algumas meninas do seu ano. – Ela aponta para Raúl. – Me sabatinaram, perguntaram por que vocês só andam juntos agora, se está rolando algo. Foi terrível.

- O que você disse?

Eu sei que Marie não me tiraria do armário assim. Ela sabe o que vai me acontecer se por acaso algum dos caras do time souber que sou gay. Mas estou nervoso pelo óbvio. Se elas perceberam e estão curiosas pela minha aproximação com Raúl, quem mais na escola não deve estar do mesmo jeito?

loveGoode livro 1 | Romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora