Capítulo II

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Enquanto caminhava pelas ruas de Konoha, observando muitos prédios que não residiam ali quando havia partido, Sasuke teve uma estranha sensação. Não chegava a ser desconfortável, mas era diferente de tudo que havia pensado, quando sua mente se tornava vazia e fazia com que pensasse em Konoha. 

Imaginava que seria recebido pelo antigo time 7 e seu ex-mentor. Sakura estaria lá, pronta para abraçá-lo e desejá-lo boas vindas. Naruto escandaloso como sempre, o cumprimentaria e o arrastaria para o Ichikaru lhe prometendo o melhor rámen de porco. Kakashi os acompanharia como nos velhos tempos. Sua mente traiçoeira levava-o às vezes a mentalizar o momento do seu regresso, não criando mais expectativas, aceitou o que provavelmente aconteceria.

Entretanto, o ex-patife não sentia saudades da sua pequena expectativa. Nem chegou a pensar nela até aquele momento, enquanto desviava dos cidadãos da Folha. Porque para ele, tudo parecia extremamente certo. Voltar com Hinata e a filha era algo que ele nunca havia imaginado, sequer pensava em ter um relacionamento com alguém e muito menos dar continuidade a linhagem, tinha aceitado que seria o último Uchiha. Que sería o último de sangue amaldiçoado.

Não percebeu quando a promessa à Itachi não era a única que o fazia, pouco a pouco, a mudar de ideia. Conviver com Hinata não era difícil, não era barulhenta e fazia questão de tratá-lo com carinho e respeito, mesmo que ele não se julgasse merecedor de tal. E enquanto observava o jeito delicado de Hinata, sempre agindo com paciência e lhe direcionando sorrisos gentis, Sasuke percebeu.

Não sentia saudades de um provável futuro com Sakura. Não sentia falta do jeito escandaloso de Naruto. Não sentia necessidade de voltar a Konoha.

Percebeu que acompanharia Hinata para onde ela desejasse. E isso, o frustava. Perceber que estava tão a mercê de alguém novamente, ainda mais uma mulher que não tinha relacionamento nenhum com si. Apenas respeito mútuo e a ligação com Kim.

Não poderia ignorar os companheiros para sempre, mas o faria por hora. Aproveitando um pouco da privacidade que sabia que não persistiria por muito tempo, e isso era comprovado pelos olhares mesclados de surpresa e ódio direcionados a si. Ignorando-os, sustentou sua típica pose indiferente encarando com superioridade aqueles que cruzassem seu caminho. Um cheiro deveras convidativo inundou suas narinas, fazendo seu estômago grunhir de fome. Direcionou seu olhar para a esquerda, constatando que vinha de um pequeno restaurante, e como todas as outras vezes a imagem de Hinata apareceu a sua mente. Levou os dígitos as têmporas pressionando o local, em seu bilhete havia pedido a Kakashi que mandassem organizar o antigo apartamento, para que tanto Hinata quanto Kim, estivessem bem acomodadas. 

Organizasse, e não o abastecesse.

Constatando que não teria algo meramente comível, adentrou o estabelecimento recebendo a atenção voltada para si. Caminhou diretamente ao caixa e pediu uma marmita completa, recebendo o olhar abismado do funcionário por vê-lo. Levantou a sobrancelha, sisudo. Vendo o funcionário rapidamente sumir pela porta – que deduziu ser a cozinha – com seu pedido; este foi entregue em poucos minutos e Sasuke percebeu a eficiência e agilidade que o cobrador tinha lhe entregado, e como estava inquieto e não o encarava. Deixou o dinheiro no balcão e saiu dali, sem ao menos fazer menção de agradecer ou olhar para trás.

Reprimiu a vontade de balançar os ombros – gesto que reconheceu como o de Hinata – e focou-se em concentrar o resto de chakra que tinha. Não se importava com os olhares de ódio, repulsa ou qualquer outro que quisessem oferecer-lhe, sabia que sempre seria julgado pelos atos do passado e não se importava com isso. Tinha muitas coisas para resolver para se preocupar com olhares alheios. Utilizando o Rinnegan, teleportou-se.

O apartamento estava silencioso, e como um feixe de memórias Sasuke relembrou a época que morava sozinho ali e no crescente ódio que nutria por Itachi naquela mesma sala. Enquanto sentia ser engolido pelo silêncio, lembrando que o seu coração era o único que continuava batendo entre os muitos corpos que vira na noite do massacre. Marchou pelo corredor se sentindo pesado, os fantasmas sempre o perseguiriam e mesmo que já estivesse convencido disto, não tornava as coisas mais fáceis.

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⏰ Última atualização: Dec 01, 2020 ⏰

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