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Era feriado de Natal, e Harry esperava Albus em King's Cross. Naquele ano, seriam só eles. James e Lily estavam com Ginny e Luna conhecendo a Austrália. Albus alegou sentir falta do pai, Luna acha que ele tem medo de cangurus. Ron e Hermione passariam com os pais dela.

Harry quis olhar em volta e procurar por ele.

'Não olhe.' A voz na sua cabeça mandou.

Eles ainda se falavam. Não como antes. Nunca como antes. Mas se ele estivesse ali, eles se encontrariam quando Albus aparecesse acompanhado do melhor amigo.

Quando Harry viu seu filho desder do Expresso Hogwarts sozinho. Ele sentiu um aperto no coração, sabendo que algo estava errado. Ele ousou procurar.

Parado do lado de uma pilastra, como se tentasse se esconder. Draco observou Scorpius se aproximar cabisbaixo com uma expressão indecifrável. Sozinho. Olhando em volta, Draco encontrou o olhar de Harry, que parecia igualmente perdido.

Albus, ao lado dele parecia carregara mesma expressão de Scopius. Harry viu Draco erguendo as sobrancelhas pra ele numa pergunta silenciosa, e negou com a cabeça.

Os dois se encararam pro segundos que pareceram uma eternidade. O olhar sendo mantido por mais tempo que necessário e da mesma forma não chegando nem perto do suficiente.

Harry teve sua hipnose quebrada pela voz do filho.

- Pai? Vamos?

Ele olhou para Draco mais uma vez, e o viu acenar com a cabeça para Scorpius, que provavelmente tinha dito o mesmo que o amigo. E voltar seu olhar para Harry. Só um pouco mais.

Na casa dos Potter, Harry decidiu que deveria esperar um pouco antes de abordar o filho. Albus tinha acabado de sair do banho, e secava seu cabelo com a toalha quando ouviu seu pai o chamando.

A televisão da sala de estar exibia um filme trouxa de romance chamado 'Love, Rosie' quando Albus entrou. Harry bateu no lugar ao seu lado no sofá para que o filho se sentasse. Albus apoiou a cabeça no ombro do pai , e Harry aproveitando a deixa, começou a fazer cafuné em seu filho.

- Filho, você sabe que pode me contar qualquer coisa, não é? - Harry perguntou esperançosamente.

- Pai, eu... - percebendo que o filho tentava criar coragem para dizer algo importante, Harry nada disse.

Num pulo, Albus se sentou reto e olhou para o pai que ainda esperava uma resposta.

- O Scorpius me beijou.

Uma vontade inexplicável de rir apareceu dentro de Harry. Ele só conseguia pensar em como a vida era engraçada. Mas respeitando o momento do filho. Apenas voltou a fazer cafuné nesse.

- E o problema é? Você não gosta de garotos? Ou você não gosta do Scorpius? Ou ele fez alguma coisa que de magoou? - Harry disse calmamente.

Albus olhou pro pai como se uma terceira orelha tivesse crescido em seu queixo. Ele pensou que o pai poderia reagir de várias formas, mas não esperava que fosse assim. Ele apertou os olhos tentando controlar a vontade de chorar que começava aumentar mesmo só por pensar na resposta.

Vendo isso Harry abraçou o filho e o balançou levemente de um lado para o outro como sempre fez desde que ele era um bebê. Por algum motivo que ninguém entendia, era a única coisa que conseguia acalmá-lo.

Secando as lágrimas que ainda escorriam, Albus começou lentamente:

- Ele é meu melhor amigo. Uma das pessoas mais importantes da minha vida. Eu nem consigo mais imaginar como seriam meus dias sem ele - Albus respirou fundo e se esforçou para continuar sem voltar a chorar.- Esse é o problema. Se eu deixar isso acontecer, e acabar magoando ele, ou ele me magoando. Se as coisas derem errado entre nos e eu pede-lo pra sempre. Se no final de tudo ele acabar me odiando. Prefiro continuar tendo Scorpius na minha vida mesmo nunca sendo da forma que eu desejo do que não tê-lo.

Albus suspirou e concluiu.

- Eu vou pedir pra ele esquecer a coisa toda.

O coração de Harry pareceu apertar até virar pó.

Ele olhou para seu filho que estava claramente hesitante. Com os olhos marejados, ele juntou tudo o que estava guardado em si por anos.

'Por favor não cometa o mesmo erro que eu' ele quis dizer.

- Filho. Escuta com atenção o que eu vou te dizer agora.

'Por que eu nunca tive ninguém pra me falar isso'

Albus não disse nada, apenas se focou completamente no pai.

- Você não pode se deixar levar pelo medo. Não pode viver a mercê disso. Porque daqui a uns anos você vai olhar e ver que o tempo escorreu pelas suas mãos e tudo que você já fez foi controlado pelo seu medo de que tudo desse errado. E assim você nunca vai ser feliz. Por que quando você olhar pra trás e ver as decisões que tomou por causa do medo, seu arrependimento por não ter tentado vai ser maior do que qualquer arrependimento que você poderia ter se tivesse tentado e falhado, por que você ainda poderia dizer que tentou.

Harry estava chorando.

- Pode parecer que assim você não vai perde-lo, mas depois mesmo se ele continuar do seu lado, ele não vai estar realmente ali, por que você afastou o coração dele, e o seu próprio. Se você mandar ele esquecer tudo, Albus, - Harry sorriu tristemente - esse seria um erro enorme. Veja, se você rejeitá-lo agora, ele vai fazer com que sua vida se torne uma missão de encontrar a pessoa mais linda, gentil e incrível desse mundo só pra tentar te esquecer. E vai acabar se casando com uma outra pessoa e passando o resto da vida com ela. Ele vai dizer a si mesmo que a pessoa é perfeita, e que ele é muito feliz. Mas não vai fazer diferença, por que essa pessoa não vai ser você.

Ele sentiu um peso ser tirado de si depois de finalmente ter botado a verdade pra fora. Não tudo. Ainda não. Mas Albus entendeu, e abraçou o pai.

- Pai, você sabe que pode me contar qualquer coisa, não é?

Ambos riram.

- Vai falar com ele. Acho que a lareira aqui da sala ainda está ligada com a da Manor - Harry disse secando as últimas lágrimas que escorriam por seu rosto.

Albus levantou do sofá determinado, mas antes de entrar na lareira, se virou novamente para o pai e perguntou:

- Pai... Você e o Tio Ron nunca... né?

Nesse momento Harry poderia gargalhar.

- Claro que não garoto. Agora vai logo antes que eu te arraste até lá.

Albus sorriu para seu pai e então disse:

- Malfoy Manor.

I'll just tell him to forget the whole thing.Onde histórias criam vida. Descubra agora