capítulo 4

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Elle

- Deixe-me ver se entendi. Rhysand, o grão-senhor da corte noturna, pediu que você, o mestre-espião, me fizesse a proposta de me juntar a vocês em velarys como parte do círculo íntimo, seja lá o que isso for, como mensageira? Isso faz algum sentido para você? Porque para mim não tem nenhum. - Estava praticamente gritando na cara de Azriel.
- Queremos você como uma ponte entre Rhys e Cassian com o acampamento, você passou a vida aqui, sabe o que precisa ser melhorado e tem coragem o suficiente para desafiar qualquer um que entre em seu caminho. - Explicou ele como se fosse mudar alguma coisa.
Encarei Azriel parado do outro lado da arena.
- Não sei se perceberam, mas as pessoas desse lugar me odeiam. - Conclui. - Nunca vão me ouvir ou obedecer.
- Ainda assim, você sabe o que é preciso nesse lugar. Rhysand disse para te levar a Velarys o mais rápido possível e a todo custo. - Respondeu se aproximando.
- Todo custo?
Ele fez que sim com a cabeça já a poucos metros de mim.
Viver em velarys seria bom, e também ter a ajuda direta do grão senhor era melhor ainda.
- Eu aceito. Com duas condições, vocês iram continuar fazendo o máximo possível para que as fêmeas possam continuar treinando e vou levar comigo uma pessoa, cuidarei dela e de todas as despesas, então não se preocupe com isso. - Pedi, meu estômago embrulhou na espera da resposta.
- quem?
- Abefr, minha protegida, ela tem apenas dezessete anos e não sobreviveria aqui sozinha é boa demais, acredita nas pessoas com muita facilidade, seria enganada facilmente.
- Eu aceito o acordo. Falarei com seu general pela manhã, converse com Abefr, a levaremos apenas se for da vontade dela. Se ela aceitar arrumem suas coisas, partiremos antes do meio dia.
- Certo. Agora vamos lutar ou não? - Perguntei me virando para tirar a jaqueta.
O mestre-espião se afastou novamente, se preparando. As apenas estavam mais iluminadas que o resto do acampamento e só então percebi, acima da gola da camisa larga de Azriel era possível ver parte das tatuagens. O que me fez morrer de curiosidade.
O que teria pó baixo das camadas de pano?
- Posso fazer uma pergunta? - Pediu ele.
- Faça.
- A proposta que fiz é, pela sua reação loucura, porque acreditou tão fácil? Eu poderia estar usando minha amizade com Rhysand para te manipular.
- Um de meus poderes é, bom, eu não sei o nome de verdade, mas chamo de verdade porque sei quando as pessoas estão mentindo e consigo que acreditem em mim mesmo que o que eu digo seja impossível. - Expliquei toda a história de como descobri esse poder, como órfã em meio a soldados desalmados fazer com que sentissem pena e inventar histórias para conseguir comida era a única forma de sobreviver.
- Interessante. - foi tudo o que ele disse.

+

Lutei com Azriel por quase duas horas. Ele foi gentil, me ensinou uma nova técnica com as adagas e me liberou pouco antes do por do sol.
Não conseguia me segurar, precisava falar com Abefr, tínhamos a chance de nossas vidas não dava para esperar.
- Abefr. - Sussurrei balançando a garota no colchão. - Acorde.
- Ja precisamos fazer o café da manhã? - Perguntou com a voz sonolenta, sem sequer abrir os olhos.
- Não é isso, é algo mais importante. Preciso falar com você.
Ela finalmente se deu conta do que estava acontecendo e se levantou. A levei para um canto do lado de fora da tenda para conversarmos sem que ninguém nos ouvisse.
Espliquei tudo o que Azriel havia me dito e que minhas condições para aceitar a proposta.
- Acredite em mim, eu cresci aqui e com certeza não é lugar certo para uma criança, em Velarys você poderá ter uma vida normal, ir a escola ter amigos e continuar seu treinamento se quiser.
- Eu vou. Não precisava ter se esplicado tanto, se você não me levasse por vontade própria eu iria escondida. Não vivo sem você e sem mim quem te acordaria dos pesadelos?

Azriel

Perto do meio dia me peguei esperando a garota se despedir de algumas pessoas.
- Pela Mãe, diga que acabou. - Praticamente implorei.
- Eu terminei de me despedir a trinta minutos, a garota é quem tem muitos amigos. - Respondeu carregando uma bolsa de ombro para o lado de fora comigo.
Olhei para dentro da tenda. Abefr estava rodeada de fêmeas, abraçando a cada uma.
- Abefr. Precisamos ir. - Gritou Elle para dentro da tenda.
A criança pega uma bolsa jogada no chão  e corre em nossa direção uma despedida coletiva.
- Prontas? - Perguntei me aproximando das fêmeas me colocando entre elas.
- Sim. - Responderam em unisono.
Coloquei uma mão no ombro de cada uma e nos atravessei, atravessar três pessoas de uma vez era difícil e tão não pude nos colocar dentro da casa da cidade. O mais perto que consegui foi do outro lado da rua de pedras.

Corte de esperança e desesperoOnde histórias criam vida. Descubra agora