Kurt estava ansioso checando o relógio. Ele não era uma pessoa religiosa e, em geral, o Natal não significava muito para ele. Por isso, à princípio, ele achou que ficaria bem sozinho durante o período das festas em Nova York (não que ele tivesse dinheiro para uma passagem de avião para casa, de qualquer maneira). Mas desde que seu pai disse que viria visitá-lo, ele agora estava cheio de expectativas.
Não seriam nem tantos dias: sua chefe workaholic voltaria ao trabalho na quarta-feira e, como estagiário, Kurt não tinha muita escolha. Ele não estava reclamando; daria um descanso para a sua cabeça. As coisas com o Blaine estavam em um nível de amizade, mas ainda doía muito. Em especial com todas as comédias românticas, que pareciam ser a única coisa que passava na TV. Eles tinham conversado e concordado em ser amigos, mas ainda era um climão e Kurt ainda sonhava, quase todas as noites, com tempos antes de Blaine ter confessado que o traiu. Kurt queria aquele Blaine de volta, mas, por enquanto, ele tinha feito sua cabeça em ser amigo do novo Blaine.
Seus pensamentos foram interrompidos por uma batida na porta. Até que enfim! Ele literalmente correu para abrir a porta e se jogou em um abraço no segundo que ele viu a cara sorridente de seu pai:
- Papai! É tão bom te ver!
Burt riu enquanto ele abraçava seu filho mais apertado:
- É tão bom te ver também, filho.
- Ah pai, esse Natal vai ser perfeito. Igual aos que a gente tinha quando eu era pequeno.
- Bem, campeão, eu tenho que te dizer uma coisa, mas antes de você começar a gritar, quero que você saiba que a ideia foi minha.
Kurt levantou uma sobrancelha instigado. Burt continuou:
- Eu descobri que o Blaine estaria sozinho na noite de Natal e convidei ele para cear com a gente. Espero que não tenha problema.
Kurt deixou o ar sair; ele não estava esperando por isso e não sabia como seus sentimentos iriam se comportar tendo seu ex-namorado passando o Natal com eles. Ele ergueu os olhos para encarar seu pai:
- Não tem problema; ninguém deveria passar o Natal sozinho, certo?
- Citando uma fala minha? É bom saber que você ainda ouve o seu velho. Vou buscar ele lá embaixo...
Burt saiu para buscar Blaine, que aparentemente tinha insistido em checar primeiro se Kurt estaria okay em vê-lo, antes de aparecer. Blaine surgiu em sua porta e o coração do Kurt deu uma cambalhota; mas parecia que ele tinha conseguido esconder isso, porque Blaine apenas sorriu meio sem graça de volta para ele. Kurt o puxou para um abraço amigável que não durou muito.
Burt tossiu para quebrar o silêncio que pairava:
- Kurt, foi uma viagem meio estressante com o aeroporto tão cheio... Aonde eu posso ir tomar um banho?
Kurt guiou-o até o banheiro e lhe deu uma toalha. Quando ele voltou, Blaine não tinha se mexido e estava desconfortável. Kurt sorriu para ele, que começou o que parecia ser um discurso ensaiado:
- Kurt, eu realmente queria ter ligado antes. Meus pais foram visitar o Cooper em Los Angeles e eu não quis ir porque briguei com ele e meu pai da última vez que ele ligou. Sabe, meu sonho sempre foi ver a queda da bola de Times Square. Quando seu pai soube que eu estaria em Nova York nesse período, ele insistiu que eu viesse. Eu não queria abusar. Eu vou para um hotel assim que o jantar acabar. Você não vai precisar ouvir falar de mim pelo resto da semana...
Kurt o interrompeu:
- Blaine, para. Nós somos amigos, não? Fico feliz que meu pai tenha convidado você; mais ainda depois que você contou que brigou com a sua família. Ninguém devia ficar sozinho no Natal. Bem, ainda tenho alguns colchões de ar de quando eu e a Rachel viemos para cá. Sei que não é a coisa mais confortável do mundo, mas se você não se importar em dormir na minha sala, você pode ficar.
Os olhos de Blaine se alargaram:
- De verdade, Kurt? Seria ótimo! Prometo que não vou ficar no caminho; você mal vai perceber que eu estou aqui.
Kurt riu:
- Blaine, sua presença não me incomoda. Ainda podemos ser amigos e conversar. Vou trabalhar durante a semana, então também não vou te incomodar.
Os olhos de Blaine estava começando a ficar úmidos e Kurt não pode não reparar e ficar preocupado. Com incerteza, ele pousou sua mão no ombro de Blaine:
- Tem alguma coisa errada?
As lágrimas de Blaine começaram a cair. Ele olhou bem dentro dos olhos de Kurt e falou entre soluços:
- Kurt, você não tem ideia de quanto isso tudo significa para mim. Não estou tentando nenhuma gracinha ou nada do tipo; é só porque é Natal e eu preciso que você saiba a verdade: eu te amo. Eu te amo muito e tudo que quero é te ver feliz, não importa como. De verdade, não importa como. Sempre estarei torcendo por você e estarei aqui sempre que você precisar. Só... Só não consigo viver com a ideia de não ter você na minha vida...
Kurt ficou emocionado e puxou Blaine para um abraço apertado e de coração. Ele estava sentindo seus olhos umedecendo e esperava que sua voz não falhasse:
- Eu também vou sempre estar torcendo por você, Blaine. Você é muito importante.
Os soluços de Blaine ficaram mais altos e mais frequentes:
- Ah, Kurt! Por alguns meses, achei que tinha te perdido de vez. Estou tão feliz de que ainda podemos ter alguns momentos assim. Quando você disse que não me amava mais...
Kurt não conseguiu segurar seu próximo comentário:
- Mas eu nunca disse isso.
Não era para Blaine ter ouvido; mas como ele ouviu, ele separou o abraço para olhar para Kurt. Olhando o menino se colocando tão frágil na frente dele, Kurt decidiu ir com a verdade:
- Te amar nunca foi o problema. Foi bem o contrário: te esquecer é que doeu de verdade.
Antes que Blaine pudesse processar tudo aquilo e pensar numa resposta; Burt saiu do banheiro e veio se juntar a eles. A ceia se passou com conversas leves e Burt contando a Blaine algumas das histórias de Natal dos Hummel. Os olhos de Blaine procuravam os de Kurt a cada chance que eles tinham. Kurt tentou evitar essas trocas de olhares, mas só conseguiu escapar de alguns.
Burt disse que ia dormir e abraçou ambos os meninos. Blaine ficou acordado para ajudar Kurt a tirar a mesa e encher a máquina de lavar louça. Kurt foi o primeiro a quebrar o silêncio:
- Blaine, posso te perguntar uma coisa?
- Qualquer coisa.
Kurt parou o que ele estava fazendo e se virou para ficar de frente para Blaine:
- Você estaria em Nova York nessa época e não iria me ligar?
Blaine abaixou os olhos e ficou trocando o peso entre os pés. Depois de algum tempo considerando, ele olhou para Kurt com um sorriso malicioso:
- Eu estava tentando te dar seu espaço; mas acho que eu provavelmente iria ceder e te ligar.
Kurt sorriu de volta para ele:
- Bom saber... Bom, eu acho que vou para cama também. Feliz Natal, Blaine.
- Feliz Natal, Kurt. Bons sonhos.
Ambos ficaram acordados por um bom tempo repensando nos eventos da noite. Kurt estava lutando com sentimentos que tinham acordado dentro dele e Blaine usando todas as suas forças para não nutrir uma esperança que começava a florescer dentro dele.
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Baby, it's Cold Outside
FanficUma fanfic de Glee. Kurt e Blaine acabam passando o Natal juntos em Nova York, mesmo tendo se separado pela primeira vez. Eles usam o tempo para conversar e eles têm que lidar com o fato de que ainda sentem alguma coisa um pelo outro.