CAPÍTULO UM
Ame com um amor que não olhe para trás.⊹⊱☽☾⊰⊹
— Três anos antes —
O tempo sempre foi algo primordial para nós, humanos. Ele poderia facilmente controlar nosso cotidiano e influenciar nossas escolhas, até porquê, quem iria sair para correr no meio de uma tempestade ou se agasalhar em roupas grandes e quentinhas em uma manhã de trinta e cinco graus?
Definitivamente não era algo que alguém gostaria de fazer, mas eu não estava em meu ponto alto. A saudade ainda queimava pelas grossas raízes que a sua presença fincou em mim, me fazendo se tornar seu antes mesmo que eu pudesse perceber.
Eu não tinha nada no momento além daquela folha em minhas mãos e das roupas grandes e emprestadas que vestia. Entretanto, elas cheiravam a ele e era isso que eu precisava agora. Eu precisava dele comigo, mesmo que fosse só uma pequena parte.
O vazio ainda estava lá, sempre esteve e ele parecia maior quando ele se foi, quando eu me afastei com o propósito de nunca mais voltar a vê-lo. Mas eu não conseguia manter aquela mentira que eu mesmo inventei, então, cansado de permanecer sozinho na casa cheia de caixas, eu saio uma última vez.
O frio descomunal abraçou meu corpo assim que pisei na rua, abandonando o ar quente que o aquecedor ofereceu por tanto tempo, sentindo na pele o tempo gélido que abraçava Seul naquele final de inverno.
O vento cortante atingiu meu rosto, quase congelando-o ao mesmo tempo que minha mão impedia os flocos de neve de minha vista.
Meu braço se ergueu e balançou histericamente ao ver o táxi alcançar a rua no qual eu ainda morava, parando antes de eu saltar para dentro.
— Academia de Polícia Militar. — Minha voz bradou para o motorista e minha mente me culpou pela falta de educação, mas meu nervosismo ainda nublava meus instintos que pareciam cobrir minha pele, esvaindo-se por meus poros e controlando minhas ações.
Minha nuca doía profundamente pela recente ligação e as lágrimas pingaram em minha calça, sendo ignoradas por mim a medida que seus dedos apertavam o banco, fazendo os nós se tornarem pálidos.
A viagem curta pareceu longa e eu saltei para fora do carro assim que avistei a academia no centro de Seul, sentindo minhas pernas tremerem assim que o vi, podendo finamente desabar quando observei o sorriso que adornava seu rosto, tão genuíno como me lembrava.
Suas bochechas vermelhas estavam mais cheias e o brilho que ornava seu olhar era genuíno.
Sua felicidade era palpável mesmo de longe, do outro lado da rua eu conseguia sentir, eu o sentia por inteiro. Sentia o quão nervoso ele estava e entendia o motivo de sua felicidade, ele estava realizando o seu sonho e eu não poderia estar mais contente com isso.
E sem perceber, eu sorri entre meu silencioso pranto, caindo sobre meus joelhos ao vê-lo passar pela porta, sumindo mais uma vez da minha visão e fugindo mais uma vez de meus braços.
— Jun- — Minha voz conseguiu sair, esganiçada antes do primeiro soluço cortar minha garganta, se tornando impossível controlar os que se sucederam. — Eu estou- — Me cortei, trazendo o pedaço de papel para meu colo, observando o pequeno caroçinho que se destacava na imagem borrada.
— Um mês depois —
O calor se estendeu por mais tempo do que deveria e pareceu estar em seu ápice as oito da manhã, se tornando insuportável para o próprio bem estar do ômega.
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Todos os nossos tons suaves
FanficDizem que sentir saudades é algo bom, que sem ela não compreenderíamos a falta que o outro nos faz. Mas a verdade é que, a cada vez que eu me lembro da distância que se estende entre nós, meu coração esvazia e eu consigo perceber que não tenho você...