A Chave Pra Tudo

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Na sala de treinamento, Rhea lutava contra um saco de areia, incansavelmente. Treinando sem parar. Seus braços já estavam quase dormentes, suas pernas já rígidas de tanto se esforçar. Talvez era o modo que ela arranjou para se livrar dos pensamentos que a não deixavam em paz. Foi somente quando Bear entrou na sala, que ela saiu da posição de ataque:

- Namastê! - disse ele, caminhando para perto da viajante. - Como vai, Rhea? Vejo que está aqui a muito tempo. Não seria melhor você descansar um pouco? Mesmo sendo que é, não é bom para o seu corpo ficar tão cansado.

- Só estava tentando afastar um pouco os meus pensamentos. - Respondeu Rhea. Tirando as faixas de proteção de suas mãos.

- Muita coisa na cabeça! Muitas preocupações?

- Como se o senhor já não soubesse, Monge Bear.

- Pode continuar me chamando apenas pelo nome. - respondeu Bear, sorrindo. - E sim... Eu já sei o que se passa.

- Mesmo? Então me diz o porquê ao invés de estarmos indo atrás de Ravana, eu estou tentando proteger uma garota em Tokyo? Qual o propósito disso?

- Seu destino e o dela está interligado. Não há muitas coisas a se fazer. - respondeu o monge. - Raj saberia muito bem disso.

- Ando mantendo meu lado humano mais presente. Apenas invoco Raj quando é necessário.

- Ela não vive em você, ela é você, Rhea. Não deveria botar uma barreira nisso. Como se vocês fossem duas pessoas diferentes.

- Sinto que tem coisas que ainda não sei. Sinto que tem segredos que ainda não me contaram. Ainda não entendo o porque tenho que proteger Gabrielle Saturno, quando um demónio milenar e louca voltou a viver.

- Talvez você esteja olhando pra isso de forma errada. Talvez você não devesse protege-la em sim, ensina-la. Já pensou por esse ângulo, senhorita D'onson?

- Confesso que não, Bear. - Naquele momento a viajante parou pra pensar no que o monge havia dito. E tudo meio que fez um sentido. Mesmo que raso, ainda fez. - Talvez eu deva me aproximar dela, não é?

- Talvez sim...

- Entender o porque disso tudo, ao invés de ficar especulando.

- Agora sim você está raciocinando da forma certa, Rhea. - disse Bear, sentando- se em um toco de madeira que havia do lado de fora da sala. Os lugares para treino sempre foram ao ar livre, nas partes mais altas do monastério.

E de lá, dava para ver as montanhas que o cercavam, o sol brilhando e a brisa gelada do vento, que cortava o rosto de Rhea e Bear:

- Aproveitando, fico muito feliz por você ter virado monge. - disse Rhea - Mas ainda não gosto muito de você, só pra deixar claro.

Bear sorriu após baixar a cabeça, concordando com o que Rhea esgava dizendo:

- É completamente plausível isso.

- Mas fico feliz de Azkan ter te trazido pra cá. Só invés de deixar você nas mãos de Gazu.

- Uma segunda chance pode fazer milagres na vida de alguém. - Bear disse, se levantado.

- Eu que o diga.

- Não desista de Gabrielle e nem do que ela tem a oferecer. Talvez isso seja a chave pra tudo.

- Obrigada.

Bear saltou no espaço, deixando apenas poeiras pra trás. Ele reapareceu em questões de segundos, dentro do monastério. Em seu quarto, para ser exato.

A Filha do Tempo 2 - Ringue em TokyoOnde histórias criam vida. Descubra agora