Ink Him

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— Você apostou! — Com a máquina em mãos o chinês limitava a saída do amigo que estremecia pelos corredores avermelhados.

— Eu não achei que você estava levando a sério!

— E quando eu não levo algo a sério? — Sorrira de canto apontando a biqueira para a face bronzeada. — Pode voltar e sentar na maca. Você disse com todas as palavras que eu poderia fazer a tatuagem que eu quisesse desde que fosse pequena, no seu braço, caso eu ganhasse.

Recolheu os braços quase que em um abraço e dera passos retrógrados. A cabeça meneava em negação constante enquanto Kim tentava fortalecer seus argumentos.

— Você não tem provas!

— Não? — Xu sorrira de canto e abaixara a máquina enquanto, com a mão vaga, alcançava o próprio celular. — Só um minuto. — Desbloqueou o celular com a própria digital e entrou nas gravações de áudio, selecionando a faixa incriminadora.

"Posso gravar?" A voz robusta de sotaque dava início. "É claro, você nunca vai ganhar" o Kim continuava logo em seguida entre risadas. "Então se o Wonwoo pedir para ir para a cama com você eu posso te tatuar, certo?" e, o moreno meneara a cabeça em concordância, mas apenas sua risada fora gravada. "Ei, use palavras!" Repreendeu-o. "Ok, sim, pode" complementara conquistando risos de ambos antes do cessar da gravação.

— Não tem saída Kim Mingyu — A máquina de fazer tatuagem fora mais uma vez direcionada para o rosto de modelo alheio. — Sua pele é minha, quem mandou não acreditar no que eu dizia?

— Mas eu não sou gay!

— Mas Wonwoo claramente era e você foi o único idiota que achou que ele só queria ser seu amigo. — O celular fora guardado novamente no bolso e os dedos, agora livres, sinalizaram para que o moreno continuasse o trajeto até o quarto em que Xu trabalhava de forma exclusiva. — Larga a mão de ser bunda mole, é só uma tatuagem e nem vai ser meu rosto dessa vez, para sua infelicidade, por que se fosse para tatuar meu rosto eu usaria no mínimo uma das suas nádegas inteiras, preferencialmente as costas todas.

— Ah, Minghao!

— Sem essa.

Os dedos finos empurram o corpo do amigo da mesma idade para o quarto ao qual fechara a porta no mesmo instante. Promessas e apostas com Xu não poderiam ser revogadas, ele teria o que queria até o final e, desta vez, seja o que fosse; Mingyu sairia do estúdio com uma marca dos talentosos dígitos chineses em seu corpo, mesmo que fosse para nunca mais pisar naquele território.

Sem saídas o amigo alto deitou-se na maca e suspirou. — Em que lugar vai fazer? — Questionara com os olhos aflitos e as mãos trêmulas. Aquele de fios bagunçados movimentara os ombros enquanto vestia as mãos com as luvas descartáveis.

— Escolhe ai, você disse braço. Aonde preferir.

The8, como era apelidado no estúdio, procurou entre as tintas a coloração comum para tatuagens – preta – enquanto o Kim observava de canto a canto toda a musculatura de seu braço, procurando o pedaço de epiderme que seria "menos pior", como costumava dizer.

Para evitar incomodo enquanto realizava o esboço sentado largou o aparelho eletrônico pessoal sobre a mesa de apoio, logo ao lado da tintura, e veio a – sem dores – acomodar-se ao acolchoado de couro. Olhos fixados no amigo confuso e a pronúncia nunca realizada.

— Aqui. — Quebrara o silêncio com o sinalizar do local para tatuar, um pouco abaixo do bíceps onde, ao olhar de Xu, na mente dele poderia ser coberto pelas mangas da camiseta. Meneou a cabeça em concordância e alimentara a máquina tão talentosa quanto suas mãos para o início da mais nova obra de arte que seria a mão livre, sem rascunhos, não tinha medo de estragar a pele do amigo.

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