Ink Safe

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Os passos apressados ocuparam os corredores logo de manhã. Não era muito cedo, onze horas aproximadamente; o que seria explicado pelo sono que Xu só conseguiu adquirir poucas horas atrás e o excesso de álcool para a demora do acordar feminino.

Os olhos arregalados eram os protagonistas da face de Areum. O coração estava acelerado, as mãos trêmulas. Não reconhecia o ambiente, sequer sabia o que fazia ali e era isto que lhe agonizava ainda mais. Havia se deixado levar pela bebida, das fortes, logo sequer se lembraria das informações da noite interior.

A procura de algo ou alguém acabara por fitar o corpo largado no pequeno acolchoado da sala. Os olhos selados e lábios semi-abertos. Surpreendeu-se com os fios tingidos de uma nova coloração, talvez mais com isto do que pelo fato de estar na casa do chinês. No fundo sentia-se aliviada, antes ele do que outro alguém.

A fixação que seus olhos possuíam pela face serena pode ter sido a causa pelo qual acabou acordando o proprietário da casa, a outra opção seria os murmúrios que inevitavelmente deixara escapar dos lábios ao levar a destra para a testa que gritava em tensão e dor; isto sendo efeito da ressaca.

— Você acordou — A voz rouca preencheu o ambiente conforme o chinês ajustava-se no sofá, vindo a sentar-se enquanto enlaçava os dedos nos fios bagunçados. Areum negaria, mas sentiu arrepios tomarem seu corpo na combinação do olhar e o tom de sua voz. — Está bem?

— Hm... — A canhota fora levada ao próprio pescoço e a face abaixou-se. — É, acho que sim.

Xu a observou em um constrangimento que lhe exalava por inteiro o corpo. Umedeceu os lábios e suspirou, mexendo uma última vez nos fios que com certeza demonstravam-se um caos. Empurrou o corpo sutilmente para o lado deixando um espaço no objeto, onde no acolchoado batera algumas vezes em um silencioso pedido para que ela se aproximasse.

— A-Ah — A mão balançara contra o ar. — Estou bem aqui. Acho melhor eu...

— Senta logo. — Dissera em um tom autoritário.

Revestida não só pela explícita vergonha como com a culpa extrema de ter esbarrado-se com Minghao de alguma maneira após um período sem contato algum ela acabou entregando-se a quase ordem proferida e sentou-se ao lado do garoto. Os olhos encontraram-se no primeiro instante, mas nos demais Seok não teve coragem de olhá-lo diretamente.

— O que aconteceu com você?

— Como assim? — O cenho feminino franziu-se.

— Você sabe do que estou perguntando.

— Me desculpe. — Junto com o pedido tivera o curvar por inteiro.

— Eu não quero desculpas, Areum. — Suspirou. — Fale.

— O que você quer que eu fale?!

— Você simplesmente me ignorou por dias para depois aparecer no estúdio querendo outra tatuagem enquanto totalmente bêbada.

— Eu não ignorei você.

— Então me diga o que aconteceu.

— Eu não tenho nada para dizer. Eu posso beber quando quiser, você não pode me impedir!

— Você parece uma criança falando assim. Por que você continua tentando cobrir problemas bebendo? Isso só vai piorar as coisas. E não fuja do fato que você estava sim me ignorando.

— Eu realmente odeio quando me chama de criança, eu não sou uma e... Ah, sei lá Minghao. — O corpo movimentou-se junto ao rodar incomodado dos olhos. — Eu estive com problemas, eu não quis falar com ninguém, eu não tinha com quem falar, é isso.

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