Olívia Marthin, uma mulher extraordinária, e naturalmente linda, seus cabelos longos e negros caindo sobre os olhos verdes, que brilhavam ao observar o pôr do sol.
-Olha filha! -Ela sorria e apontava as ondas do mar que iam e vinham como se estivessem engolindo o sol, eu que amava tudo que me mostrava respondi, sentada em seu colo.
-Estou vendo mamãe. -Uma criança tão doce e inocente, nunca imaginaria o que estava prestes a acontecer...
O sol se pôs e a lua já brilhava sobre nossas cabeças quando decidimos voltar para casa, não sei como, mas eu sentia que algo iria acontecer.
-Vamos ligar para a vovó, mamãe. -Pedi, pegando minha mãe de surpresa que não teve como recusar o pedido.
-Tudo bem, mas tem que ser rapidinho, seu pai deve estar chegando e se não estivermos em casa, ele vai virar uma fera.
*LIGAÇÃO ON*
-Alô, vovó?
-Oii Hanna, que ligação inesperada, o que houve? Tudo bem com você e sua mãe?
-Tudo bem sim vovó, só liguei pra saber como a senhora está, com a gente está tudo muito bem.
-Me desculpe ligar sem avisar mãe, Hanna que fez esse pedido do nada. -Minha mãe interrompe, depois de uns minutinhos, decidimos desligar.
-Vovó eu te amo tá e se cuida.
-Eu também te amo meu amor, beijos para vocês e me liguem mais vezes, tenho saudades.
-Te amo mãe e pode deixar que ligaremos.*LIGAÇÃO OFF*
Chegamos em casa e mamãe tratou logo de fazer o jantar, papai não tinha chegado ainda do trabalho e a casa estava tranquila.
-Hanna! Ponha os pratos na mesa, para a mamãe filha. -Ela grita da cozinha, enquanto despejava uma panela de macarrão em uma travessa de vidro.
-Que delícia mamãe. -Falo colocando os pratos.
-Agora é só esperar seu pai chegar, para podermos jantar em família. -Concordo e volto para a sala, continuando a assistir televisão.
1h.....2h....3h....
Já eram 23:00 horas da noite, se passaram três horas e nada do papai chegar, mamãe e eu jantamos sem ele e dormíamos no sofá, quando um barulho de portas batendo nos assuntou, mamãe levantou correndo e foi em direção ao barulho, eu continuei deitada com os olhos fechados, acredito eu que mamãe pensou que eu não estivesse acordada, mas pode ouvir toda a discussão.-O que aconteceu? Por que chegou tão tarde? E tão alterado? -Mamãe falava baixinho, quase sussurrando.
-DEU TUDO ERRADO, NESSA MERDA... -Ele falava, até que foi interrompido.
-Xiiiiu, fale mais baixo Hanna está dormindo no sofá.
-POR QUE DIABOS ESSA CRIANÇAS ESTÁ DORMINDO NO SOFÁ? ELA NÃO TEM MAIS CAMA NÃO? -Papai ficava cada vez mais exaltado.
-Estavamos esperando você, mas demorou tanto que acabamos pegando no sono, e por que está tão bravo?
-AAAAH, NÃO TE INTERESSA, TRAGA MEU JANTAR, ESTOU FAMINTO.
-Pegue você o seu jantar, vou levar minha filha para o quarto.
-Como é que é? -Papai falou entre dentes, dava para sentir a raiva através de suas palavras, depois só ouvi um brilho de coisa batendo na parede e corri rapidamente, dando de cara com papai segurando o pescoço da mamãe contra a parede.
-Papai? -Foi só oq eu disse e eles voltaram sua atenção a mim, quem estava alí de pé, bem atrás dele. -O que você está fazendo com a mamãe, papai?
-Suba para o seu quarto! -Foi a única coisa que ele disse.
-Mamãe, você vem comigo ? - Falei enquanto ia em sua direção e pegava sua mão.
-Oh filha, vai indo que a mamãe já vai tá bom? -Ela disse delicadamente depositando um beijo em minha testa.
-Papai, por que você está zangado? -Ele não disse nada, nem se quer virou-se para me olhar, apenas foi caminhando para a cozinha e chamando minha mãe logo em seguida.
-Eu subo já, ok! -Repetiu ela, e também foi em direção a cozinha...Dei meia volta e subi um degrau, mas parei quando ouvi o barulho de vidro sento estraçalhado.
-EU TRABALHO O DIA INTEIRO, E QUANDO EU CHEGO EM CASA, O QUE TEM PARA COMER É UMA PORCARIA DE MACARRÃO... -Pude ouvir os gritos de papai novamente.
-O que está acontecendo com você? Você amava meu macarrão... -Mamãe já chorava.
-ISSO FOI ANTES DE EU PROVAR COMIDA DE VERDADE. -Eu continuava no mesmo degrau, sem mexer um músculo.
-O QUE OUVE COM VOCÊ? -Mamãe agora gritava mais alto que papai, e pelos barulhos de tapas abafados, ela foi para cima dele, mas mamãe era fraca comparada a papai, ele malhava todos os dias, era alto e torneado, mamãe não tinha nada disso, por isso foi facilmente detida por ele e jogada para fora da cozinha, a pobrezinha voou e foi parar ao pé da escada, exatamente onde eu estava, quando me virei para olhá-la, papai já vinha em sua direção, a pegou pelo pescoço e levantou.
-VOCÊ NÃO VALE MAIS PARA NADA, NEM PARA FAZER UMA SIMPLES COMIDA VOCÊ SERVE, NÃO SE ARRUMA MAIS PARA MIM, NÃO TEM NEM MAIS TEMPO PARA MIM, VOCÊ SÓ ME DÁ PREJUÍZOS. -Ele gritava as palavras em seu rosto, nem se importava se eu estava ou não presente, ele continuava a ofendê-la, até que solta seu pescoço e ela caí ao chão. Mamãe tocia e passava a mão no pescoço.
-Por isso anda me traindo? Por isso chega tarde toda noite? SOU EU QUEM LAVA SUAS ROUPAS, ACHA MESMO QUE NÃO VERIA AS MANCHAS DE BATOM EM SUAS CAMISAS? -Mamãe chorava e cuspia as palavras como se a estivessem cortando.
-Deixe de falar besteira. -Papai falou, agora com um leve sorriso.
-BESTEIRA? NÃO É BESTEIRA, É A VERDADE, VOCÊ NÃO PRESTA, NÃO SUSTENTA NEM A PRÓPRIA CASA E QUER TER AMAN.... -Nesse momento mamãe virou seu rosto bruscamente para o lado, com o tapa que levou de papai.
-MAMÃE! -Gritei e corri em sua direção, sendo logo arrancada de seus braços por papai, que agarrou um punhado de seu cabelo e saiu arrastando-a de volta para a cozinha, eu corria atrás completamente desesperada, enquanto mamãe gritava por socorro, papai pegou uma faca na gaveta do armário e inseriu várias vezes em sua barriga, eu gritava e puxava papai, para que ele parasse, mas nenhum sucesso era obtido, até que finalmente parou e saiu deixando minha mãe largada no chão da cozinha, uma poça de sangue já se formara ali.
-MAMÃE... MAMÃE. -Eu chorava e gritava por cima dela.
-Se cuide pequena Hanna.... mamãe ama você demais.... -Foram as últimas palavras que mamãe pronunciou, antes de fechar os olhos e nunca mais abri-los.
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Verdes e Mortais
FanfictionHanna Marthin.... Já foi uma menina dócil e delicada, mas a dor e o sofrimento de ter visto sua mãe ser brutalmente assassinada por seu próprio pai, a transformou em uma arma mortal, um ser que mata encarando os olhos de suas vítimas, como se seus g...