mil motivos para morrer, um motivo para viver

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   — Cadê o Hyuck? — Mark pergunta ao entrar na sala.

   — Dormindo. Foi cansativo demais ter que sair no meio da noite para salvar um desocupado com um taco de beisebol — Renjun sorriu sarcástico — Palavras dele.

   — Que bom — Disse, se jogando no sofá ao lado de Jaehyung — Assim ele não enche o saco.

   Jaehyun estava afiando suas facas. Ao seu lado, Yukhei mexia em uma caixa de munição, provavelmente checando se todas estavam boas par serem usadas. Doyoung, do outro lado da sala, arrumava sua caixa de primeiros socorros. Taeyong estava sentado perto de uma janela olhando para fora pelo buraquinho que fizeram na madeira. Renjun se escondia em uma pilha de livros de ciência, como sempre. Jaemin ainda desenhava sem parar e Taeil arrumava os alimentos que Mark trouxera nos armários da cozinha. Ninguém trocava uma palavra além de comentários esporádicos e dúvidas. As manhãs geralmente seguiam dessa maneira, cada um com sua função cuidando de suas coisas e sempre em alerta. Mark se afundou no sofá, balançando o taco de um lado para o outro em sua perna, refletindo sobre como eles mal se divertiam. Não que fosse momento para brincadeiras e risadas, mas talvez todos estivessem tão mal por falta de um tempo para relaxar e fugir dessa realidade horrível que eles viviam. Talvez eles só precisassem se distrair por nem que seja uma hora. Tudo de tão pesado poderia ficar incrivelmente mais fácil.

   — Mark, porque você não dorme um pouco também? Parece cansado — Taeil quebrou o silêncio, sentando no braço do sofá ao lado de Yukhei.

   O garoto concordou e levantou, andando em direção às escadas, sem largar o taco de beisebol de suas mãos. Ao passar por Taeyong, ele deu leves tapas em suas costas, recebendo um sorriso em resposta.

   Chegando no maior quarto, Mark encontrou Donghyuck deitado na cama de casal, o braço apoiando a cabeça e encarando o teto, sua arma em cima da barriga.

   — Achei que estivesse dormindo.

   — Eu tentei — Disse apenas.

   Mark foi até a cama ao lado da de Hyuck, apoiou o taco na parede e deitou, também encarando o teto.

   — Você tem esperança? — O mais velho perguntou de repente.

   — De que você comece a usar uma arma de verdade? Sempre —Donghyuck riu.

   — Não — riu junto — De que isso vai acabar um dia.

   Ele não respondeu, e Mark sabia a resposta. Mesmo querendo muito, não havia como eles acharem que um dia tudo voltaria ao normal ou ao menos melhorasse. Pensar nisso doía e ele entendia porque Doyoung se mantinha sempre esperançoso. Era muito mais fácil que encarar a realidade cruel.

   — Do que você mais sente falta? — O mais novo pergunta, olhando para o lado finalmente.

   — Tocar violão — Riu — E você?

   — Ouvir música alto. Ou ouvir música em geral.

   — Tem uma loja de antiguidades perto daquele mercado-

   — Ei — interrompeu — Não inventa. Não faz nem seis horas desde que você quase morreu.

   Ambos ficaram em silêncio, apenas ouvindo as próprias respirações pesadas.

   — Mark? — Donghyuck sussurrou, se virando para o lado e colocando a arma na cabeceira ao lado da cama — Eu queria poder te ouvir tocando violão.

   Mark esticou o braço em sua direção e Hyuck fez o mesmo, segurando sua mão.

   — Eu queria poder tocar violão pra você.

one will die before he gets thereOnde histórias criam vida. Descubra agora