A Cabana

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Uma semana antes...

Meus amigos são uns idiotas. Sim eles são! E eu com certeza sou também. Essa é a única explicação plausível do porquê diabos estávamos em uma mata que fica no que eu tenho certeza que deve ser o fim do mundo.

- A gente tá perdido pra caralho, não tá?– disse Mikey, mais em tom acusatório, do que perguntando realmente.

- Calma porra, eu sei pra onde eu tô indo! –  Bob disse confiante enquanto se apoiava no tronco de uma árvore pra descer o pequeno barranco.

- Tem certeza? Porque parce que você não faz ideia do que tá fazendo... – Ray resmungou.

Como? Por que motivos, eu aceitei vir até aqui? Você deve estar se perguntando. E mais importante, o que, em nome de sabe se lá Deus o que, eu vim fazer nesse buraco? Eu vou te dizer.

Há umas duas semanas atrás, Bob veio com a ideia de que nós fizéssemos uma pequena viagem, entraríamos em férias da faculdade, então não haveria o menor problema e nós realmente estávamos precisando de um descanso.

O problema começa quando nós não fazíamos ideia de que o cara ia trazer a gente pra literalmente o meio do nada. Nem sinal de celular tem nessa merda! É nessas horas que a gente começa rever nossa vida, nossas escolhas e erros, e rezar pra que seu amigo de longa data, não seja um psicopata que só te atraiu pra um lugar isolado da sociedade pra te matar e desovar seu corpo em uma cova rasa. (Okay, talvez eu tenha exagerando nos filmes de terror ultimamente...) Mas isso não vem ao caso. O importante é que estamos fodidos e eu não faço ideia de onde estamos!

- Bob, é bom a gente chegar em algum lugar logo, eu tô rachando de fome!- resmunguei entredentes.
- Tem comida na cabana, nós só temos que chegar até lá. – disse como um incentivo.
*
Mais de vinte minutos depois avistamos, o que aos olhos de Bob era uma boa cabana. Aos meus era uma casa abandonada de filme de terror, mas isso me deixou estranhamente mais animado. Gostos peculiares eu diria...

- Como diabos você veio aqui, sozinho, dias atrás pra colocar as coisas no lugar? – Ray perguntou. – Eu não viria aqui sozinho nem se me pagassem!

-Eu não vim sozinho. Vim com meu tio, a cabana é dele. – Bob retirou as chaves de sua mochila e abriu a porta que rangeu alto e estridente.

-Só uma pergunta... Tem água encanada aqui, né?- Mikey perguntou aflito de repente. – Sei que devia ter procurado saber antes, mas tipo a gente vai passar uma semana aqui e isso é uma exigência bábásica...

- Claro que tem! – Mikey respirou aliviado, fazendo Bob revirar os olhos em resposta. - Mas eu não beberia se fosse você. Então por favor só bebam a água do filtro. Tentem não morrer de desidratação. – não pude evitar de rir, até porque, eu era o mais provável a cometer esse erro.

Por dentro a cabana não era das piores. Bom, não era a mais bonita que eu já tinha visto, mas dava pro gasto. Ela era bem pequena, a mobília era em sua maioria de madeira e tudo parecia bem velho. A decoração era sinistra! Tipo, cabeça de cervo na parede e tudo mais. A sala que fazia divisa com a cozinha e mais ao fundo tinha um corredor, onde provavelmente ficavam os quartos e o banheiro.

Todos na sala se entre olharam e então corremos pra escolher os quartos, rindo uns dos outros pela pequena disputa.

- Não quero nem saber o do lado do banheiro é meu! – gritei em meio a toda bagunça.

- Veremos!- respondeu Mikey. Droga, ele é rápido!

-Ah não, Moikey! – resmunguei vendo ele passar rindo pela porta.

Bob entrou na primeira porta na frente do banheiro e Ray na de frente para o quarto do Mikey, sobrando assim o quarto do fim do corredor pra mim. Derrotado levei minhas coisas até ele.

O quarto era mediano e mal iluminado, com uma cama na parede de frente para a porta e uma janela bem grande atrás da dela. Os móveis, bem... Com certeza quem fez a decoração da sala fez do quarto também.

Pela janela é possível ver algumas árvores robustas e uma outra cabana mais ao fundo. Perto o suficiente para ver a parte da frente por completo, porém uns bons metros de distância. Pra falar a verdade a cabana era bem parecida com essa, mas aparentava estar vazia, talvez até abandonada. 
*
Depois que coloquei minhas coisas nos devidos lugares, o sol já parecia ter se posto. Quando voltei pra sala, Ray e Mikey já estavam lá.

- E aí? O que temos pra comer em? – perguntei vendo Mikey tirar um potinho do micro-ondas. Graças a Deus, pelo menos uma coisa boa nesse fim do mundo!

-Hum, lasanha. – eu estendi as mãos pra pegar o potinho e ele desviou caminhando até a sala. – Esse é meu, vai fazer o seu! – disse rindo da minha cara.

- Aqui pega esse. – Ray me entregou outro potinho. – Você nem ia comer aquele, era de carne.

- Uh... obrigado! Pelo menos alguém cuida de mim! – disse alto pra que Mikey escutasse e ele me apontou o dedo médio em resposta, fazendo todos rirem.

- O que tá acontecendo? – Bob perguntou adentrando o comodo.

- Mikey tá sendo egoísta. – respondi. Então uma coisa me veio a cabeça. – Hey, Bob. Eu vi que tem uma cabana lá no fundo, será que tem alguém lá?

—Hum, acho que está abandonada. Meu tio nunca disse nada sobre alguém por aqui e das vezes que eu vim também não vi ninguém. Por que? – disse enquanto pegava sua lasanha e colocava no micro-ondas.

- Sei lá, essas pessoas costumam caçar. Não tô afim de levar um tiro. – respondí, dando de ombros.

- Frank, você é muito exagerado. – respondeu rindo.

*

O resto da noite correu com eles conversando sobre coisas aleatórias e bobagens sobre coisas banais da semana anterior enquanto bebiam um pouco. Depois de uma certa hora todos foram para seus respectivos quartos, mais cansados do que achavam que estariam.

**

Quando Frank acordou ainda não era de manhã. Era uma noite clara e a única luz que entrava no quarto vinha da janela. Sua boca estava seca, ele  poderia até ignorar e voltar a dormir, mas optou por levantar e ir até a cozinha, nem se  preocupando em acender as luzes durante o processo, passando pelas portas dos outros quartos rápidamente tentando não fazer barulho, já que todos ainda estavam dormindo.

Na volta, com seu copo de água em mãos, fechou a porta do quarto devagar e seguiu até a cama. Ele levou um grande susto, que quase o fez derrubar seu copo d’água,  quando seus olhos passaram pela janela.
“Mas que p... ?!” – pensou.
Tinha alguém na cabana do fundo. Lá fora estava claro o suficiente para que visse a silueta passar pela varanda da casa. Era obviamente um homem, ele era esguio e pálido.

Frank gelou.

E por um instante, parecia que o homem o olhou de volta. Era difícil saber com certeza pela distância, mas como ele parou virado em sua direção, talvez o tivesse visto também e aquilo fez seu estômago revirar de nervoso. Então rapidamente o homem voltou ao seu trajeto e adentrou a casa.

Okay... Frank definitivamente não iria conseguir voltar a dormir.




N/A
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