The Truth Untold | jjk + pjm

Capítulo 1

Os corredores pareciam fazer um barulho infernal naquela hora da manhã. Os gritos deles, que talvez nem fossem de fato gritos, ecoavam na mente de Park Jimin. O garoto ouvia todos os tipos de xingamentos, ouvia todas as palavras cruéis que as pessoas lhe dirigiam, mas não ousava as contestar ou rebater. Sua mente fazia de tudo para enlouquecê-lo aos poucos, no fundo talvez soubesse que era tudo apenas coisa de sua cabeça, mas isso não mudava o fato de que aquilo o incomodava imensuravelmente.

A humanidade, em tantos aspectos distintos, precisava ser estudada. A sociedade, então, precisava ser desconstruída e feita novamente, do zero, de baixo para cima. Porque Jimin não merecia conviver com o medo que lhe percorria por conta dos comentários alheios e da maneira que tratavam-no.

Jimin era uma ser de luz precioso, que precisava ser cuidado, acarinhado e amado simplesmente por ser quem era. O único problema era notar que ele não conseguia se enxergar dessa forma.

Ao adentrar a quadra onde teria suas aulas de educação física, já vestido com a calça comprida, a camiseta de mangas longas, sua máscara que cobria a boca e o nariz, e um gorro que por pouco não lhe tapava os olhos, já foi alvo de olhares, risadas e algumas piadas. Era um dia quente, e ainda assim ele estava totalmente escondido, sem deixar que os outros sequer enxergassem sua pele.

Odiava que as pessoas o vissem, pensava que só ouviria ainda mais insultos. Se sentia a pessoa mais insegura do mundo, frequentava até mesmo um psicólogo na esperança de seu problema com autoestima melhorar. Até agora não havia tido muita melhora nesse quesito.

Era como se a cada dia estivesse sentindo-se ainda pior. Ouvia a psicóloga dizer que ele precisava aceitar-se, nem que fosse aos poucos, que precisava se libertar desse medo, bem devagar.

Foi então, naquele instante, que o capitão de alguns times de esporte da escola adentrou também o ginásio, já segurando a bola de voleibol e carregando ao seu lado o seu quase exército: seu grupo de amigos. Esse capitão chamava-se Jeon Jungkook, o cara por quem Jimin tinha não uma queda, mas um tombo sem igual.

O Park tinha certo ódio de duas pessoas da roda de amigos do Jeon, dois meninos que só sabiam infernizar sua vida ao longo dos dias. Mas como esse já era um comportamento comum dentre os alunos daquele lugar, Jimin quase conseguia ignorá-los.

Quase. Nunca ignoraria por completo, não quando aquilo tudo o incomodava e magoava todos os dias. Não podemos nos acostumar com o que não faz bem, com a dor, com o desespero de não saber de que lado ouviria coisas piores. Medo de existir, era isso que Park Jimin sentia.

Jimin observou o moreno por alguns instantes, sentindo-se contente por ter aquela máscara cobrindo seu rosto, afinal assim não precisava explicar para ninguém o sorriso bobo que estava em seus lábios.

Nunca teria chance, era apenas nisso que pensava. Jungkook era lindo, musculoso — dentre outros inúmeros elogios para definir sua beleza —, popular, simpático com todos, cheio de amigos e ótimas notas na escola. Ele era o exemplo perfeito de aluno perfeito. Não havia outra definição.

— Professor pediu para eu organizar enquanto ele está em uma reunião com o diretor. — Avisou Jungkook, fazendo Jimin sentir seu coração palpitar apenas por aquela voz. Uma voz que o trazia paz, enquanto tantas outras lhe causavam desespero. — Vamos jogar voleibol, preciso de mais um capitão para dividirmos os times.

Todos assentiram. Acabou que seria o time de Jungkook contra o de Hoseok, amigo do moreno. Cada um escolheu cinco alunos, surpreendendo Jimin por ter sido chamado pelo Jeon para jogar. Ele nem mesmo sabia que Jungkook notava sua existência, quem dirá que o chamaria para jogar.

— Você realmente escolheu esse esquisito? — A voz veio de um dos alunos do outro time. — Aposto que ele esconde o rosto porque é uma verdadeira aberração.

Aberração. Jimin não era, definitivamente, mas sentia-se de tal forma. Olhava-se no espelho e enxergava um monstro. Parecia que quanto mais perdia peso, ainda mais cheio de peso era. Quanto mais maquiagem passava, mais marcas apareciam em seu rosto. Quanto mais arrumava seu cabelo, mais bagunçado ele parecia. Jimin era o único que não enxergava que não tinha nada de errado com ele.

Ele era perfeito. Ele se enxergava da forma que o descreviam, isso soava como um absurdo.

— Você respeita o meu time! — Pediu Jungkook, triste por ver que o menor havia ficado sim cabisbaixo pelas palavras que lhe foram dirigidas. — Ele devia era cobrir os ouvidos para não aguentar você!

Jimin acabou sorrindo por baixo da máscara, fazendo seus olhinhos ficarem quase imperceptíveis. Mas logo parou, porque não queria que ninguém visse a forma que eles ficavam quando ria ou sorria. Mirou Jungkook como se estivesse o agradecendo, o mesmo apenas piscou para si e focou no jogo.

— Qual seu nome? — Jungkook perguntou rapidamente, afinal estavam próximos um do outro na quadra enquanto o outro time ainda se organizava.

— Jimin. — Sua voz saiu tão baixa que o maior quase não a escutou.

Jungkook assentiu, também dizendo seu nome mesmo que todos já soubessem do mesmo.

Como já não era novidade alguma para as pessoas, o time de Jungkook ganhou. Jimin até que jogava bem, fazia uma boa defesa e um ótimo saque, causando ainda mais ódio no time adversário, o qual apenas queria socar a cara do Park até que a mesma sangrasse.

Mas o Park não tinha culpa.

Ele era, literalmente, apenas a vítima de uma sociedade cruel que não enxergava o brilho que habitava cada pessoa pelo simples fato de ela ser o que verdadeiramente é.

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Olá, amores ♥

Postando mais um especial das short-fics. Essa história é muito importante, de coração mesmo, porque ela fala sobre o amor próprio e a maneira como as pessoas muitas vezes acabam se enxergando do jeito que os outros o descrevem. Por isso, peço que leiam com carinho e atenção, ok?

Ela já foi postada uma vez no outro site como two-shot, agora será uma short-fic de 7 capítulos. 

Espero muito que gostem ♥

Ah, apesar de parecer pesada, juro que tem um final feliz, ok? Só estou avisando para que não leiam com medo, hihi.

Beijinhos e até amanhã <3