A ÉPOCA MAIS SOLITÁRIA DO ANO/TUDO O QUE EU QUERO DE NATAL É...

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 Dezembro é aquela época do ano em que todos parecem muito felizes, simplesmente porque esperam o natal durante todo o ano. Mas, eu não.

Em alguns lugares do mundo tem neve, em outras decorações incríveis, mas, na minha cabeça, só consigo imaginar as pessoas que vivem sem casas, sem alguém para dar presentes, sem roupas decentes... Eu já fui uma dessas pessoas, morar na rua foi a pior experiência da minha vida.

- Última chamada para Serra Azul. - Alguém anuncia.

É o meu vôo.

Estou exausta, acabei de voltar do meu intercâmbio de um ano nos Estados Unidos. Foi uma aventura incrível viver no Arizona, mas seria muito melhor se o Jorge fosse comigo. Ele é meu melhor amigo desde que eu tinha seis anos e ele cinco. Todos anos, desde que eu fui adotada, é uma tradição na minha família comemorarmos os natais juntos. Isso inclui a família do Jorge, nossas famílias são amigas.

Quando meu vôo fez uma parada em São Paulo, aproveitei e fiz algumas compras de presentes para todos. Até briguei com duas garotas em uma loja por causa de um globo de neve, não gosto do natal, mas o Jorge ama. Eu fui obrigada a fazer esse sacrifício por ele.

Sorrio pensando que vou matar a saudade da minha família e das pessoas que eu gosto, e com isso acabo caindo no sono.

- Senhorita, chegamos em Santa Catarina.

Sou acordada pela aeromoça, o cara ao meu lado está me encarando assustado. Espero não ter roncado esse tempo, quando eu estou cansada isso geralmente acontece. Todos os passageiros estão recebendo um pirulito de coração, já devo ter uns três já que peguei muitas conexões. Assim que desembarco, noto a decoração brega do aeroporto. Pego a minha mala enorme e antes de ir, vou ao banheiro.

- Mariana, que cara é essa! - Digo para mim mesma.

Meu rosto está amassado e tem uma marca de baba na minha boca. Lavo o rosto rapidamente, arrumo as minhas tranças, passo um gloss e pronto.

- Mari.

É meu pai, eu o vejo há alguns centímetros de distância. Corro até ele e o abraço, eu estava morrendo de saudades.

- Filha, como é possível você ficar tão linda a cada ano que se passa?

- Aí pai, que saudade!

Beijo o rosto dele.

- Cadê a mamãe? - Pergunto olhando ao redor.

- Em casa preparando uma surpresa pra você. - Ele sorri. - Você verá toda a família amanhã.

Está faltando mais alguém...

- E o Jorge? Eu falei pra ele que voltaria para casa hoje.

- Eu sei, mas ele disse que vai te ver amanhã.

Não acredito nisso, esse moleque irritante!

Nem pra vir buscar a melhor amiga no aeroporto ele serve, eu deveria adivinhar que ele faria isso. Ele estava estranho o ano todo dizendo que sentia a minha falta, que não via a hora de nos encontrarmos.

- Vamos? - Meu pai pega a minha mala.

- Sim, pelo menos você está aqui.

No caminho até o estacionamento meu pai me conta que o natal esse ano será ainda melhor do que os outros, que até eu deixarei de odiar o feriado.

- Pai, acho que isso jamais será possível.

- Eu sei que você odeia o natal por ter péssimas lembranças filha, mas agora sua vida é diferente.

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