Ferit Aslan
Eu me programo a semana inteira, para vir um ser sem o menor senso de comprometimento e profissionalismo me fazer atrasar mais de meia hora . Sou uma pessoa extremamente perfeccionista, preciso que tudo saia como eu planejei, se não nada dá certo, e como já estou acostumado com esses vermes nada pontuais, sempre deixo meu helicóptero e meu piloto em alerta, para se caso acontecer o que aconteceu, eu não me atrasar para meu próximo compromisso.
Termino minha ultima reunião e vou para casa. Estou tão cansado que a única coisa que quero no momento é um banho e cair na cama. Assim que entro em casa meu celular toca, é a Sra. Ikbal.
- Estou ouvindo.- Atendo.- Sim, acabei de chegar. Espero que esteja tudo em ordem em casa e que o novo cozinheiro saiba fazer seu trabalho.- Atravesso o enorme gramado.- Ok, ligo para você amanha caso algo não me agrade.- encerro a ligação e entro em casa.
Lar, doce lar.
Ou devo dizer, doce bagunça? É impressionante como eu não dou sorte com nenhum empregado. Eles não conseguem tirar um simples pó ou ate mesmo alinhar todas as iluminarias. Começo a arrumar e limpar tudo, e logo em seguida vou tomar banho rezando para que ao menos a cozinheira tenha feito seu trabalho corretamente.
Chego na cozinha e me deparo com uma enorme bagunça, todos os potes de temperos espelhados pelo balcão. Qual a dificuldade em usar e guardar? Eu não me acho exigente, apenas gosto do correto. Se eu encontrei algo no armário, por que diabos vou deixar em cima da mesa? Entendem? Não tem a menor logica. Guardo tudo e acabo encontrando um bilhete grudado na porta do armário.
Ficará mais gostoso se derramar o pretzel sem comer as alcachofras :)
Ok. Agora passaram de todos os limites. Quem essa mulher pensa que é? Como se eu não soubesse comer comida. Pego o telefone e já no segundo toque sou atendido.
- Sra. Ikbal? Pode dispensar e arrumar outro cozinheiro. Tenha uma boa noite.- desligo.
Esquento minha comida e arrumo a mesa para poder jantar já esperando o pior, mas quando provo a comida sou surpreendido com um gosto agradável. Talvez ela não seja tão ruim assim. Termino de comer e vou dormir.
-X-
- Peço que espere um minuto, apenas um minuto, por favor.- escuto alguém dizer.
Estou na empresa analisando um contrato quando Sra. Ikbal entra na minha sala falando ao telefone.
- Senhor, uma mulher está querendo falar com você, seu nome é Funda.- se aproxima tampando o telefone numa tentativa de fazer a tal mulher não ouvir nossa conversa.- Ela esta ligando no seu celular a 2 dias. O que eu respondo?
Faço uma careta e nego. Sra. Ikbal assente já entendendo o que é para fazer.
- Vou mandar o boque de rosas vermelhas junto com o chocolate como sempre, ok?- me olha com desaprovação.
Sorrio e mando um beijo para ela concordando.
Sra. Ikbal é como uma mãe para mim, é a única mulher que eu confio cegamente. Ela nunca me desaponta, faz seu trabalho com maestria e nunca me deixa na mão. É claro que as vezes rola um puxão de orelha aqui outro ali, mas no geral nós nos entendemos muito bem e ela procura sempre respeitar minhas escolhas, coisa que minha própria mãe jamais fez.
- Sra. Ikabal.- a chamo quando a vejo sair.
- Sim?- responde voltando a se aproximar.
- Você já falou com a cozinheira?
- Agora mesmo eu iria entrar em contato com ela para informar sobre sua demissão e pagar pelo dia trabalhado. Não se preocupe, encontrarei outra para colocar no lugar o mais rápido possível.- garante.
- Por enquanto pode deixar ela mesmo. Mudei de ideia, resolvi dar mais uma chance.- ela me encarra surpreendida. Acho que nunca ocorreu de eu "mudar de ideia". Sempre que demito alguém é para valer. Mas coitada da senhorinha, talvez ela não tenha escutado direito sobre as regras da casa. Merece outra chance.
- Tudo bem então.
- Apenas a informe para parar de deixar bilhetes grudado no meu armário e focar somente no seu trabalho.
- Ela deixou um bilhete?- Sra. Ikbal ri.
Concordo com a cabeça.
- Vou resolver isso.- responde balançando a cabeça como se ao acreditasse que alguém seria tão estupido a ponto de fazer isso. Bom, eu também não estou acreditando ate agora.
- Mas preciso que encontre outra faxineira.- digo. O que vocês esperavam? Milagre não acontece duas vezes não.
- Ok, com licença.- responde me deixando sozinho.
-x-
- Não conseguimos conversar ontem. Foi mal.- digo comendo.
- Onde você estava?- Engin questiona.
- Em casa. Contratei uma cozinheira. E queria avaliar sua comida.- corto um pedaço de carne e coloco na boca.- Tirou 8 numa escala de 0 a 10. Por isso ainda esta em período de teste.
- 8?- Engin ri.- Você contratou um profissional?
Engin sabe o quão difícil é para me agradar, principalmente no quesito comida.
- Não. Um profissional tiraria 10 ou 9, e ela perdeu pontos por outros fatores.- esclareço.
- Uau. Essa cozinheira 8 em escala de 10, não é nada mais que surpreendente. Como ela é?- pergunta curioso.
- O nome dela é Naziyme, então deve ser uma senhora de idade já. Pelo jeito que se atenta aos detalhes deve ser bem experiente. Mas tem um problema, mulheres assim tem suas próprias manias na cozinha. E você tinha que ver como ela deixou minha cozinha, tudo espalhado, tinha tempero em todos os cantos.- desabafo. - E eu não posso permitir uma coisa dessas, ela esta em local de trabalho, não na casa dela. Tem que seguir as minhas regras. Se ela não aceitar, vou ficar muito feliz em apresentar a porta da rua pra ela.- digo por fim e Engin ri.
- Apenas não se esqueça que este final de semana vamos na fazenda. Sua mãe me perturba todos os dias querendo sua presença lá.
- Pode esquecer. Eu tenho muito trabalho para fazer.- nego.
- Quantas vezes ela já pediu e você não foi?- desaprova.
- Vejo você na reunião.- levanto encerrando aquele assunto desagradável para ir embora.
- você vai ir, certo?- grita para mim.
- Vou na reunião.- grito de volta saindo do restaurante.

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Dolunay
RomanceFerit Aslan é um empresário de muito sucesso e é extremamente organizado. Ele quer a mesma forma de organização em sua vida privada e profissional. Nazli, que estuda gastronomia, precisa encontrar um emprego imediatamente, pois é responsável por cob...