Capítulo 3- Garoto do Green Day

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É tão estranho ver tudo a sua volta mudar de uma hora pra outra, em um dia minha vida estava mergulhado em uma inércia entediante e no outro... Tudo pareceu inovador e original 

“Quando foi que tudo começou a mudar?”

Você me mostrou um novo mundo, um mundo colorido e cheio de inovações, um mundo aonde eu possa viver... 

“É errado te querer?”

{...}

- Tá um cu! – suspiro pela milionésima vez naquela tarde. 

Sinceramente qual é o meu problema? Por que caralhos eu aceitei que eles viessem me ajudar?! Eu não convido nem minha mãe pra vir no meu apartamento! 

- O que tem de errado dessa vez? – indago cansado sentando em minha cama. 

Estou desde cedo experimentando roupas para o meu “encontro” com a Jirou e desde que o pessoal escutou o pedido, comecei a ser cada vez mais pressionado! Eles queriam de qualquer jeito me ajudar a se arrumar para sair, maldita hora que eu aceitei. 

- Tudo! 

Reviro os olhos encarando as orbes avermelhadas fervendo em raiva, confesso que fiquei um pouco assustado, mas o que posso fazer?! O Katsuki parece um psicopata de filme de terror adolescente!

- Qual é Kaminari? – levantou-se da pequena poltrona, disposta no canto do meu quarto, caminhando em direção do meu guarda-roupas- Deve ter alguma coisa aqui que seja pelo menos aceitável! 

- Hanta eu já vesti minhas melhores roupas! – aperto, a última calça que vesti, com força afim de acalmar meus nervos- É melhor eu só desistir disso tudo- me deito de vez em minha cama encarando o teto. 

- Como você é dramático- encaro Mina que parece bem irritada com minha reação- Qual o seu problema?! Por que desconfia tanto de si mesmo? 

Sinto tudo a minha volta parar por um momento, aquela pergunta me atingiu em cheio, fazia tanto tempo que eu não pensava nisso...

“Do que você tem tanto medo?” 

- De-desculpe e-eu não queria- sua fala foi cortada.

- Porque eu sou um inútil...
Minha mente está tão nublada agora, me sentia perdido entre o passado e o presente...

“Eu sou realmente um fardo?” 

- Desde que me lembro meu pai queria que eu fosse um médico renomado- lembranças invadem minha mente aos poucos me deixando mais entorpecido- Ele sempre quis que eu vira-se alguém importante e rico para sustenta-lo.

“A culpa é minha?” 

Respiro fundo antes de continuar- Eu nunca questionei e por muito tempo aceitei aquela ideia como se fosse minha- sinto um bolo se formando em minha garganta- Eu estudei como um condenado para passar na prova da faculdade que eu queria fazer, me afastei de meus amigos, parede de sair, parei de me divertir, parei de viver- mordo meu lábio inferior buscando forças para continuar- E-e no dia da prova... e-eu fiquei tão nervoso- sentia pequenas lágrimas se formarem em meus olhos- Eu não consegui passar- respirei fundo lembrando da expressão de decepção na face do meu pai- Meu pai ficou extremamente irritado e disse que eu era um fardo e que não conseguiria nada na vida...

“Talvez você estivesse certo...” 

- Minha mãe ficou puta da vida com ele e os dois se separaram, por minha culpa, e ele ficou feliz com isso disse que desse jeito poderia arrumar um filho melhor- encaro o teto esverdeado sobre minha cabeça perdido em meus pensamentos- É.... talvez ele estivesse certo.

Depois de alguns segundos finalmente acordo do meu transe. O que diabos eu estou fazendo contando da porra do meu passado?!! Eles não tem obrigação nenhuma de escutar minhas lamentações. 

- Des-desculpem! – me sento encarando os rostos pasmos deles- E-eu não queria despejar essa merda em vocês- abaixo o olhar constrangido- Vocês não tem obrigação de escutar minha historinha triste- forço um sorriso amarelo- Não é como se fossemos próximos...

- Seu idiota! – encaro a rosada que corre na minha direção- SEU GRANDE IDIOTA! – ela se joga nos meus braços e me abraça com força

- Mina...

- Cala a boca! – obedeço sua ordem sentindo o abraço se intensificar- Que história é esse de não sermos próximos?! - sinto parte da minha camisa ficar molhada, ela realmente está...? – Somos seus amigos imbecil! Nos importamos e nos preocupamos com você!  

“Amigos?” 

Por que essa simples frase me faz sentir tão bem? Desde quando passei a apreciar a presença de vocês? 
Afundo meu rosto no ombro alheio e me permito chorar, já fazia tanto tempo que eu guardava essas malditas inseguranças só pra mim, era tão bom finalmente falar com alguém sobre aquilo, era tão bom não estar sozinho. 
Sinto mais braços ao meu redor, ergo o olhar e vejo Sero e Bakugou rodearam-nos com pequenos sorrisos estampados nos rostos.

- Não precisa se martirizar pelo passado Pikachu- sinto as mãos de Hanta passearam pelo meu cabelo fazendo um leve cafuné- Estamos aqui com você. 

- É sei idiota e você não é um inútil! - sorriu com seu jeito durão de ser- Só é um pouco tapado, mas nada que uns gritos não resolvam- pisca pra mim. 
Talvez eles não sejam tão estranhos assim, ou talvez eu seja tão estanho quanto eles, mas desde quando isso importa? Na verdade a única coisa que importa por agora são esses abraços e gestos carinhosos direcionados especialmente para mim.

É tão bom não estar mais sozinho...  

A garota dos fones de ouvido (Kamijiro)Onde histórias criam vida. Descubra agora