Qual o seu nome?

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Os olhos amarelados do caixa estavam grudados na porta de madeira escura a sua frente, o movimento estava quase nulo naquele dia, o que era totalmente compreensível visto que um temporal caia do lado de fora, mas mesmo assim o rapaz de fios amarelados tinha fé que a garota apareceria, ela sempre aparecia. 

- Você vai acabar travando a coluna desse jeito, idiota- comentou enquanto encarava a posição nada confortável do colega- Só desiste logo, tá na cara que ela não vem. 

- Deixa ele Bakugou- o mesmo bufou irritado e voltou para o seu posto. 
- Vocês são um porre- encostou-se na parede encarando o teto de madeira clara. 

- Como se você fosse um mar de rosas- provoca recebendo um olhar mortal do cozinheiro.

- Se você não fosse o gerente já tinha te socado! – rosna para o moreno que sorri ladino. 

- Quem olha de fora pensa que vocês dois são uns príncipes- a única garota da equipe comenta rindo- É, nunca julgue um livro pela capa- levou um gole de café até seus lábios. 

Os olhos amendoados da menina grudaram-se no olhar perdido do amigo loiro, Mina já estava cansada da lerdeza do outro, já fazia quase dois meses que a nova cliente começou a frequentar a cafeteria e até agora nenhum avanço no relacionamento deles, ora se ele gostava dela deveria investir, pelo menos é isso que pensa. 

- Denki! – chamou-o recebendo sua atenção.

- Sim?

- Por que você não a chama pra sair? – o mesmo travou com a pergunta repentina.

- Qu-que?! – suas bochechas estavam pegando fogo, não estava pronto para tal pergunta, na verdade nunca pensou que algum dos colegas iria lhe perguntar sobre sua paixonite na menina dos fones, bom eles já sabiam sobre seus sentimentos, mas nunca se intrometeram, pelo menos não até o momento- Do que está falando?! 

- Da garota de fones- sorriu minimamente para o rapaz- Por que não chama ela pra sair? 

- É Pikachu já passou da hora de você parar de cu doce! 

- É cara, ela tá tão na sua
Denki estava extremamente nervoso com o interesse repentino do trio em seus relacionamentos amorosos, eles nem eram amigos, eram apenas pessoas que trabalhavam juntas, ao menos era isso o que achava.

- E-eu não posso simplesmente chama-la pra sair! – desviou o olhar constrangido. 

- E por que não? – indagou com as sobrancelhas erguidas. 

- Por que...Por que...- pra falar a verdade também não sabia ao certo o motivo, só sentia que não deveria- Porque eu não a conheço! Nem ao menos sei seu nome- falou a primeira coisa que veio à mente desejando que os amigos ficassem convencidos. 

- Se esse é o problema é só perguntar o nome dela- conclui com um sorriso no rosto. 

- Per-perguntar...? – só de se imaginar falando algo além de um “Seja bem vinda” ou um “Volte sempre” seu coração já acelera.     

A porta do local foi aberta revelando um guarda-chuva preto totalmente encharcado. Todos presentes encararam a cena surpresos, quem era o louco que saiu de casa no meio de uma tempestade?!

- Seja bem...- interrompeu sua fala ao visualizar a figura a sua frente- vinda- um sorriso bobo se formou em seus lábios, sabia que ela iria, a morena nunca o decepcionava. 

- Obrigada- agradece colocando o objeto molhado apoiado na parede de azulejo branco. 

A mesma seguiu até seu lugar rotineiro ao lado da janela e logo encarou a menina de madeixas rosas já que ela era sempre quem a atendia. A atendente não tardou a fazer o seu serviço andando em direção a cliente. 

- Essa garota é louca- declarou com uma expressão surpresa. 

- Vai entender- encarou a amiga que fez um sinal que significava que o pedido era o mesmo de sempre- Quem toma a porra de um Milk Shake no frio? – revirou os olhos e se dirigiu a cozinha para preparar a bebida.

As orbes douradas grudaram-se na morena que admirava as pequenas gotas de chuva que caiam no vidro, seu coração sempre se aquecia quando a via, poderia ficar horas e horas olhando-a. 

- Aqui está! – a batida de sorvete e frutas foi entregue a garota que sorriu como forma de agradecimento e logo voltou-se a paisagem. 

Em questão de segundos a garota tirou um o bloco de notas do bolso de seu moletom e começou a escrever, o apaixonado daria qualquer coisa para poder dar uma olhadinha no que a menina escrevia, as vezes ficava horas criando teorias sobre isso, é talvez estivesse ficando louco, não que se importasse com isso. 

{...}

A morena finalmente tinha finalizado a sua bebida e já seguia em direção ao caixa para poder pagar. Assim que o loiro a viu se aproximar sentiu seu coração falhar algumas batidas, sempre ficava desse jeito quando a mesma ficava muito próxima de si. 

- Deu 10 reais- disse mesmo tendo em mente que ela já sabia o preço. 

Ela levou a mão até a calça e puxou sua carteira pegando uma nota de vinte para entregar ao rapaz, o mesmo a pegou e por consequência seus olhos se encontraram com os dela, como amava aquelas ametistas cintilantes, assim que percebeu que a encarava a muito tempo desviou o olhar para seu caixa o abrindo para pegar o troco. Kaminari entregou-lhe o dinheiro mas por acidente suas mãos se chocaram, nesse momento sentiu tudo a sua voltar ficar em câmera lenta, não existia mais nada a sua volta além de si e a companheira.
 
- Obrigado...volte sempre- recebeu um belo sorriso em troca. 

A garota dos fones ficava cada vez mais distante e aquilo estava lhe dando um desespero, um enorme aperto no coração, sempre ficava chateado quando ela ia embora mas dessa vez estava diferente, queria que a mesma ficasse mais. 

- É um idiota mesmo- o cozinheiro revirou os indignado com a lerdeza do outro.

- Desse jeito esse casal nunca vai sair- a rosada inflou as bochechas chateada. 

- Bom... não podemos fazer nada- suspirou pesado vendo a cliente se abaixar para pegar seu guarda-chuva. 

“Por que ela está indo embora? Será que não poderia ficar mais um pouco?” 

Sua mente estava confusa, só queria que ela pudesse ficar mais, só queria que ela pudesse lhe ver com os seus olhos, só queria uma chance. 

- Espera! – todos os olhares do local caíram sobre o rapaz que tinha uma expressão aflita- Qual o seu nome? 
A mesma o encarou durante algum tempo confusa pela pergunta repentina, mas logo um largo sorriso se formou em seu lábios.

- Kyouka, Kyouka Jirou- ergueu-se com o objeto em mãos- E o seu? 

- Ka-Kaminari, Kaminari Denki- respondeu com as bochechas coradas pela enorme vergonha. 

- É um prazer ‘Kakaminari- riu minimamente do jeito tímido do outro- Voltarei em breve- sorriu enfim saindo da cafeteria. 

Pela primeira vez durante anos o loiro sentiu-se ansioso para o dia seguinte.

A garota dos fones de ouvido (Kamijiro)Onde histórias criam vida. Descubra agora