Prólogo

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“Mar de sangue banhado em puro pecado;numa sublime e controversa onda de cabelos virgens ao iluminar de relâmpagos,que refletiam para o cenário caótico vislumbres de luminosidade,o estalo de beijos fazia-se presente,assim como o afagar duvidoso se...

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“Mar de sangue banhado em puro pecado;numa sublime e controversa onda de cabelos virgens ao iluminar de relâmpagos,que refletiam para o cenário caótico vislumbres de luminosidade,o estalo de beijos fazia-se presente,assim como o afagar duvidoso sendo feito adiante do cansar pulmonar.Engendrando o odor infernal da morte,ar algum parecia circular o ambiente aquecido por corpos,onde a infindável escuridão coincidia em não só predominar o cômodo repleto de cacos de vidro,como também a consciência dos que faziam o chão gélido de repouso eterno.”

Itália - Meados de 1971

Frio,muito frio.

Ao aprofundar do intempérie à fora da gigantesca residência que sugava-me o sossego enquanto de mim era retirada a escolha de fugir,o sopro forte e constante do vendaval dançava contra as exíguas janelas do cômodo que dilacerava meus pulmões num único e forte golpe.
Dominador era o ritmo o qual os respingos d'água chocavam-se contra os vidros frágeis das molduras coladas em tijolos múltiplos,e,ao julgar das espessuras molhadas diante de meus glóbulos fartos de nada,o acalentar de sua velocidade inestimável se sobressaia ao ocultamento de meu sentido auditivo,todavia ao dito que não foi de relevância para que a contação do que meu eu sentira ao ver tudo em câmera lenta,meu corpo parecia ter sido posto num recipiente à prova de sons,onde nada podera penetrar meus canais auditivos,onde a extensão do que meus olhos viam,apesar de ser um completo e indecifrável vácuo diante a confusão indestrutível que se fazia meu raciocínio, trazia-me uma sensação jamais conhecida antes.

Como se mãos tampassem-me os ouvidos; a incapacidade de desatá-las de meu desespero parecia ser,a cada segundo passado,repressor até para mim, jovem atriz espelhada no irreal que a própria mente criara por diversão.
A exaustão tomava-me a capacidade de concentração,ouvia apenas como plano de fundo,deixava os trovões iluminarem meu cérebro por uma fração momentânea de tempo,aunque minha respiração se destacava sem esforço algum; ápice da balbúrdia que acontecera minutos atrás,mais especificamente quando meu cérebro se desligara tão repentinamente como um apagão em uma cidade grande,onde a falta de energia causara uma imediata necessidade de algo para suprir sua matriz.

Encontrava-me perturbada,fora da realidade sombria que se tornou meu presente e desperta em minhas recentes memórias apavorantes.
Em branco se encontrava cada parte sã do meu consciente,pois,mesmo no conforto de experiências vividas tão irreais quanto a do momento marcado de acordo com a tempestade à fora,estava destinada a pôr para fora o que me vi obrigada a reprimir por muito tempo,sem mais delongas,o pesadelo que esquentava meu juízo num faiscar de obstrução guardado pela língua molhada;tentando acalmar as rachaduras nos lábios pintados por lâminas num contraste de sangue seco,tal qual líquido carmesim renascia entre a carne exposta como uma fênix,entretanto,de imediata aceleração ao se estar bem abaixo d'água.

O sentimento de culpa fazia questão de alastrar-se por cada célula de meu corpo trêmulo,me arrancando todos os anos em que achei estar livre de quaisquer emoções desnecessárias.
Estava perdida,o vazio que antes fazia-se constantemente presente em minha mente cheia de remorsos, acabava de voltar mais assustador que nunca,pois era profundo demais para que eu ousasse tentar ir em busca de alguma luz que acendesse meu caminho de volta para lucidez.Meus olhos sabiam exatamente como transparecer àquilo,eles refletiam toda dor acumulada em meu peito durante meses,mostravam para mim mesma que,ao fim das contas,eu também era humana.
Apesar de desejar com todas as forças não ser.

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