O mundo é um lugar muito grande, cheio de coisas assustadoras e perigosas. Eu aprendi isso depois que me perdi das minhas irmãs, meu pai e minha mãe. Nesse dia eu descobri a tristeza, a raiva e o medo. Então, quando eu não tinha mais esperanças, acabei conhecendo Pip e a família dele. Eles são um bando muito divertido de pichus e pikachus, sempre rindo e brincando entre si, ou com os oddishes e polywags na beira do rio. Eles são muito divertidos, mas o Pip é diferente.
É o olhar dele. É distante, triste, às vezes eu vejo raiva, saudade e medo, mas ele sempre esconde tudo por trás de um sorriso. Ele se preocupa com todos, mas sinto que ele não quer que ninguém se preocupe com ele. Corta meu coração vê-lo ser assim. Pelo menos uma vez, eu só quero vê-lo sorrir de verdade. Por isso eu jurei para mim mesma que faria ele sorrir.
Eu tenho passado muito tempo com ele, mesmo depois que partimos para o norte. Às vezes eu brinco com ele, às vezes faço algo fofo e às vezes até faço algum tipo de provocação. Eu sei que é bobo, mas a cada momento eu tento conhece-lo um pouco mais. Mas eu confesso que me divirto fazendo isso e gosto de ver as reações dele: É quando posso ver outras faces daquele pichu tão interessante. Mesmo assim, tem sido bem difícil entender o que todos dizem, por isso Pip tem sido muito gentil em me ajudar com isso. Eu adoro que ele me chame de Eve...
Todos os outros também cuidam de mim. Bella e Pouli sempre me ajudam a limpar o pelo, o Scar sempre me deixa acompanhar os exercícios do Pip, o Capitão sempre me acompanha em alguns exercícios que comecei a fazer. Ah, a Pouli também me deu um presente! Um pedaço daquele cristal que ela pegou da toca do Eremita. É tão brilhante e rosinha, eu adorei! Ando com ele o tempo todo enfeitando minha orelha!
Depois de alguns dias tranquilos nós chegamos ao rio e nos aninhamos pra comer um pouco e passar a noite. Aguentamos até tarde, mas eu nunca resisto quando Bella começa a limpar suas pétalas, sempre caio no sono com a musiquinha que ela faz.
***
Eu sempre acordo quando escuto algo suspeito e naquela noite não seria diferente. Eu escutei passos cada vez mais perto de nós e, assustada, fiquei quietinha e fingi que estava dormindo. Em algum momento o som dos passos cessou junto do nosso bando. Eu escutei sua voz:
— Hyp... nos... Nooooss...
Ele dizia: "Pichu... Lamento, mas... Ordens são ordens... "
Eu fiquei nervosa sem saber o que fazer. Não queria que nada acontecesse conosco, mas se eu me mexesse um pouquinho ele perceberia. Eu corria perigo de todo jeito e não sabia o que fazer.
Enquanto isso, ele não esperou que nenhum de nós reagisse. Ele estendeu o punho e balançou um pequeno pêndulo. Seus olhos brilharam e, um a um, meus amigos foram cobertos por uma aura escura.
Suas faces pouco a pouco foram se contorcendo, como se pesadelos assombrassem seus sonhos. Meu terror cresceu ainda mais quando notei que Pip também estava com seu sono inquieto.
"Pip, acorde, por favor!", eu tentei chamar o mais baixo possível, mas não surtiu efeito e não parecia que ele acordaria tão facilmente.
A aura o ultrapassou e me alcançou, mas em vez de me cobrir como ocorreu com os outros, foi dissipada completamente e eu nada sofri. Mas eu pude escutar passos vindos em minha direção e ouvi sua voz bem perto de mim:
"Deveria ter funcionado", ele se abaixou, "Será que talvez..."
Ele estava machucando meus amigos e estava prestes a me machucar também. Por mais medo que eu tivesse, eu não podia mais ficar parada!
Eu tinha que fazer alguma coisa!
Por todos!
Assim que ele chegou perto o bastante eu me levantei rápido, bati minha cauda em seu rosto para confundi-lo e dei uma mordida em sua perna. Ele berrou, mas me chutou para longe. Caí rolando sem me machucar muito e me levantei, de pelo arrepiado, nervosa, mas furiosa.
"O que você está fazendo?!", rosnei
"Oh, isso?", ele mantinha a voz calma apesar de eu tê-lo surpreendido. Deu as costas ao bando e me encarou, "Estou apenas fazendo meu trabalho..."
"Aquele monstro mandou você fazer isso?!"
"Que diferença fará saber?", ele tinha um olhar frio, "Em breve todos já terão tido uma morte tranquila..."
As faces de agonia de Pip e dos outros não me deixavam acreditar no que ele dizia. Engoli seco tentando reunir coragem pra fazer mais um ataque, mas apesar da minha raiva eu não conseguia mover um pelo.
"Se não fizer nada e for embora, posso fingir que nunca nos vimos...", ele estendeu o pendulo na minha direção, "Caso contrário, terei de garantir que tenha o mesmo destino deles..."
"Jamais!", eu gritei
"Imaginei que diria isso..."
Ele balançou o pêndulo e realizou passes com a outra mão, sempre repetindo 'hyp-nos, hyp-nos'. O mundo começou a girar e fiquei sonolenta, mas escutei um ruído agudo e intermitente em minha orelha, que não me deixou adormecer. Tanto eu quanto ele nos surpreendemos com o brilho púrpura de algo preso em minha orelha...
Era o presente de Pouli! De alguma forma esse cristal me protegeu do ataque do Hypnos!
"Hm...", ele fechou os dois punhos, "Terei de fazer isso da forma mais difícil..."
De repente, saber que eu tinha uma chance me encheu de coragem e eu sabia o que fazer. Apertei os dentes e avancei com tudo na direção dele. Ele tentou me atingir com um pisão, mas eu me joguei para o lado, rolei e levantei, tentando voltar para junto dos outros. Ele não deixou.
"Lamento, Eevee...", ele conseguiu me alcançar, agarrou meu pelo e me ergueu, "Mas ordens são ordens..."
O mundo girou quando ele acertou uma cabeçada em minha testa e eu perdi os sentidos por alguns instantes. Só sei que caí mole no chão e rolei algumas vezes depois que ele me chutou pra longe. Eu tentei levantar, mas não consegui e ele voltou a me castigar com um novo pisão.
"Você podia ter deixado de lado! Mas preferiu fazer da maneira mais difícil!"
Ele era pesado e aquele chute doeu muito, por isso eu gemia de dor. Mas ele deve ter cansado de me bater e me carregou pelo colarinho outra vez, apenas pra falar em meu ouvido:
"Seu querido Pichu vai morrer para o meu Pesadelo e não há nada que possa fazer pra me impedir...", sussurrou.
Mesmo dolorida, eu consegui rir.
"Qual é a graça?", ele rosnou e espantou ao notar que algo faltava na minha orelha
Quando eu desviei daquele primeiro pisão e rolei para o lado, aproveitei o movimento pra arrancar a pedrinha com a pata e a segurei entre os dentes. Como ela me protegeu do poder daquele Hypnos, eu sabia que iria proteger o Pip também, por isso tentei correr até ele. Mas como o oponente me segurou, eu cuspi a pedra na direção do Pip.
Quando Hypnos olhou para trás, Pip estava livre daquele pesadelo, acordado, de pé e pronto para lutar. Em sua mão, o pequeno cristal que joguei a ele:
"Afaste-se dela!", disse pronto para disparar uma porção de raios, "A-GO-RA!"
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Pokemon Isekai - Vol. 3
FanfictionEra uma vez Jailson da Silva Bezerril, um fã de Pokemon que, por ironia do destino, acabou reencarnando na pele de um Pichu chamado Pip que, após uma série de desventuras, embarcou em uma jornada repleta de perigos com seus amigos Eve, Scar, Pouli...