Adeus...

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1 mês depois

Como vocês sabem, meu tio chegou há 1 mês, desde de então a minha vida que já não ia muito bem, foi de mal a pior, atualizando vocês. Minha mãe me mandou para casa da Rayssa, eu neguei. Disse que não a deixaria sozinha, minha mãe anda muito estranha, mas eu não sei o que anda acontecendo, Lorena dorme comigo todos os dias agora, meu tio está se achando o "homem da casa", meu pai tinha esse cargo, mas infelizmente não é mais assim, meu tio desistiu de arrumar uma casa, e agora mora com a gente.

Ele chega 23horas da noite e pra variar, bêbado! Ultimamente venho escutando barulhos estranhos, mas não tenho coragem de levantar pra ir vê, minha mãe diz pra mim não se preocupar, que deve ser alguma coruja ou algo do tipo, lá fora, e é o que eu faço, não me preocupo.

Hoje é sábado, 8horas da manhã, dia de levar a Lorena pro curso de inglês, minha mãe hoje não trabalha, e meu tio? A, não era ele que vinha aqui pra resolver negócios? Vive às custas da minha mãe.

Desligo o chuveiro e passo a mão em meus cabelos, para tirar o excesso de água, me enrolo na toalha macia, e saio do banheiro.

Lorena já está pronta, meu tio ainda dorme, e minha mãe está fazendo o café da manhã.

Vou rumo ao meu quarto e entro trancando a porta, vou em direção ao meu guarda-roupa abrindo o mesmo, pego uma calça jeans preta bem colocada e um cropped branco colado também, coloco meu tênis preto da Nike e pego o secador, paro na frente do espelho e começo a pentear os meus cabelos, logo em seguida passo o secador.

- Vamos Ana Luiza! Eu vou me atrasar - Lorena reclama batendo na porta

- Estou indo - Aviso passando um rímel, e logo em seguida um gross

Abro a porta e Lorena está lá, com os braços cruzados batendo os pés no chão, e seu rosto expressa impaciência

- Analu, você demora demais, meu primeiro dia do curso, já vou chegar atrasada! - Reclama

- Para de ser impaciente Lorena, vamos chegar no horário - Olho para o relógio em meu pulso - Ainda são 8:30 da manhã, seu curso começa às 9horas

- Você nunca para de falar,  se você não ficar quietinha pelo menos 20 minutos, eu vou chegar atrasada mesmo!

Reviro os olhos e vou pegando sua mochila, dou tchau para minha mãe e saio com Lorena...

{...}

Eu estou voltando pra casa a pé, não é nem muito longe e nem muito perto, estou precisando exercitar as pernas. Minha casa não seria o melhor lugar pra voltar, gostaria de fugir da realidade só por um momento, de esvaziar minha mente, parar de pensar no futuro por um só segundo, de fingir que a minha vida não está um caos, esquecer tudo isso, acordar desse pesadelo e ver que meu pai está bem, que meu tio ainda mora na sua própria casa, e que minha mãe está feliz de verdade.

Minha mãe ela comentou comigo em me mandar pra casa da minha tia, não entendo pra quê tudo isso, será que a vida nela não faz mais sentido? Será que ela quer deixar de viver por causa da morte do meu pai? será que ela está desistindo de mim e da Lorena? Esse assunto realmente me assusta, começo a achar que ela não vai mais lutar pela gente.

A vida dela era o meu pai, e eu realmente entendo que ela está muito mal, mas não é porque ele se foi que ela tem que parar de viver, não é julgando, ela tem duas filhas, ela precisa reagir, eu a amo demais, assim como amo minha irmã, e amava meu pai ainda mais. Ninguém é juiz da dor do outro, sei que ela viveu 27 anos da vida dela com ele, mas não é mas assim, temos que acordar pra realidade.. por mais difícil que seja.

Chego em casa e chamo por minha mãe, que quando me vê, me olha assustada.

- Mãe aconteceu alguma coisa? - Olho para ela espantada - parece que ela viu alguém morto em sua frente — Mãe o que aconteceu? - Falo desesperada, mas o silêncio reina da parte dela, ela puxa o meu braço e me leva pro quarto dela

Vejo duas mochilas grandes em cima da sua cama, a encaro e logo  seguindo a olho assustada, a mesma me encara de volta mas nada diz.

- Escuta minha filha, exatamente tudo que  eu fiz, por você e pela sua irmã, eu não posso deixar que vc passe por isso! - Pega em minha mão — Aqui está o tudo que você precisa - Aponta para uma das mochila — Eu preciso que você vá embora, preciso que você vá embora hoje, e eu tenho presa.

- Mãe o que aconteceu? Eu não vou embora, não tem pra onde eu ir mãe - Começo a andar pelo quarto desesperada

- Ana Luiza escuta! O seu tio ele é louco, ele vem fazendo coisas absurdas comigo desde que chegou, ele foi ao mercado dizendo que ele vai voltar, e fazer o mesmo com você, eu não quero que isso afete você! Por isso precisa ir.

- Não quer que isso me afete? Isso já me afetou, eu estou no meio dessa história tanto quanto você, estamos na mesma mãe, e não é agora que vou largar a senhora sozinha! - Afirmo

- Você vai pra casa da sua tia Lurdes, vai sair daqui agora, e vai direto pro curso da sua irmã buscar ela, Ana Luiza, você não vai voltar aqui. - Pega as mochilas colocando umas delas na minha costas, e outra no meu braço

A encaro e fico ali, não entendo qual o problema em ela ir com a gente, minha mãe é sangue do meu sangue, minha única família, eu não vou ser tão egoísta, de abandonar ela aqui, para que o pior não aconteça comigo, e deixar que o pior aconteça com ela.

- Eu não vou, só vou se você for comigo mãe! Não entende? Eu não vou te abandonar aqui sozinha.

- Se eu for junto ele vai nós caças até encontrar, não quero isso pra vocês, não quero que vocês vivam fugindo, Ana Luiza entenda uma coisa, eu já vivi minha vida, já tive minha adolescência, já conheci o meu amor verdadeiro, já tive filhos. - Passa a mão no meu rosto — Analu, eu já fui muito feliz, e seria egoísmo meu, não deixar que vocês vivam isso! - Eu a abraço eu não quero deixar a minha mãe, não quero deixar ela.

- Mãe.. ele nunca vai nos encontrar, não se ficarmos escondidas, vem comigo - Imploro já com lágrima nos olhos

- E até quando teremos que ficar escondidas? Analu você tem sua vida, precisa estudar, ir a praia, postar foto no Instagram, sair com os amigos, arranjar um namorado, casar, ter filhos! Aaa..ter filhos, me prometa que não vai deixar de viver tudo isso, prometa que vai cuidar muito bem da Lorena, e que vai dizer para os filhos dela, o quanto eu esperava ansiosamente para ver o futuro das minhas meninas, para ver meus netinhos - Me derramo em lágrimas, é tão difícil de acreditar, que vou ter que ir embora, deixar a minha mãe pra trás — Sobre tudo, ficarei aqui, e se algo acontecer comigo, e vai... fique sabendo que estarei olhando por vocês do céu. Nunca se esqueça que eu amo você, lembre sempre a Lorena que eu a amei profundamente, assim como amo você!

Estou me sentindo destruída, ter que ir embora sem a minha mãe, e deixar ela com um monstro, que é o meu tio, espero que um dia ela volte para me abraçar, ela já foi forte em tantos outros momentos, ela vai lutar por mim e pela Lorena, sei que vai.

A esperança é a última que morre...

𝐼𝑑𝑎𝑠 𝑒 𝑣𝑖𝑛𝑑𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora