Quando tudo começou...

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   Acabei de chegar em casa, meu pai morreu faz um mês hoje, e o casa está com o mesmo clima pesado. Sinto falta do seu cheiro, dos seus conselhos e até mesmo do seu sorriso. Minha mãe está com o semblante péssimo desde que ele se foi, realmente é muito recente.

Estou tentando voltar aos trilhos, tem sido bem difícil sem ele, eu era bastante apegada, mas me diz, que menina que não é apegada com o pai? Meu pai não ia muito bem a semanas, pressão sempre baixa, sem ânimo algum, dores de cabeça, e sempre muito esgotado, bom, sinto falta dele, entretanto sei que ele está em um lugar melhor, onde não há dor, e isso me conforta.

- Ana Luiza!! - Escuto minha mãe chamar — Vem jantar.

Me levanto da cama deixando o livro aperto em cima da mesma, e vou rumo a cozinha. Fico surpresa ao ver Antônio meu tio sentado à mesa.

- Oi Tio - Me sento na mesa em sua frente — Veio de São Paulo pra cá porque? - Questiono

- Negócios a resolver. - Diz grosso

- Talvez você poderia ter vindo um mês antes, no enterro do seu irmão lembra? - Expresso raiva em minha frase

- Eu deixei claro a sua mãe que não conseguiria vir antes. - Afirma — Vim pra ficar, não vou embora tão cedo - Me surpreende

O que ele veio fazer aqui? Abandonou sua vida toda em São Paulo? Alguma coisa tem, porque só depois da morte do meu pai, porque não antes?

Escolho não questionar, ele tem seus motivos.

Levanto e pego um prato em cima da mesa, vou em direção ao fogão e começo a colocar minha comida, volto para a mesa e sento, começando a comer.

- Pelo menos já arrumou um lugar pra ficar? - Pergunto

- Vou ficar aqui por um tempo - Revela deixando até minha mãe surpresa

- Sabe que não tem quarto de hóspedes né Antônio? - Minha mãe diz com o semblante sério

- Vou dormi na sala por enquanto, depois resolvo um quarto - Esclarece e eu encaro minha mãe que nada diz.

Termino de comer e me levanto pedindo licença, vou para o banheiro e escovo meu dentes, já aproveito e coloco meu pijama, saio do banheiro e vou para o meu quarto encostando a porta, me sento na cama e pego meu celular olhando minhas redes sociais.

Escuto três batidas na porta...

- Entra - Mando

- Filha, boa noite, tranca essa porta porque você sabe que não confio no seu tio - Avisa e eu assinto

- Boa noite mãe - Digo e ela manda um beijo

Me levanto tranco a porta, apago a luz e me deito, logo sinto um peso sobre meu olhos e acabo adormecendo...

{...}

Vim a biblioteca com a Rayssa, ela precisava vir devolver o livro que tinha pegado. Rayssa é uma amiga de infância, sempre me dando todo o apoio do mundo desde que meu pai morreu, ela mora com a tia, seus pais morreram quando ela era muito nova, a tia já está entre seus 46 anos, mas o estado de saúde é horrível, mesmo com ela tendo seus problemas ela nunca se importou de ouvir os meus, muito menos de me ajudar com todos eles.

- Analu, hoje vai ter uma festa na casa da Karla - Anuncia — Ela pediu pra mim te convidar.

- Acho que não vou Rayssa, meu tio Antônio está em casa, e você sabe que não confio nele sozinho com a minha mãe. - Explico

- Poxa porque você não me falou que ele tava aqui - Me questionou — Sabe que se quiser eu durmo na sua casa sem problema algum

- Acho que se ele for fazer alguma, ele não vai se importa com a minha presença lá, muito menos a sua. - Coloco meu cabelo atrás da orelha — Mas o problema real é a Lorena, se ele fizer algo, ela vai presenciar tudo, por isso é bom eu estar lá.

- Ok, vamos passar lá em casa, vou fazer a minha bolsa - Afirmou

- Você não precisa ir se não quiser, sei que você também tem sua obrigações - Pego minha mochila do chão e seguimos pra fora da biblioteca

- Eu posso ficar três dias, minha tia vai ficar bem, eu sei que vai - Fala e andamos em direção a sua casa

A casa da mesma não ficava tão longe, fica uns três quarteirões da biblioteca, então chegamos rápido.

- Oi Tia Maria - Beijo sua bochecha - Como você está? Tá precisando de alguma coisa?

- Tá achando que eu sou o que Ana Luiza, eu cuido da minha tia tá fofa - Diz em um tão irônico

- Oi fia, estou bem, só com um pouco de dor, mas é sua mãe como está? - Pergunta

- Está bem, se precisar de alguma coisa tia e só me ligar tá bom. Rayssa pode dormir lá em casa?

- Claro que pode, tomem cuidado em! - Avisa e saímos

- Tchau tia - Digo e Rayssa vai e da um beijo na bochecha da mesma

Saímos e fomos no mercadinho, como de costume Rayssa está com fome, essa esfomeada come o dia inteiro, não sei como consegue manter esse corpinho.

- Eu quero salgadinho e biscoito, e talvez um chocolate. - Diz

- Pode pegar o mercado inteiro, você que vai pagar! - Aviso

- aaaa Analu! Você nunca me dá nada - Expressou decepção em sua frase

- UM salgadinho - Afirmo

- Ih um chocolate? - Lança seu olhar sobre mim como se implorasse

- Ok, só uma barra.

{...}

Estou em casa junto de Rayssa e minha mãe está no trabalho, ela disse que logo Antônio estará em casa, eu tenho um pouco de medo dele, nunca fui com a cara, meu pai sempre avisou que ele não é homem pra brincadeira, sempre muito grosso e agressivo, explosivo e dono da razão. Eu quero que ele vai embora o quanto antes, sua presença aqui em casa não me deixa confortável.

Lorena está na escola, e eu já avisei minha mãe que Rayssa vai dormir aqui em casa, daqui em diante essa vai ser a minha rotina, ficar o dia inteiro com o meu tio sozinha, até dar a hora de ir buscar a Lorena na escola, ela é do tempo integral, minha mãe chega 7horas do trabalho, sinceramente não sei se estou pronta pra criar um relacionamento bom com o meu tio, afinal ele vai estar na mesma casa que eu, temos que trocar alguma palavra, mas quanto mais distante melhor!

𝐼𝑑𝑎𝑠 𝑒 𝑣𝑖𝑛𝑑𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora