Destino → Rocinha

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-Minha filha vá, logo ele estará aí - Avisa e eu vou a abraçar

- Mãe você não sabe como eu te amo, eu te admiro demais, e você sempre vai estar no meu coração, obrigada por estar fazendo isso por mim, e pela Lorena! Eu sou grata por tudo, que um dia você já fez por mim. - Seguro em uma da suas mãos, enquanto com a outra ela limpa minhas lágrimas — Pode deixar, vou sempre lembrar os meus filhos que você sempre sonhou com eles, mesmo eu ainda eu sendo tão nova! Vou sempre lembrar Lorena da mulher maravilhosa que você foi! - Minha mãe chora junto de mim.

- Me prometa que vai ser feliz. Faça a sua história Ana Luiza, não deixe que nada te atrapalhe de ser feliz, se valorize minha filha, e nunca, na sua vida, abaixe a cabeça pra um homem!

Assim que ela para de falar, escutamos o barulho do portão sendo aberto, a olho espantada, e ela faz sinal com a mão para que eu vá para o meu quarto, e me esconda.

Quando estou quase saindo do quarto, a mesma segura minha mão, logo olho para trás, e vejo que ela tira seu colar, e em seguida me entrega, dou um sorriso de lado, e sussurro dizendo que a amo.

Vou para o meu quarto, trazendo comigo as mochilas, e o colar, que agora coloco em meu pescoço.

Fecho a porta do meu quarto, e espero o barulho de passos no quintal acabar, para que eu possa abrir a janela.

Abro a janela e começo a escutar a gritaria.

- Cadê ela? - Antônio esbraveja

- Eu avisei que você não tocaria um dedo na minha filha! - Minha mãe diz retribuindo a ignorância

Meu coração começa a disparar, e eu pulo a janela de uma vez por todas, mas ainda continuo ali, escutando a gritaria.

- Eu vou achar ela, guarda as minhas palavras, e quando eu achar, eu vou fazer bem pior do que eu fiz com você! - Avisa

- Você nunca vai encontrar ela.

- Você não vai estar aqui pra ter certeza disso. - Sua voz engrossa, e a última coisa que eu escuto é um disparo.

Nesse momento eu saio correndo, minhas pernas estão quase cedendo e estou ficando sem ar, começo a gritar desesperadamente, mas nunca deixo de correr, meus gritos foram tão alto, que Antônio escutou, era impossível não escutar.

Sinto milhões de lágrimas escorrendo pela minha bochecha, olho para trás e ele está ali, parado, me encarando com um sorriso aterrorizante em seu rosto.

Saio daquela casa, e continuo correndo, vou rumo a casa da Rayssa, e ao decorrer do caminho eu tento me acalmar.

Naquele momento eu soube que era o fim, que ela tinha partido, para me proteger, e proteger Lorena, sempre vou carregar essa culpa comigo...

Entro com tudo na casa da Rayssa e a mesma me olha espantada.

- Meu Deus, o que aconteceu Analu - Pergunta assustada

- Ele-Ele ma-ma-matou - Tento falar, mas a falta de ar me consome, as lágrimas se misturam com desespero e angústia.

- Senta aqui - Me leva até a cadeira e logo em seguida me traz um copo de água — Se acalma!

- Por favor, por favor, eu preciso ir embora! Preciso buscar Lorena. Só vim avisar que estou indo embora - Digo ofegante ainda chorando

- O que aconteceu Analu?! - Segura minha mão

- Ele matou ela, ELE MATOU ELA! - Grito entrando em negação

- Quem matou quem? - Vejo que ela começa se desesperar junto de mim

- Antônio matou Agatha? - Tia Maria pergunta

- Si-sim - Soluço chorando ainda mais

-Ele matou sua mãe? - Em seu tom de voz a desespero

- Eu não posso ficar aqui, tenho que ir, mas eu nunca vou deixar de amar vocês - Abraço as duas e vou em direção a porta

- Mas Analu pra onde você vai? - Rayssa questiona

- Vou para a casa da minha tia - Sai da casa e vou diretamente pro curso da Lorena

Sei que agora tenho que ser forte por Lorena, tudo mudou agora de fez, vou ter que criar uma nova rotina, e me adaptar com ela, vou ter que me mudar pra um lugar, onde só anda Bandido, oque não é nada bom pra Lorena, não quero que ela cresça vendo tudo isso, vivenciando tiroteios, bailes, violência, drogas e uma diversidade de outras coisas.

Minha mãe não merecia morrer assim, ela merecia muito mais, se o meu pai ainda estivesse vivo... tudo seria bem diferente.

Chego no curso e passo no banheiro antes para lavar o rosto, que agora se encontra todo preto de rímel, bochechas vermelhas e olhos inchados.

Vou caminhando até a sala dela e bato na porta antes de entrar.

- Boa tarde professora, vim buscar a Lorena, aconteceu um imprevisto e vim buscar ela mais cedo. - Aviso

- Bom já que é assim, Lorena pegue com algumas de suas colegas as matérias para fazer, e me traz na semana que vem - Professora diz e Lorena assente

- Uma boa aula galera! - Falo e saio junto de Lorena

- O que aconteceu? - Questiona assim que saímos do curso

- Vamos para a Rocinha, pra casa da tia Lurdes - Fico em silêncio dali em diante

não vou falar o que aconteceu, sei que ela tem todo o direito do mundo de saber, porque antes dela ser minha mãe, ela é de Lorena também, mas ela tem apenas 7 anos, se já estava sendo tão difícil pra mim, imagina para uma criança, não quero que ela sofra tanto, com tão pouca idade.

- Cadê mãe? - Pergunta mas o silêncio reina da minha parte — Cadê a mãe Analu? - Mais uma vez me questiona, as vezes o silêncio é a melhor escolha, tanto da parte dela, quanto da minha.

- Existe coisas que não precisam ser ditas - Resmungo e ela fica em silêncio

{...}

Acabei de chegar no Complexo da Rocinha, tem uns caras na entrada do morro, eles me encaram e fecham a cara, assim que veem que eu vou em direção a entrada

- Fala ae novinha, tu é de onde? - Um cara pergunta lançando um olhar ameaçador

- Sou da Barra - Digo

- Se adianta, veio fazer o que na favela- Tragou seu baseado

- Minha tia Lurdes ela mora aqui, vim morar com ela. - Seguro Lorena firme a mim

- Esses papos não chegou em mim não novinha

- Ela tem um restaurante aqui, você deve conhecer ela

- Conheço, conheço tua tia, to dizendo que a parada não chegou em mim, se não chegou, tu não entra. - jogou seu baseado no chão e se virou saindo

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Espero que vocês estejam gostando😊
Uma ótima tarde!!

𝐼𝑑𝑎𝑠 𝑒 𝑣𝑖𝑛𝑑𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora