Como uma Supernova

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Ele inspirara profundamente enquanto fitava a criança defronte a si cujos orbes se fixavam no horizonte para lá das janelas de vidro por onde trespassava tênues raios solares.

Flores de Cerejeiras, intenso. Sim, a probabilidade do corpinho miúdo a sua frente ser um ômega era quase certeira.

Era uma criança bonita, não muito mais velho que Hoseok-Ah. Jimin ateve-se aos detalhes, empenhando-se em sua busca de pormenores de que lhe indicassem o motivo do menino Taehyung estar se consultando consigo.

Mesmo que fosse um dos profissionais mais aclamados e bem-sucedidos de sua área, ou seja, a psicologia infantil, Jimin era adepto as práticas do individualismo entre seus pacientes, tentando manter uma conversa descontraída antes que tivesse que envolver familiares em todo o processo.

Afinal, pessoas eram mais do que apenas uma pasta amarelada que continha seus respectivos diagnósticos e o que quer que a sociedade as ditava através de rótulos.

O menino parecia querer fundir-se a cadeira, como se ansiasse por desvanecer em meio as vestimentas agasalhadoras que cobriam inteiramente seu torso, escuras, desprovida das cores vivazes que transbordavam de Hoseok.

Seus fones de ouvido vermelhos, de valor inestimado, eram salientes demais para sua cabeça pequena, que contrastava com suas madeixas castanhas e macias e pareciam isolar a acústica do mundo mesmo que não estivesse tocando absolutamente nada.

Em suas um tanto quanto grandes e desengonçadas mãos, ele continha uma espécie de matéria moldável que era manuseada de modo metódico, ininterrupto.

- Então, Taehyung, vejo que aprecia música. – Comentou, de modo que o clima se tornasse despojado o mais rápido possível.

O jovem desviou os orbes castanhos da janela e voltou-os para o Park a sua frente; não especificamente em seus olhos, mas, de um modo analítico, sobre seu rosto.

- Sim. – Após uma longa pausa, de muita ponderação, ouviu-lhe murmurar.

- O que está a escutar? – questionou, realmente interessado.

Taehyung franziu o cenho e tombou levemente a cabeça enquanto fitava a mesa de madeira escura.

- Música clássica. – atestou e Jimin passou a escutar o leve batuque de sua perna no chão, metodicamente. – Bach, principalmente.

- Percebo que gosta bastante. – Alegou, de modo retórico. O outro assentiu. – Porque você não os tira, apenas por um instante? Meramente para conversarmos um pouquinho, um diálogo informal.

Taehyung deliberara internamente por um longo tempo e, por fim, retirou-os, permanecendo, ainda assim, em silêncio.

Jimin abriu um sorriso imenso.

- Sim, sim, Taehyung. – Por um instante, ficara receoso. E se assustasse aquela criança com seu entusiasmo exacerbado? Mas Taehyung, se ficara desconfortável, não demonstrou ao menor dos detalhes.

Por algum período, permaneceram em silêncio, que era somente perturbado pelos batuques do pé do garoto, continuamente.

- É bonito. – Subitamente, a voz cálida do menor se fez presente, tão tácita que, se Jimin não se encontrasse próximo, iria sequer percebe-lo.

Park ficara levemente confuso.

- Ao que você se refere? – ditou calmo, com uma sutileza característica do seu ser.

- Seu escritório. Muito colorido, mas legal. – Replicou a criança, ainda sem fita-lo diretamente.

Devido a sua principal área de atuação centrar-se no meio infantil, era naturalmente compreensível que Jimin tentasse ao máximo recriar um ambiente favorável para suas seções. Não que fosse algo muito exagerado, claro, não era sua intenção a frivolidade.

Olhai as cerejeiras do campoOnde histórias criam vida. Descubra agora