Aonde quer que eu vá

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Olhos fechados
Pra te encontrar
Não estou ao seu lado
Mas posso sonhar

Aquilo tinha sido uma péssima ideia. Ela deveria ter percebido assim que fizera o convite infeliz. Estava com tanta raiva de Ronald Weasley que escolheu a dedo a pior pessoa. Poderia ter convidado alguém com que pudesse pelo menos conversar. Mas lá estava ela escondida atrás de uma cortina desejando por ele.

Ela tinha dado os sinais, eram sinais sutis, mas se ele tivesse um pouquinho de sensibilidade teria percebido. Qualquer um que estivesse em volta perceberia. Mas além de não perceber ele ainda decidiu ficar se agarrando pelos corredores com aquela garota que era o completo oposto de Hermione Granger.

Isso fazia com que tudo se resumisse em seus olhos fechados, imaginando como seria se ela estivesse lá, se fosse ela a garota sendo agarrada pelos corredores. Sonhando com o momento em que ela se tornaria essa pessoa.

— Nunca! - Falou mais alto do que planejava. - Hermione, você nunca será a garota se agarrando no corredor. Urgh! Você nem quer ser essa garota!

Encontrou o olhar confuso de algumas pessoas. Decidiu que já tinha falado com convidados suficientes. Poderia sair de fininho. Levaria os sonhos para o quarto que era onde deveriam ficar.

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Aonde quer que eu vá
Levo você no olhar
Aonde quer que eu vá
Aonde quer que eu vá

Ninguém gostava muito da ala hospitalar do castelo e o pior era que por mais que tentasse era ali que sempre acabavam. Não teve um ano que passaram em Hogwarts até aquele momento que não tivessem chegado até a enfermaria por batalhas contra o mal, petrificação ou mais recentemente envenenamento. É claro que, por mais que estivesse chateada e irritada com o amigo, ela permaneceria ali. Hermione não poderia disfarçar sua preocupação. Era muito mais forte do que ela e do que toda a compostura que ela insistia em manter.

Deixando de lado a namorada insípida que vivia rondando a cama de Ronald, ela permaneceu lá. Tinha direitos de melhor amiga. Tinha deveres de melhor amiga. Ficou surpresa ao escutar o balbuciar do ruivo, seu nome saindo algumas vezes, mesmo que sem convicção.

Então, ali deitado e sem muitas forças, tudo que Ronald Weasley conseguia escutar era o som da voz dela. Não decifrava o que diziam, mas Hermione parecia estar tão perto. Mesmo sem saber onde mesmo ele estava, sabia que ela permaneceria ali, ao seu lado.

Não queria abrir os olhos, nem precisava. Conseguia desenhar a imagem da melhor amiga em perfeita nitidez. Não importava o quanto tentasse não fazê-lo. Sempre que fechava os olhos a via, a criava em seu pequeno mundo dos sonhos.

Não importava se na ala hospitalar, no jogo de quadribol, durante as férias. Sabia que ele seria capaz de vê-la em seus pensamentos. Não importava aonde ia. Escutou também a voz de Lilá, quis voltar a dormir. Estava exausto do relacionamento, tinha aceitado o namoro apenas por estar com raiva de todos. De Harry por namorar Gina, de Gina por falar aquelas coisas no corredor. De Hermione por ter feito aquilo com um idiota. Agora, nem parecia se importar, só queria terminar o namoro e nunca mais precisar escutar o apelido humilhante.

Permaneceu de olhos fechados, imaginando Hermione. Voltou a dizer seu nome, na esperança de tê-la ali ao acordar.

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Não sei bem certo
Se é só ilusão
Se é você já perto
Se é a intuição

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